domingo, 28 de março de 2010

No Stimbum, stimbum, stimbum de nosso Coração...

 Bendito som que agita o peito sem parar.
Som que vem de dentro das entranhas do Ser.
Jardim secreto ainda tão desconhecido.
Onde muitas sementes já nasceram.
Mas a Rosa Sagrada ainda aguarda
o momento certo pra germinar.

Stimbum, stimbum, stimbum...
Tambor xamânico universal.
Templo da sublime intuição.
Ciência de onde a vida brota renovada,
num gesto de Amor além das palavras.

Stimbum, stimbum, stimbum...

Canal que permite nossa comunhão,
com o nosso Divino Criador.
Poesia que arrebata nosso caminhar.
Nos envolve e faz acreditar
que neste mundo de desafios,
não somos qualquer coisa.
Cada um tem o seu lugar.

Stimbum, stimbum, stimbum...

Bate fiel coração abnegado.
Com seu batido cadencioso,
Nos dá equilíbrio e força para viver.
Enquanto pulsas revitaliza nossa casa
e faz a Alma suave como o orvalho da manhã.



(jbconrado*)

FONTE: Overmundo

Quem Me Roubou de Mim?... Seqüestro do Corpo: a trama do esquecimento dos significados...

"Esta obra aborda algumas questões sobre as dificuldades das relações humanas. É um livro bastante profundo, que apresenta uma linguagem poética e leve para falar de coisas tão importantes em nossa vida. por meio de reflexões filosóficas, textos poéticos e histórias reais, o autor toca nosso entendimento e nossas emoções, convidando-nos a um mergulho em nossa subjetividade, afim de nos fazer conhecer a nós mesmos e a descobrir como viver e conviver melhor não só com as pessoas que nos cercam, mas com todos que passam pelo nosso caminho"....

O seqüestro do corpo é uma das mais cruéis modalidades contemporâneas da violência. Ritual de profundo desrespeito à condição humana, esta forma de seqüestro consiste em retirar uma pessoa do local de sua identificação, de seus significados, subordinando-a a um tratamento que tem por finalidade estabelecer uma fragilização, que resultará num estado de total dependência e rendição, em que o seqüestrador torna-se um legítimo proprietário da existência do seqüestrado.

O seqüestro do corpo é uma privação total e absoluta daquilo que chamamos de "horizonte de sentido". O nosso mundo, este particular, mas integrado ao grande mundo, está solidificado a partir de significados e significantes que constituem o nosso horizonte de sentido.

Sentido é tudo aquilo que atribui coerência, liga, orienta e estrutura. É a partir deste horizonte de sentido que pensamos, agimos, amamos, desejamos, vivemos. Somos e estamos estruturados a partir de realidades que significam, isto é, realidades que nos revelam e que condensam um poder de nos fazer avançar os territórios da existência, de irmos além.

Estes significados assumem os mais diversos formatos em nossa condição humana. Eles evoluem para a condição de valores e assim se tornam fundamentais para a qualidade de nossa atuação no mundo. Os significados qualificam nossa existência.

Essa gama de significados, de valores, ocupa espaços muito diferentes na vida das pessoas, de maneira que aquilo para uma pessoa é fundamental em termos de significado, para outra pode ser mero detalhe.

Na vida, estamos constantemente descobrindo o que nos faz buscar nossa inteireza. A metáfora é interessante e pode nos ajudar a compreender melhor: o mosaico é feito de partes; essas partes se conjugam e compõem uma única peça. São inúmeros e pequenos significados que constroem a trama do mosaico. A pequena peça é fundamental para a construção do todo, e por isso não pode ser negada, separada. Assim somos nós.

Se pensarmos no espaço humano em que vivemos como peças de um mosaico, nós entraremos no cerne dos significados que nos constituem; nós estaremos no coração de nosso horizonte de sentido.

Quando nos referimos aos significados, nós estamos tratando de realidades materiais e imateriais. Estamos falando do quarto onde dormimos, com nossos travesseiros e lençóis, mas também das pessoas que nos rodeiam e dos amores que nos despertam. O quarto nos identifica, mas os amores também. O horizonte de sentido é uma conjugação de inúmeros fatores. A cidade onde moramos, a história já vivida; a casa que nos abriga; os lugares que freqüentamos; os amigos que temos; as crenças que professamos; as relações cotidianas, enfim, tudo isso compõe o nosso mundo particular.

É a partir deste mundo que enxergamos o outro mundo, que não é somente nosso, mas também nosso, assim como o mirante proporciona ao observador a visão que só é possível a partir de sua posição geográfica.

Quando uma pessoa é seqüestrada, o primeiro rompimento se dá com a materialidade de seus significados. Não dormirá em sua casa, estará privada de seus sabores favoritos, de seus ambientes, coisas particulares, de seu travesseiro, de seus livros, de seus perfumes, de suas paredes. Será violentamente exposta a uma outra realidade que não a sua. O corpo sofrerá a violência de não poder ir e vir. Terá que obedecer às ordens do recém-chegado, daquele que até então não pertencia ao seu mundo. Uma pessoa estranha, que definitivamente não faz parte de seus significados, mas que agora lhe acorrenta o corpo e o faz experimentar uma privação para a qual não estava preparado.

