quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ao longe, ao luar...

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela ?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.
Que angústia me enlaça ?
Que amor não se explica ?
É a vela que passa
Na noite que fica

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

People Help The People...

O silêncio dos Inocentes...

Las Palabras...

Dales la vuelta,
cógelas del rabo (chillen, putas),
azótalas,
dales azúcar en la boca a las rejegas,
ínflalas, globos, pínchalas,
sórbeles sangre y tuétanos,
sécalas,
cápalas,
písalas, gallo galante,
tuérceles el gaznate, cocinero,
desplúmalas,
destrípalas, toro,
buey, arrástralas,
hazlas, poeta,
haz que se traguen todas sus palabras.

(Octavio Paz)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Gosto da Criação...

Somos o Mundo girando no meio da imensidão

Algo que tem a verdade e o gosto da criação
Somos o muito e o pouco na múltipla sensação
Quando sacode a poeira do sagrado chão

Luzes explodem além do espelho que refletiu
Ao se afastar a imagem de alguém que você não viu
Não adianta mudar o destino que prosseguiu
Nem afastar o desejo que você sentiu

Como saber da final esperança pra saber
Que há fartura e muita bonança pra dizer
Onde fica o mágico fim é assim
É você e o gosto de mim

Pra saber onde fica o mágico fim

domingo, 20 de novembro de 2011

Água Revolucionária...

Nem sei ao certo o que é exatamente uma revolução, mas ultimamente sinto um imenso desejo de fazer uma Revolução: no meu jeito de ser; de falar; de vestir; de sorrir; de ver e sentir, creio que – em mim – seria uma revolução interior; primeiramente, verei o significado de revolução para saber se isso faz sentido... Para a Wikipédia, a palavra revolução significa: “(do latim revolutìo, ónis: ato de revolver), é datada do século XV e designa grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina; movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais”... Talvez minha revolução se encaixe na promoção duma profunda transformação ou numa mudança sensível de âmbito moral, mas não é nenhuma revolta contra qualquer Poder estabelecido; enquanto não consigo fazer a minha revolução vou apreendendo com os grandes revolucionários... A ver vamos como se inicia uma revolução...

“Como uma árvore, a revolução tem sua origem na poesia (no revolver da terra). E a revolução se ramifica. E a poesia cria suas raízes sob a Terra Revolucionária, como se fossem asas – eis que, dentro do elemento Terra, uma imagem voa. Como um rio, a revolução tem sua origem na poesia (ou no ondular das águas). E a revolução cria seus afluentes por meio da filosofia internacionalista. E a revolução cria um leito aquático sob a Água Revolucionária, como se fossem barbatanas – eis que, dentro do elemento Água, uma imagem nada. Sonhar bem dentro de dois elementos da natureza, ao mesmo tempo, é acreditar na necessidade de mudança radical na estrutura da sociedade como também é compor um poema que cante o canto do Nilo. Tudo é revolução” (Piedade carvalho).

Canto al Nilo

Enorme es tu pasado
insumiso mar de dos mareas.

Tu sinfonía de inquietos cocodrilos
dio marco al monolítico arquitecto;
las plegarias del hombre labraron su futuro
a partir del concepto que aprendiste de la vida,
tu sangre legamosa llenó las tierras de blancos
trinos vegetales;
tu mecanismo de cósmico impulso
llevó al África a través de eras
desde antes que a los toros venerara.

Pero cuánto dormiste;
cuarenta siglos fueron hasta el grito de coraje
que sólo estremeciera tu músculo atrevido.

Si hoy le canto al ayer de muerta piedra
y convoco los recuerdos de Tebas,
es que el presente aflora en tu pasado,
es que vive en la presa de Asuán
en el Suez reconquistado.

Canto al nuevo grito de tu garganta sonora,
al hondo retumbar de las pisadas solemnes
uniendo su destino en el polvo del desierto.
Canto a la mano sobria que estrecha su certeza
con la certeza inculta del último beduino.
Va el canto hacia los hijos que defienden tu suelo
con los firmes morteros de los rifles del pueblo.
¿Alguien puede afirmar sin sonrojarse
el triunfo de la fuerza sobre la fe del hombre?

Te admiro y te presento en tus almas sustanciales
con toda su justicia de arteria nutritiva,
te quiero porque hermano mi aurora con tu aurora
y en mis carnes se adentra la feroz mordedura de coloniales fauces
(decadentes mandíbulas celadores de Israel)
y retumba en mis sienes, en el clásico son,
el eco de las bombas que caen sobre tu hermano
rectilíneo y sosegado hermano artificial,
sin doblegar tu cielo de impávidas alburas.

Hoy que mi patria está llena de jalones huecos
y yo inicio mi pistola en hazañas menores,
tu epopeya acicatea mis ideales
espuela de la lucha nos recuerda
badajo de la furia más sublime.

