quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Meu Mundo...

A escrita abaixo não me pertence, mas me sinto contemplada... Comigo é bem assim também: 
"Buscando encontrar o meu limite
Talvez um dia, quem sabe, eu consiga
Descobrir a sinuosidade da distância 
Entre as palavras e minha alma.

Pois são estes segredos profundos,
Os versos e as letras que saem do coração
Que às vezes soam como meros sonhos.

Foram tantas as vezes que me vi sozinha,
Querendo decifrar enigmas,
Buscando entender o desejo do pensamento 

Mas quando penso que tudo esta bem
Tudo se esvai novamente...
E a magia do amor esvoaça ao vento.

Esse aqui é meu refúgio, é para aqui que fujo todas as vezes que o mundo real fica muito assustador, monótono ou mesmo quando estou feliz sempre corro até aqui para poder sentir todas essas sensações sozinha.

Não me levem a mal, não é que eu seja egoísta mas gosto de sentir as coisas sozinha, ver como elas interagem com  meu 'eu' interior, de onde enxergo tudo do meu próprio ponto-de-vista.

Aqui é minha fortaleza, me sinto segura, protegida, quando chego aqui somos apenas em três: Minha alma, minha mente e EU, acredite somos três e cada uma tem uma maneira de pensar, parece loucura mais quando estamos aqui acontece um diálogo mais ou menos assim:

EU: Que bom ver vocês duas!

ALMA: Viemos por que estávamos preocupadas com você, anda muito distraída...

MENTE: Fale por você, querida, porque essa mocinha aí tem me pertubado dia e noite e anda usando e abusando de mim nesses últimos dias, nunca vi pessoa para pensar tanto!

ALMA: Ok sua convencida, então vou falar por mim, porque essa senhorita aí as vezes esquece que eu existo!

EU: Tudo bem, reconheço que tenho esquecido de você as vezes, mas também dar um tempo vocês duas, está impossível agradar as duas ao mesmo tempo cada um quer uma coisa diferente, quero que as duas sentem-se e entrem em um acordo, assim nós três sairemos felizes desse encontro!

ELAS: Tudo bem senhorita entraremos em um acordo, em que as três sejam beneficiadas!

A gente conversa e entra em um acordo e no final das contas a gente sai daqui bem resolvidas e prontas para encarar o mundo, e basta surgir qualquer dúvida ou medo voltamos para cá correndo, em busca de um refúgio!"...

E assim como Cecília Meireles eu também:

"Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu"…


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domingo, 27 de novembro de 2016

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Laços do Abraço...

No entanto, que não haja obstáculos
para meus passos seguirem os teus...

Ou que o brilho certo dos teus olhos 
seja sempre a luz dos meus...

Se por ventura minhas mãos a tua tocarem, 
que exalem a mesma a sensação...

E num só abraço se façam 
os laços de nossa comunhão...

Porque na face impressa do tempo
serão sempre as rimas um eterno alento...

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domingo, 20 de novembro de 2016

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Suavidade Ciclônica...

Sentir aquela sensação de que está diante da sublime presença do poder universal, em conexão com aquilo que somos, é o verdadeiro segredo do caminho para o bem-estar...

Mesmo quando não há vento suave
Uma brisa me faz mover graciosamente
Para sobreviver às tempestades ciclônicas...

Por um instante não sinto o ar
Inspiro a tua sombra
Assim vou vivendo os dias...

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domingo, 13 de novembro de 2016

sábado, 12 de novembro de 2016

E então, que quereis?...

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?

O mar da história é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

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Vladimir Vladimirovitch Maïakovski

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Hineni: Estou pronto, Senhor...


"Tu queres isto mais escuro? (You want it darker?) Perguntou ele, com a voz cava e a música cheia de sentimento. E responde: Hineni! Estou pronto Senhor (I am ready, my Lord). A mesma palavra hebraica הנני que Abraão respondeu a Javé (YWHW) quando Este o chamou para sacrificar Isaac (o que, como se sabe, não aconteceu, simbolizando o fim dos sacrifícios humanos). Hineni significa qualquer coisa como ‘Aqui estou eu’ ou ‘Estou às ordens’ ou ainda ‘Estou pronto para o que pretenderes’, mas de uma forma que não tem recuo, é espiritual e solene.

