quinta-feira, 31 de agosto de 2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Angústia...

Por vezes, faltou-me sabedoria para descrever o eu-lírico do poema abaixo, por isso destaquei um trecho do livro "Ao Encontro da Sombra" que, de certa forma, identifica o conflito que tentei expressar... "Busquei uma maneira simbólica de deixar nascer a minha sombra, para que a minha vida exterior não se desfizesse e para que eu não precisasse pôr de lado esse modo de vida criativo que tanto amo...

Quando aceitamos as nossas facetas mais cruéis, aprofundamo-nos em nossos aspectos mais positivos... Pois cada um de nós projeta uma sombra escura, e quando ela não é compreendida impede nossa vida consciente... Essa sombra constitui, em todos os efeitos, um impedimento inconsciente que inibe as nossas melhores intenções”... (Carl Gustav Jung)

Paisagens do destino vão seguindo
imagens contornando as palavras
que se dissipam no céu cinza
e no céu estão perdidas...

Em chuvas consagradas
descrevo o sombrio irreal 
que desnuda o movimento
da alma
quando não se reconhece...

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Imagem Google

domingo, 27 de agosto de 2017

Contigo Aprendí...

Paixão: Erotismo e Sedução III...

Talvez alguma coisa compense todas as tensões proporcionadas pelo trabalho ou pelas guerras (caos em geral)... Alguma coisa que não consegue ser ditas pelas denotações, mas que sutilmente consegue expressar-se através dos enigmas exalados pelo corpo e pela alma; é, pois, através do sagrado e do profano que o corpo e a mente, enigmaticamente, encontram a sensação agradável da diversão...

Enamorei-me... Foi daí então que a conexão entre o erotismo e a sedução se tornou íntima da paixão... Não há subversão no amor; o amor também disciplina, ele acalma e faz-se no silêncio... Diferentemente do amor, a paixão exige subversão, transgressão e intensos movimentos... Há frenéticas disposições e alegria na paixão; ela não procura o silêncio, mas gosta de segredos: "Em lugar de um segredo absoluto; aí estaria a paixão... Não há paixão sem segredo, este segredo, mas não há segredo sem paixão" (Derrida)... O Segredo é uma qualidade sedutora... Porém não podemos nos iludir diante do processo de seduzir... Ao contrário, ele é carregado de exigências e intensas desordens; a sedução não pode parar de pensar; ela é incansável ao desnudar emoções... Capaz de construir um credo, a sedução busca a sabedoria, para fornecer a tolerância da espera ou meios de lidar com a encenação sem ligação com o real... 

"O que se diz de imediato sobre a sedução é que é um jogo... Caçada silenciosa entre dois olhares: captura numa rede silenciosa de palavras... Jogo arriscado e fascinante - angústia e gozo - onde o vencedor não sabe o que fazer com seu trofeu e o perdedor só sabe que perdeu seu rumo: um jogo onde a única possibilidade de empate se chama amor"... Lembremos agora que a sedução é também descrita pelo sagrado como inclinação artificiosamente para o mal ou para o erro... Também os crédulos a vêem com o sentido de desencaminhar os indefesos, mas lembremos também que a função do sagrado é disciplinar a sexualidade, portanto evitemos os moralismos disciplinadores, que sufocam a sexualidade, e nos apercebamos da arte do encantamento exalado pela sedução... Há uma solução muito eficaz contra a encenação do processo de seduzir: o erotismo... É ele que leva a pessoa sedutora a cair ou se envolver plenamente no fascínio da sedução...

O ser erótico evita o segredo, se afasta do silêncio da sedução e se envolve plenamente na desordem para cair na armadilha que lhe foi preparada pela paixão: o erotismo exige movimentos e ultrapassa a encenação sedutora para fixar-se em envolventes ações... Aqui faz-se necessário relembrar que jamais e jamais devemos relacionar sedução e erotismo à pornografia; a pornografia é a ânsia dos perversos e desequilibrados, ela pertence à ignorância de quem desconhece a paixão e o amor; é um jogo sujo que dificilmente se joga à dois...