Si tu impulso no emerge en las riberas del Plata
y es vano tu ejemplo para ahuyentar la modorra,
llevaré mis pupilas cargadas de tu esperma
para derramarlas sobre la tierra en derrota.
Al fin,
¿alguien puede afirmar sin sonrojarse
el triunfo de la espada sobre la fe del hombre?



(Ernesto Rafael Guevara Lynch de la Serna, El Che)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ataque Antropológico II: O Reflexo do Espelho Narcisista...

                                                                                                Imagem da Internet
Bem, deixando as teorias de lado, vou ao meu interesse fundamental... Para melhor compreensão do contexto sócio-histórico, pensei no Acre, de acordo com a colonização da Amazônia, ao longo de sua história como um espaço de sucessivas ondas de ocupação humana das mais diversas características étnicas, culturais e religiosas em um movimento contínuo de transformações protagonizadas por grupamento que, de alguma forma, impingiram suas múltiplas experiências na história acriana. A década de 90 do século XX foi mais um momento desse intenso movimento; não apenas mais migratório para a região acriana e, sim, de intensa exploração dos recursos naturais, fomentado pelo projeto desenvolvimentista de Governo com o estigma da floresta. Ademais, tentei compreender a sociedade acriana de acordo com as discussões, dos últimos 50 anos, sobre a Amazônia que, sob a ótica global, é considerada a principal fonte de riqueza material do Brasil, mesmo vista como o “pulmão do mundo”, esta região sofreu uma forte atração de migrantes e empresários que iniciaram uma exploração sem precedentes, pois a Amazônia é o maior conjunto contínuo de floresta tropical do planeta, sua riqueza e densidade não está somente na floresta, mas, sim, na diversidade de cultura e línguas indígenas, porém o que efetivamente mudou (da coroa Portuguesa, à República) o cenário da região amazônica foi a abrupta valorização da borracha, agora da madeira de lei, e foi em consequência dessa (ou dessas) valorização que o Brasil passa a se interessar pela Amazônia. Doravante, é nesse processo sócio-político que emerge a formação histórica do Acre (maiores detalhes deixo para os historiadores).

Perante este contexto, dentre os homens e mulheres que trilharam em direção ao Acre, de ocupação e exploração,  destacam-se as marcas de religiosidade e culturalidade de brasileiros urbano e rural, tendo em vista as sequências históricas do Acre na formação dos seringais. Por isso, pensei em refletir sobre os processos de transformação cultural a partir das interfaces entre o campo urbano e rural, neste caso da floresta, na esfera social, com atenção especial a incorporação da marca ambientalista como estratégia para legitimar antigas e novas reivindicações culturais de grupos sociais, cuja existência na organização social está baseada no mundo caracterizado pela floresta. Conforme nos afirma Maria de Jesus em sua tese que: “o discurso identitário da acreanidade vale-se de algumas ‘sequencias da história’, de certos ‘espaços de referencias identitária’ tanto do passado quanto do presente e da construção de um discurso que particulariza uma certa relação do acreano com a floresta, com a natureza, estimulando também a criação de novos referenciais simbólicos, e de novas lembranças no presente”.

Entretanto, dentro desse quadro histórico, a sociedade atual vive, com base na democracia do Estado Moderno, um momento de extrema contradição, onde a base dos conflitos é perceptível para além dos grupos sociais, sobretudo nas famílias – que ao possibilitar a reflexão e o planejamento para o futuro e direitos de cidadãos, com base nos seus valores da localidade, que necessitam se posicionar diante às desigualdades e exclusões que a dinâmica global do capitalista moderno produz, entregam-nos aos desígnios dos condicionamentos locais. Porque para exercermos plenamente a cidadania, e sermos os protagonistas das nossas próprias histórias na afirmação duma identidade cultural, passamos por uma situação muito complexa, onde a globalização econômica, financeira e tecnológica coexistem, ao mesmo tempo, com nossas experiências cotidiana da localidade das singularidades, especificidades culturais, religiosa e política.

E levando em consideração as leis que regulamentam nossos direitos como alternativas para garantir a manutenção de nossa cultura, assim como melhores condições de sobrevivência para nossas famílias e a própria manutenção dos nossos bons costumes tradicionais, principalmente na região amazônica, onde é foco permanente dos interesses internacionais; para, assim, superar e entender o dualismo convergente nos projetos de Governo - que nos colocam em igual condição de ocuparmos, por um momento, o local; e em outro momento, o global. Lembrando, aqui, que a nossa região Amazônica é essencialmente jovem: a nova cultura da florestania é cabocla, e que a prioridade oficial é a valorização da auto-estima como uma saída para definir o que é bom para nós acrianos. Segundo o discurso oficial: é preciso financiar as ideias dos jovens na própria comunidade, resgatando nossa cultura para não acharmos que a cultura é apenas o que está na TV, evitando o consumismo desnecessário e, assim se construirá o real valor local da cultura, do modo de ser, de viver, de comer, de trabalhar valorizando os costume da própria região.

