quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sen...

Efêmera Reconciliação...

Nessa efêmera reconciliação
Vem-me e se vão
Um certeiro sermão
Daquela ternura de segurar-me pelas mãos 
Para conduzir-me na contra-mão
Desse mundo vão...

Sem explicação 
Ofertou-me
O saber voar pela multidão... 

Amar assim:
É transladar por entre a voz da alma 
Com a humildade de saber navegar
Na escuridão da recordação...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

L'Italiano...

Sob o Efeito das Lânguidas Horas...

Quando a melancolia vem fazer companhia, converte-se, assim, os signos da alegoria das palavras: sem deixar vestígios, fogem para outras realidades, daí passam a refletir o refratário vazio das lentas horas...

Neste caso, se trata da função emotiva buscando novos sentidos para o vasto léxico da linguagem já existente... E toda imagem ocasionada por uma inspiração da arte: sempre será um notável mérito aos humanos... Dessa forma, seria necessário nos revestirmos de outros sintomas existenciais... Sob aqueles instrumentos poucos perceptíveis, a foice e o martelo representarão a ornamentação simbólica da pré-história ideológica... 

Em outros termos: seria o desejo da criação dum novo alfabeto, um novo dicionário para encadear novos rumos às lânguidas horas do tempo fluido em nostalgia...    

Hiç Sevmedim...

domingo, 22 de setembro de 2013

Silêncio Sonoro...



Ah, esse amor que, no fino silêncio sonoro das palavras, sinto a sussurrar numa suave musicalidade poética na imensidão dessa Natureza que nos envolve... E, se não fosse assim, essa vastidão de sentidos a se dispensar no ouvido do vento, seria tudo dentro do mais significativo e único sentido, no interior desse coração que te ama...


sábado, 21 de setembro de 2013

Saber Amar...

Sublimes são teus pecados
Famintos são teus olhos
Que na meiguice furiosa 
De se alimentar 
Esparrama favos de mel
Do doce sabor
De saber amar...



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Recordar é Amar...

É muito chato quando faz tempestade num dia ensolarado, calmamente espero as nuvens passarem... A própria felicidade não poderia esperar que fosse o mais bem constituído de todos os destinos: um mérito à arte da criação, numa visão que não se percebe nem mesmo na ficção... 

Às vezes, quando fica escuro, com o mínimo possível de penumbra da palavra, esqueço o Sol lá fora, faz um dia notoriamente quente; sou domada por um choro compulsivo, no rosto as lágrimas me escorrem suavemente, lá no pequeno quintal, os pássaros cantam festeiramente...

Lentamente vou me afastando do presente, são as lembranças que insistem em renascer, para me tornar prisioneira da memória... E, quando a noite chega, vou lá fora, sinto-me acariciada pela penumbra do crepúsculo e afagada pelas sombras das árvores, apoio minha cabeça numa mangueira e sinto uma brisa leve a refrigerar minha alma... O Céu estrelado baila naturalmente sob a beleza da Lua...

Sem muita propriedade das ideias,  essa confortável climatização interior me traz as recordações mais pulsantes, mas, com a ausência dum cenário de paz, ouço a canção do rádio a dizer: “Necessito do Sol para viver: somos Luz”...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ne Me Quitte Pas...

O Maior Amor e as Coisas que Se Amam...

... "Tomara poder desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjectivo cuja execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever cumprido... 

Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral... Hora a hora a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim... Hora a hora a expressão me falha... Hora a hora a vontade fraqueja... Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo... Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada... 

Nem choro... Como chorar?... Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso... Nada faço... Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade... Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo... Só aqui lh'o registo sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito... Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente... Seja dito assim sucinto, para que fique dito... Nada mais!... 

Não falemos mais... As coisas que se amam, os sentimentos que se afagam guardam-se com a chave d'aquilo a que chamamos «pudor» no cofre do coração... A eloquência profana-os... A arte, revelando-os, torna-os pequenos e vis... O próprio olhar não os deve revelar... 

Sabeis decerto que o maior amor não é aquele que a palavra suave puramente exprime... Nem é aquele que o olhar diz, nem aquele que a mão comunica tocando levemente n'outra mão... É aquele que quando dois seres estão juntos, não se olhando nem tocando os envolve como uma nuvem,  (...) Esse amor não se deve dizer nem revelar... Não se pode falar dele"...

(Fernando Pessoa, Inéditos)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

The World I Know...

Manhãs de Setembro...


As horas passam, o mundo gira e só permanece igual as Manhãs de Setembro, que, assim como teu nome, me toca o coração, diante do sol que faz derreter toda a emoção... Pela Paz do ensolarado mês de Setembro, lembrei-me do Sonho de Ícaro do Biafra... Então, sem nenhum sinal, permita-me cantar essa canção transbordada de tom... 

... "Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão...

No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente Sol...

domingo, 1 de setembro de 2013

Boş Yere: Konuşmadığımız Şeyler Var...

A Arte de Perder...

...“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério”...

(Elisabeth Bishop)