O seqüestrador, inicia no seqüestrado um processo de privações extremamente doloroso. Ao ser afastado dos locais de sua identificação, e passando a viver num ambiente estranho, inóspito e distante de tudo que o realiza, o seqüestrado mergulha num profundo estado de solidão. Não se trata de uma solidão comum, dessas que experimentamos ocasionalmente, e que faz parte do cotidiano de todo mundo. Trata-se de uma solidão muito mais profunda, caracterizada como "ausência de si mesmo".

Ao ser afastado de seu mundo particular, e de tudo o que ele representa, o seqüestrado sente-se privado de ser ele mesmo. É como se ele tivesse sido levado para longe de tudo o que para ele faz sentido. O seu mundo não é o que agora lhe é oferecido. O cativeiro é a negação do seu direito de ser e estar. Esse profundo estado de ausência pode agravar-se com o tempo, e evoluir para o que chamamos de "esquecimento do ser".

O esquecimento do ser, realidade muito comum nos casos de seqüestro do corpo, é uma forma de aniquilamento de nossa condição primeira, nosso estatuto original, e que chamamos de identidade.

A identidade nos diz sobre nós mesmos. Diz a nós e aos outros. Há dois aspectos interessantes na identificação: uma afirmação e uma negação. Identificar-se é um jeito que a pessoa tem de afirmar o que é, mas é também um jeito de afirmar o que não é. Ao identificar-se a pessoa estabelece uma autenticação, mas também uma separação.

Ao dizer "eu sou isso", naturalmente estou dizendo também "que não sou aquilo que negaria o que sou". Parece jogo de palavras, mas não é. Ao identificar que sou Fábio, naturalmente estou dizendo que não sou Fernando. A identificação é também diferenciação, porque em toda afirmação há sempre uma infinidade de negações latentes.

Essa identidade necessita ser cultivada. Vivemos constantemente esse processo. O tempo todo reivindicamos o que somos, e também renunciamos o que não somos. Identidade estabelece limites, assim como os conceitos limitam a realidade. Limite que não pode ser considerado como negativo.

Limitar é delimitar o local do encontro. É um jeito que temos de não nos perdermos neste mundo de tantas coisas. O limite favorece a compreensão da realidade existente. Um espaço delimitado é um espaço encontrado, identificado. Ao identificar o que sou, assumo a legitimidade de minha natureza. Digo o que posso e também o que não posso. Por isso o limite é positivo. Ele me proporciona um agir coerente, porque me posiciona a partir do que sou e não do que eu gostaria que fosse.

No mundo dos objetos, isso é constante. Identificamos o tempo todo. Uma mesa é uma mesa e não pode ser uma porta. Pronto, o conceito identificou, diferenciou, limitou de forma positiva. Ninguém poderá condenar a mesa por não ser porta. Ela já está no limite do seu conceito. No mundo das pessoas, é a mesma coisa. Nossa identidade nos limita, não para nos empobrecer, mas, ao contrário, para nos favorecer o crescimento. Quem sabe bem o que é e o que não é terá mais facilidade de explorar suas possibilidades, uma vez que os limites já estão apreendidos também. Apreender e conhecer os limites que se tem é um jeito interessante de potencializar as qualidades que nos são próprias.

Portanto, ao negar a identidade de uma pessoa, todas as suas potencialidades ficam fragilizadas. É por essa razão que o seqüestro do corpo é uma agressão contra a identidade da pessoa, porque a confunde profundamente a respeito daquilo que ela pode e daquilo que ela não pode. É uma forma de provocar um esquecimento do que se é.

Ao ser retirada de seu horizonte de sentido, a pessoa tem negados todos os seus elementos de identificação no mundo e com o mundo. Dessa negação nasce a ausência de si mesmo: uma forma de este estar sem estar, de viver sem viver. Trata-se de uma forma terrível de desolação, desespero e angústia. O corpo, privado de tudo o que lhe faz feliz, vive o limite de não ter o que buscar para nutrir-se de alegrias e descanso. Ele perde a capacidade de identificação, uma vez que está privado de seu espaço.

Fora de seu horizonte de sentido, o corpo adoece, perde a vitalidade; sofre na carne a saudade de tudo o que o completa e o faz ser o que é. Privado de sua liberdade, o corpo sofrerá os limites que desencadearão a condição de vítima.

"Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O ‘não ser está no avesso do ser’, assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas complementando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos."

Autor: Fábio de Melo
FONTE: Revista Veja

sexta-feira, 26 de março de 2010

NÃO ENTRE TÃO DEPRESSA NESSA NOITE ESCURA...


