Olha eu, novamente, cheia de saudades, às vezes, desistindo e resistindo, mas existo: eis a essência do meu ser que me impossibilita qualquer encontro consumista...
Aqui, na solidão e no silêncio da tua ausência; envolta dessa imensidão verde: fiquei pensando em ti (mais uma vez delirando com o cheiro forte das tuas palavras), e com o desejo que consome meu corpo, lembrei que as tramas do Tempo que nos aproximaram, se entrelaçaram, se fragmentaram e, secularmente, foram ignoradas; abarcaram todas as possibilidades dos encontros que constroem a vida.... Nós existimos na maioria desses tempos. Tempo que, em alguns momentos, existiram o Outro, tu e eu; eu em ti, e todos os outros em nós dois...
Assim, foi quando eu compreendi que a linguagem é uma pele, então esfreguei minha língua em ti e senti que a única palavra que exige a verdade é esta: a linguagem do teu corpo... Por isso, eu sinto: existo para me consumir em desejos e, na solidão de um mundo sem fim, embeber-me com o cheiro forte da saudade... Sofro com a dor da tua ausência e sentindo medo do teu corpo próximo ao meu: dissolvo-me de tanto prazer, por quê?:
Disseram-me, um dia...
Que o orgasmo é:
Um instante sem dor
De loucuras e desejos
Em sedentos movimentos
Mãos que seguram
E tudo escapam
Corpos que são...
A turbulência de dois rios
Quando se encontram
Introduzi meu desejo
Em teu corpo
Derramei minha carência
Por sobre ti
Escorri por entre
Tuas pernas
Essa foi minha única saída
Sob o teu líquido
Que me banhou
Curei-me no teu hálito
Que habitou
A pátria do meu desejo
E, embriaguei-me
Com teu cheiro forte de prazer
Nós saímos da Real...