Só quem vivencia bem a sedução consegue expressar e absorver o erotismo... Lembremos: é quando nos deleitamos de paixão que um vento quente, mais desesperado se arrasta pelo corpo e nos desmancha de prazer; aí existe qualquer coisa de verdade... Convence-nos de que no céu as estrelas brilham para enamorar, e começa a nos apresentar a metamorfose dos sentimentos; há uma fusão de sentidos avermelhados e úmidos... São as preliminares da estratégia estética nos apresentando o lúdico de uma realidade encantada, que não exige nenhuma explicação, nenhuma verdade... 

Uma poeira se espalha em nossa volta, inunda nossa alma, e avisa-nos que as coisas precisam ficar fora do lugar... É preciso aceitar que uma turbulência revire nosso coração, descompense nossa alma: é o vendaval da paixão deixando tudo fora de lugar... Até que os sentimentos agonizantes se vão, a poeira assenta e a solidão nos convida para uma conversa franca... Fala-nos que o tempo de espera findou... Foram, enfim, a sedução e o erotismo a prévia estética de um jogo lúdico anunciando a consumação do saudável e prazeroso ato sexual... 

Por fim, as estações, que nos estremeceram, desfizeram nossas certezas, flexibilizaram nossa insensatez e tudo transformou-se em aceitação; novos sentimentos florescem e dão permissão para olharmos de frente as arrebentações da paixão... Aprendemos a apreciar o tempo de espera e a desafiar o vento... Na presença tanto da paixão quanto da sedução, a encenação do erotismo foi de concretizar o desejo: o prazer do gozo... Afinal, amantes apaixonados não se comportam e não dão espaço ao tédio... Querem fantasia, exigem outras íntimas companhias: a sedução, o erotismo... eles necessitam prolongar o tempo com teatro e poesia, exigem romances na intimidade das horas... É a arte de amar e de reinventar-se a cada novo dia...

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Bibliografia Basilar...
Bataille, Georges. O Erotismo. Ed. L&PM. Porto Alegre, 1987.
Baudrillard, Jean. Da Sedução. Papirus Editora. São Paulo, 1992.
Derrida, Jacques. Paixões. Papirus Editora. São Paulo, 1995.
Foucault, Michel. História da Sexualidade I: a vontade do saber Edições Graal.Rio de Janeiro 1999.
____________. História da Sexualidade II: o uso dos prazeres. Edições Graal. Rio de Janeiro, 1990.
____________. História da sexualidade III: o cuidado de si. Edições Graal. Rio de Janeiro, 2007.

Paz, Octavio. A Dupla Chama: Amor e Erotismo. Editora Siciliano. São Paulo, 1995.

domingo, 20 de agosto de 2017

Paixão: Erotismo e Sedução II...

Mas claro que não podemos ficar indiferente frente às opiniões de quem estudou com domínio total os temas da sedução e erotismo... Nos parágrafos que seguem veremos uma reflexão feita pelos estudiosos Jean Baudrillard, sociólogo e filósofo francês, Georges Bataille, escritor francês e Octavio Paz, poeta e ensaísta mexicano... Nada mais oportuno quanto necessário do que, nessa segunda parte sobre os temas propostos, recuperáramos parcialmente as análises feitas por esses escritores tanto sobre sedução quanto erotismo... 

Aqui nos limitaremos a compreender os temas apenas no campo afetivo; muito embora os estudiosos analisem também nas relações em sociedade... Os autores citados explicam as diferentes maneiras de interpretação que podem existir nas definições dos temas em questão, bem como a dimensão existente neles, a ponto de trazer significados positivos ou alguns negativos, porém sempre comandados por uma linguagem vista pelos autores como uma parceira da vida humana... Portanto, ao final, será indicado a bibliografia para uma leitura mais aprofundada sobre erotismo e sedução...

De acordo com Baudrillard: “A sedução retira alguma coisa da ordem do visível"... Para não confundir sedução com pornô, veremos que na pornografia há uma ausência de sedução, que dar lugar a uma representação exacerbada e instantânea: o fim do segredo... Pois o pornô estima a cultura da demonstração, que se opõe aos sutis mecanismos invisíveis da sedução... Logo a sedução é regida pela ordem do mistério: a ritualização dos comportamentos, a organização ritual do corpo, a qual passa também pela instituição de um jogo de aparências, enganos e simulações, que visam velar o próprio corpo... A sedução é um ritual que instaura e, por meio do qual, se diviniza, mostrando uma aparência mágica, uma brincadeira na qual as fronteiras são tênues, sem limites ou linhas de demarcações: “O que eu quero não é te amar, te querer, nem mesmo te agradar: é te seduzir – e não importa que me agrades, mas que sejas seduzido” (Baudrillard)...