Ainda no discurso - nos garantem que a fase desenvolvimentista da Amazônia: dos garimpos criminosos; dos grandes rebanhos bovinos; da exploração madeireira; dos mega-projetos desenvolvimentistas já não fazem mais sentidos e nem são a solução para o pleno desenvolvimento do estado acriano. Então, a solução da florestania é conhecer o que nos torna autênticos perante a floresta tropical brasileira. É enfrentar o desafio das cobiças e das corrupções. É sabermos que no projeto de desenvolvimento sustentável (antes de sermos cidadãos brasileiros) somos cidadãos amazônidas e pertencemos ao Planeta Terra e não aos costumes do capitalismo global. Porém tudo está muito escuro na realidade: a violência e outras misérias que assolam nossa região estão apontando que a verdade está para além do discurso Oficial, bem como também demonstra a falta de ética desenvolvimentista... Somos pressionados a fazermos nossa parte de cidadãos conscientes, enquanto que as ações governamentais apontam suas contradições.

 E como compreender e conviver com estas contradições e tais problemas?... É a motivação da minha constante busca...


Aqui para compreender Maria de Jesus Morais

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ataque Antropológico: Do Outro Lado da História...

                                          Rio Acre - fotografia de Anderson Jardim
Estava eu, lá pela UFAC, tentando convencer ao Jacó Cesar Piccoli a providenciar meus Certificados de Pós-Graduação em Arqueologia e Antropologia, quando de repente, não mais que de repente, senti um desejo imenso de voltar às leituras antropológicas, mas bem sei que é apenas saudade da Antropologia no meu viver...

Talvez eu já tenha iniciada algum texto falado que, envolta a essa imensidão verde da floresta e sob o episodio da linguagem, sempre sinto por um instante a sensação de verdade... Neste momento, a sensação que sinto é a da face oculta em mim mesma: o sentido da descoberta da antropologia em meu viver e relacionada ao cotidiano acriano... Pois é o que proponho neste texto: rever certos conceitos da cultura da floresta, construindo um novo pensar sobre o modo de ser, agir e gerir na sociedade que me envolve, sob a luz antropológica...

Devo, porém, antes salientar (para melhor entendimento teórico) a conceituação que define a Antropologia no campo científico: pois esta é a ciência da humanidade entrelaçada com a cultura e enquanto ciência se preocupa com o ser humano na sua totalidade; ela se afirma em três dimensões: a) Natural, quando estuda o psicossomático do homem e sua evolução; b) Social, quando estuda o homem como elemento integrante de grupos organizados; c) Humana, quando se volta para o homem e suas histórias, suas crenças, usos e costumes, filosofia e linguagem...

Ora, a antropologia como instrumento de compreensão da realidade, principalmente, em relação à floreta como fator influenciador do ser amazônida, não procura retratar tão somente os aspectos culturais enquanto costumes do fazer humano, mesmo sendo estas influências que necessitam de muita clareza para serem relatadas posteriormente numa perspectiva condicionante da vivência na floresta... Aqui, Jean-Paul Sartre esclarece minha ideia basilar, quando diz: “O essencial não é o que foi feito do homem, mas o que ele faz daquilo que fizeram dele... O que foi feito dele são as estruturas, os conjuntos significantes estudados pelas ciências humanas... O que ele faz é sua própria história, a superação real dessas estruturas numa práxis totalizadora”...


Pois bem, esta superação das estruturas na práxis totalizadora, da antropologia como base, é o que desejo expor sobre o oculto de certos costumes culturais e influenciadores no ser humano: para isto deve-se entender melhor o grande contributo de Claude Lévi-Strauss ao desestruturar os conceitos difusos e mecanicistas de estrutura social da tradição sociológica e etnográfica de Emile Durkhein... Aí, Lévi-Strauss incorporou a teoria social do signo linguístico de Ferdinand de Saussure e acrescentou à antropologia a conotação de ciência semiológica; é quanto percebemos a linguagem enquanto aspecto da identidade cultural...

Ademais: esta nova concepção de estrutura não pode se limitar apenas à elaboração de modelos estruturais etnográficos do empírico, mas se estende ao próprio método das análises teóricas da etnologia; assumindo, dessa forma, a condição epistemológica... Assim o pensamento antropológico se transforma numa provisória ordenação dos fatos observados, até esta ordenação ir sendo trabalhada, afinada para atingir um aspecto de simplicidade; e ao atingir o grau de simplicidade, tais fatos observados chegam a um modelo próximo da verdade que corresponde às estruturas mentais dum povo, grupo, apresentados num primeiro momento etnográfico (Lévi-Struss, Antropologia Estrutural II, 1993 p. 52).

domingo, 13 de novembro de 2011

Meu pobre Pequeno Coração...

Eu bem que não queria falar sobre isto, mas vou ter que falar sobre tudo que tu não gostas de ouvir, pois também sei que as estrelas do Céu não significam NADA para ti...