segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meu momento de glória...

O songbook de Chico Buarque que tínhamos publicado havia sido um grande sucesso. Por conta do livro e das partidas de futebol ― minhas reuniões de trabalho com o Chico aconteciam sempre às segundas ou quintas, dias das peladas do Polytheama, das quais eu participava ―, acabamos desenvolvendo uma amizade muito gratificante. Pois certo dia, num momento bem à vontade, disse ao Chico que meu grande sonho seria publicar um livro de partituras de músicas de Tom Jobim e letras dele e de seus parceiros.

Na época, Tom Jobim era meu maior ídolo. É claro que eu adorava escritores como Guimarães Rosa, Drummond, Borges, Calvino entre outros, mas Jobim tinha carne e osso, e estava sempre comigo. Em qualquer momento de entusiasmo ou de melancolia eu podia escutar “Desafinado”,”Samba de uma nota só”, “Águas de março”, “Retrato em branco e preto”, ou “Modinha”. E eu ouvia essas e outras músicas sem parar. Os shows de Tom me levavam a fazer afirmações retóricas, do tipo: “É o maior”, “Viva o povo brasileiro”…

Não me lembro bem, mas muito provavelmente voltando de uma partida de futebol no longínquo bairro do Recreio, em que goleamos o adversário, falei ao Chico sobre meu entusiasmo por Chega de saudade e tantas outras composições da Bossa Nova, e perguntei se ele faria as gestões necessárias para que eu encontrasse com Jobim.

“Posso marcar um encontro teu com o Tom e recomendar a Companhia das Letras, mas eu sugiro que você o veja pela manhã, quando ele está mais concentrado. O ponto de encontro é sempre a churrascaria Plataforma. Um almoço cedo, pode ser?”

Assim foi. Almoço no Plataforma marcado, e eu vários dias sem dormir, enquanto me preparava para o encontro com meu grande ídolo. Contiuação da leitura, aqui...