Não entre tão depressa nessa noite escura;
A velhice queima e estressa ao fim do dia:
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

Entanto sábios ao final sancionem a tarde madura
Porque suas palavras não lavraram luz, eles
Não entram tão depressa nessa noite escura.

Boa gente, ao último aceno, clama o quanto dura
A chama de seus feitos vãos valsando na angra verde,
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

Rufiões que colhem e cantam o sol que perfura,
E aprendem, demais tarde, que o molestam em sua senda,
Não entram tão depressa nessa noite escura.

Homens graves, à morte, que vêem às escuras
Olhos cegos a chamejar meteoros e ser felizes,
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

E tu, meu pai, lá nas tristes alturas,
Maldiz-me, bendiz-me com teu duro pranto, peço.
Não entre tão depressa nessa noite escura.
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.


Tradução: Ruy Vasconcelos

* Dylan Thomas (1914-1953), poeta inglês, nasceu no País de Gales. Aos 16 anos, abandonou os estudos. Quatro anos depois, publicou o seu primeiro livro de poesia, Eighteen Poems (1934), de feição romântica, que foi um sucesso de crítica. Aos 35 anos, visitou os Estados Unidos, onde foi idolatrado pelos autores da beat generation. Quatro anos depois, morreu em Nova York, devido ao alcoolismo. No Brasil, foi publicado o livro Poemas reunidos de Dylan Thomas, com traduções de Ivan Junqueira.

(FONTE: ZUNÁI - Revista de poesia & debates)

quinta-feira, 18 de março de 2010

A livre forma de Fluir: Liberdade!...

Tenho necessidade de expor meu livre modo de Fluir sem a explicação do meu  Existir, de forma que a matéria que me compõe não tenha mais a noção da diferença entre o meu Corpo e meu Ser e que tudo em mim seja apenas um Instante do meu Viver... Pois só assim a vertigem da expressão da minha Alma ilumina as minhas angústias... Procuro por entre páginas o inesperado do Teu Olhar que me acompanham entre as trilhas das notas musicais da nossa dança... Fecha Teus Olhos e me ilumina, revelando-me a permanência da Tua Luz a brilhar nos gritos das trevas: eu clamo o Silêncio!... Nas lágrimas que transbordam:  sinto as  tuas mãos a percorrer o Caminho do meu corpo.

Uma intensa chama surge nos meus olhos durante a tua ausência, configurando a paisagem que intensifica uma imagem da vida com o plexo a ligar nossas emoções num suspiro sem fim: sinto-me como uma leve folha solta ao vento!... E num breve-leve silêncio as flores se abrem em canções dos corações ávidos de paixões: é a tua presença!...

Foi assim que surgiu em mim uma nova condição do meu viver... uma fiandeira da feminilidade vem chegando: surge sorrateiramente tecendo os fios de um novo paradigma do amor, bem como uma nova ética que configura uma filosofia da Esperança à Dois... É uma nova mulher que abraça a Diversidade do Verde, como se fosse a híbris do devir, alimentada por forças primitivas, pois é ali, na alquimia da labuta cotidiana que reencontrei a mulher de milhões de anos expulsa do Paraíso e do meu Interior...

As minhas errâncias e vitórias:  reconstrói-me sempre numa nova história a contribuir com a complexidade dos princípios que regem a relação viver  subtamente, e reaviva o silêncio da condição feminina... Sim, apenas uma mulher  que traz no seu rastro a imensidão da força arquetípica da fêmea que permite um mergulhar e um renascer na imensidão do possível!...

Eu Mulher e Terra Mãe: útero primeiro num só Tempo Planetário; ser selvagem; criação e fuga... Fêmea rebelde de pura Arte e magia no teu Olhar... Sou a Louca da casa em principio feminino: Razão e origem que desconstrói conceitos... Sou o próprio arquétipo de estratégias da estrangeira na tua Pátria: é o destino com  excesso de hibri que libera paixões da inocência no sofrimento da sabedoria, para além das Palavras Lidas e Ouvidas!... Vem com o Olhar de quem ouve o grito do meu silêncio...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher...

Você que busca no dia-a-dia:
Sua independência,
Sua liberdade,
Sua própria identidade.

Você que luta profissionalmente:
Para ser valorizada,
Para ser respeitada.
Você que sorrir a cada vez
que o mundo diz Não!...

Você que a todo instante tenta ser:
A companheira,
A amiga,

Você que batalha
Por um mundo mais justo,
Por uma sociedade sem violências,
Por seus próprios direitos.

Você que resiste aos sarcasmo daqueles que a chamam
Feminista,
Liberal,
Militante.

Você, Eu e Nós que temos a capacidade e o direito
De gerar Outro Ser,
Temos também o dever
De gerar alternativas
Para que nossa ação seja realmente Criadora
E ajude os outros a conquistarem
A liberdade de simplesmente Ser Humano (homem, mulher, jovens e crianças)

E dignamente Ser Mulher...


Maria Helena