Quando Cohen responde no último álbum Hineni, quer dizer o quê? Que regressa às origens da sua religião inicial? Não faço ideia, mas estou certo de uma coisa: a sua grandeza em toda a carreira deve-se, sobretudo, ao facto de o amor e a espiritualidade se encontrarem e se derramarem em toda a sua obra.

E o verdadeiro amor, súmula dos mandamentos segundo Jesus Cristo é, escreveu Leonard Cohen em Hallelujah, como um fantasma que todos sabem o que é, mas poucos o viram. Talvez Cohen o tivesse, apesar de dizer que necessitava perdão e que se esqueceu de rezar aos anjos de tal modo que os anjos se esqueceram dele (So long, Marianne).

Seja como for é arrepiante abrir um álbum de músicas intitulado “Tu queres isto mais escuro” proclamando Hineni e traduzindo de seguida por “Estou pronto, Senhor” e falecer dois meses depois, segundo a família e quem o acompanhou, em plena paz.

Declaração de amor por Leonard Cohen*...

Não foi um cantor que morreu; nem um músico, nem um literato, nem um poeta. Foram quatro génios em um só. Desde que escreveu os seus primeiros poemas e romances, que foram aclamados pela crítica, passando por ganhar o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura (bem mais inteligente este júri que os da Academia do Nobel), até ao seu último trabalho musical, no mês passado, Cohen foi um completo homem do renascimento, ele próprio um príncipe.

E hoje apetece-me escrever sobre ele, ouvir a sua música, as suas palavras, porque ele é imortal, ao contrário da maior parte das figuras com tão pouco interesse sobre as quais todos os dias escrevo. As suas palavras brotam de uma nascente limpa e desaguam dentro de cada um de nós, já com a afluência da música, onde comovem, inquietam, despertam e repousam. Se é possível amar o belo, o sublime – e eu sei que sim – digo que amo a obra de Leonard Cohen. O homem, infelizmente, jamais o conheci.

O amor, o belo, o sublime – eis conceitos que caíram em desuso num mundo em que a arte, em boa medida, deixou de ser a aspiração aos valores positivos, para se tornar num choque, na exaltação do ordinário, do vulgar, do sujo, do feio, do lixo. Não com Cohen. Com ele, o transcendente viveu em acordes, em textos, em poemas e viveu na ansiedade da busca improvável, da estrela inalcançável, do sonho impossível. Com Cohen jamais fomos condenados, como com outros, a 20 anos de aborrecimento, apesar de ele afirmar em ‘First we take Manhattan’ que tinha sido ele próprio condenado a essa sentença: “20 years of boredom”.

Que a arte se tenha, no geral, transformado numa chatice que alguns intelectualoides, no geral com ar doente, descodificam para os outros basbaques que no que veem, no que ouvem ou no que leem no geral não descortinam um sentido preciso, uma linha clara, um sentimento digno, é próprio da destruição da civilização. É Jacques Barzun, penso eu, que na sua obra “Da Alvorada à Decadência” nos recorda que o fim das civilizações foi sempre acompanhado por uma arte que deixara de aspirar ao sublime para ser asperamente chocante. Se assim é, Leonard, lá onde tu estás, na mão direita de Deus, como Antero de Quental, foste dos últimos a lutar pela nossa civilização, pelas 900 janelas do salão de dança de Viena onde se rodopia ‘Take this waltz’.

É amor, o amor puro dos trovadores. É como tu disseste do estudo nas faculdades que frequentaste, Direito em McGill, Montréal, Canadá, e estudos gerais em Columbia, Nova Iorque, EUA, “paixão sem carne, amor sem clímax”.

Como disseste, apenas escreveste música e palavras de forma honesta. Nunca pretendeste ser popstar, nem ser agreste, nem liderar a juventude, nem alterar o mundo. Pretendeste o que cantaste; dançar a valsa; Marianne, tua mulher; Suzanne Verdal (não a Suzanne Elrod, mãe dos teus filhos, mas a mulher do teu amigo Armand); os mistérios do Oriente com os budistas; a transcendência do ego; o domínio das paixões; o perdão. “Alguém tem de nos perdoar pelas escolhas que tomamos para amar, porque os caminhos são muitos e negros, e somos ardentes e cruéis durante a nossa viagem” – eis o que poderia ser o teu epitáfio.

So long, Leonard, sabe que por todo o lado no mundo houve e haverá quem te compreenda, quem ame o que tu amas, quem te perdoe. Hallellujah!"...

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