quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Crônicas da razão louca...

Desde que as trapalhadas das vanguardas morreram, a literatura anda muito chata, convenhamos. E arte provida só de retaguarda (não confundir com glúteos) é uma arte muito da sem graça. Nunca, nem mesmo no tempo de Dickens, o mundo literário foi tão dickensiano. Há muito que as ficções literárias vêm sendo regidas pela causalidade, nenhuma novidade nisso, mas sempre me pareceu estranho que todos paguem sem maiores reclamações para se comover, para rir e chorar, mas não façam o mesmo para terem suas certezas colocadas em cheque. Aquele humor pregado por Oswald de Andrade virou bolor, e a refrega Augusto de Campos X Ferreira Gullar tem despertado umas saudades danadas do que não vivi.

Fato é que ninguém tem arriscado bulhufas, ultimamente, e editores, escritores e outros horrores andam adquirindo uns ares de responsabilidade que cairiam melhor em burocratas. Vide a defesa cada vez mais insistente de uma literatura “média” ou de gênero (pobre José Paulo Paes, cujo ensaio “Por uma literatura brasileira de entretenimento” geralmente lastreia o debate). Por tais e outras é que valorizo os paraísos bem bacanas do André Sant’Anna, essa variação brasileira de Daniil Kharms (ou Harms, dependendo da fonética) que cabulou as aulas dedicadas a ensinar o realismo na escola. O André é o melhor dentre todos nós, é claro, mas hoje vou falar de Kharms. Ler mais...