Para Bataille, "O erotismo do homem difere da sexualidade animal justamente no ponto em que ele põe a vida interior em questão... O erotismo é na consciência do homem aquilo que, nele, põe o ser em questão se, por um lado, a atividade sexual de reprodução é comum aos animais sexualizados e aos homens, por outro lado, só os homens fizeram de sua atividade sexual uma atividade erótica... Ou seja, no erotismo participam dois elementos concomitantes: interdição e transgressão... Bataille expressa assim: “o erotismo é, de forma geral, infração à regra dos interditos: é uma atividade humana.... Para enfrentar a morte e mobilizado pela angústia que a consciência desta suscita, o homem cria o artifício da arte... Neste mundo trágico, o homem também cria a necessidade do êxtase... Então, o êxtase, o erótico, o excesso são afirmações da vida, a partir dessa consciência... O êxtase pertence à mesma categoria das atividades de livre gasto de energia, tal como o erotismo: o sentido último do erotismo também não deixa de ser a fusão, a supressão dos limites"...

Segundo Paz, “O erotismo é a sexualidade transfigurada pela imaginação humana... Em todo encontro erótico há um personagem invisível e sempre ativo: a imaginação, o desejo"... Não, o erotismo também não pode ser reduzido à pornografia – para a pornografia o sexo é um objeto comercial a ser consumido como mercadoria – o erotismo pode ser um território do amor; existe nele um potencial criativo e transformador, nele existe um dispositivo que colabora para o corpo ser um construtor do sujeito, pois o erotismo não aventa a melancolia e nem permite à apatia dos depressivos, que dá vazão ao vazio da falta de afeto, onde não há contato num espaço permeado pelo tédio em decorrência da ausência de Eros... E se Eros (pulsão da vida) não se difunde, Thânatos (a pulsão de morte) ocupa o espaço e se manifesta em atos violentos... Concluirei no texto: Paixão: Erotismo e Sedução III...

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Imagem Goolge

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Paixão: Erotismo e Sedução...

Como se compusesse uma aquarela, naquela distante constelação, brilha uma solitária estrela... essa estrela não é minha e nem é dele... Entre tantos encantos, fez-se emoção na ausência da razão, parece, enfim, que a renovação do coração está plenamente livre dos rancores, só procura novos amores... E, como um invasor, não organiza nenhum limite definido das fronteiras a serem exploradas... Através de longas curvas vão surgindo outras direções... onde a lua -, por entre cansados corpos, que embriagados de ternura e afeto, vão naufragando de prazer -, nos convida a conhecer dois mundos: o sagrado e o profano... 

Na busca de compreensão sobre o sagrado e o profano, lembramos que nem só de trabalho vive a espécie humana... Foi no trabalho que o homem descobriu a ineficácia do ser humano, pois foi esse sistema o gerador de conflitos que propiciaram as guerras, as concorrentes disputas, e foi através da sexualidade que o homem encontrou a válvula de escape para tantas tensões... Então, encontrar o equilíbrio entre a responsabilidade do trabalho e o prazer das diversões é o fio condutor da nossa tessitura ora em desenvolvimento... Pois, também, não somos constituídos de silêncios e conflitos, mas sim de transgressões: veremos que transgredir é preciso, viver é uma conseqüência... 

É uma diversidade de questões que nos levariam a uma plena compreensão sobre a necessidade de dever cumprido pelo trabalho e a necessidade do prazer realizado pelo lazer; portanto limitarei a uma simples delimitação da obrigação laboral, para seguir esboçando sobre a paixão interligada ao erotismo e à sedução, enquanto prazer de compensação às tensões exigidas pelo labor... Porém a complexidade é infinita para entender o porquê de que nem sempre podemos só fazer o que nos dar prazer ou de aprender a sentir prazer através do que fazemos: nossa felicidade seria uma constante, se só fizéssemos o que nos dar prazer, no entanto nem sempre as situações poderiam ser favoráveis... Agora se aprendêssemos a sentir prazer através do que fazemos, tudo em nossa direção proporcionaria a constante felicidade e a eterna pacificidade, daí é que surge o sagrado para estabelecer um equilíbrio e nos proporcionar uma linearidade do sentir prazer em tudo que fazemos... 

Esse poder exercido através da espiritualidade pode ser compreendido também como uma afirmação do moral, enquanto estereótipo das normas e regras que condicionam o viver em sociedade, moral este muitas vezes desprovido de originalidade... Levando em consideração a complexidade das questões sobre a obrigação laboral enquanto dever cumprido dos sistemas sociais e o sagrado enquanto moral disciplinador, destacarei, a seguir, a paixão profana (sedução e erotismo) como dissolução desse moralismo  que tenta romper com os atos disciplinares do desejo e da sexualidade... Esclarecerei no próximo Paixão: Erotismo e Sedução II...
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Pintura: Steve Hanks

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Ausência Exasperadora...

Entre nós, por vezes, trafega o escuro 
Uma palavra sem pronúncia
Sem ligação com verbo algum...

Eu, voraz correnteza dos rios
No inverno chuvoso
Tu, uma porta fechada
Um muro cercado do inóspito vazio...

Entre nós, uma batalha travada
ao meio-dia sem meia luz...

Tu, poema sem rima
Sem sentindo algum
Eu, claridade na memória
Que ora murmurando o futuro do agora...

Tu, uma fenda no passado 
A escurecer o hoje
Eu, poema fecundo 
Dando rima à vida...

Tu, verbo que anuncia 
o vazio no fim do escuro túnel
Tu, náufrago do asfalto
que mergulha na areia
do cais soterrado de intrigas...

Eu, navegante de além-mar 
Passageira saltitante
da paisagem em movimento
em palavras transbordando de ternura
imagens e poesia...

E tu?... Nada haverá de definir
Essa ausência exasperadora
Que paralisa os ponteiros
Transformando as partículas solares
Em noites sem luar...

Ah!... difícil é ter que esperar
Essa eterna hora passar!...

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Imagem Google

terça-feira, 8 de agosto de 2017

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Prece da Cura...

Cura-me, Senhor, de toda insegurança
que me impede em crer
quão breve o amanhã virá...

E que o erro de ontem
o hoje corrigirá...

Permita-me acreditar sempre
na habilidade da resiliência...

Afasta-me dessas lembranças
que se demoram a entristecer o olhar...

Não deixa, Senhor, que o rancor
faça morada no coração...

Livra-me da solidão
que não acredita na Sua presença...

Protege-me da inveja inimiga 
e da desconfiança alheia
que só facilita às intempéries...

Afirma-me a tão somente
 ao uso da justa palavra certa
frente a injusta realidade...

Ensina-me a transformar
 minha vida um reflexo da Sua
para que Seu brilho 
eternamente entre nós permaneça...

Promove-me, Senhor, também
à todo Bem que só me traz o Bem...

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Pintura: Devoção - William Arthur Breakspeare

domingo, 6 de agosto de 2017

sábado, 5 de agosto de 2017

Êxtase do Amor...

Dois pensamentos justificam esse momento, do Octavio Paz, acrescento: "Em todo encontro erótico há um personagem invisível e sempre ativo: a imaginação"... Com Arthur Schnitzler, outro advento: "A sensualidade queria nos convencer de que estávamos apaixonados, mas a razão resistia ao engano... Então a fantasia deu a sua ajuda oportuna”... 

A penumbra invadia nossa alma
meu corpo estremeceu
por não saber o que fazer
de tanto prazer...

Ele se aproxima e sussurra
uma meiga palavra
apontando o prelúdio
das doces horas...

Envolve-me em seus braços 
Aperta-me contra seu ardente corpo
Desliza suas mãos até meu rosto
Afaga-me pelo pescoço...

Um beijo quente
cola sua boca sobre a minha
e aprofunda sua língua na minha...

Enfio as mãos em seus cabelos
com toque suaves 
escorrego-me por sobre seu corpo...

Agarro-me a suas costas
laço minhas pernas
em sua cintura...

Com os lábios seu suor sugo
Minha boca absorve seu desejo
Uma lambida a mais: suspiros...

Ele me enlaça loucamente
e os gemidos expressam
mais um instante de êxtase...

Fusão de almas
paira sobre o tempo
no silêncio do amor...

A paixão revela os delírios
e a razão convence a fantasia 
a esperar por mais um dia...

A sensualidade se converte
em magia
E em louvor cá estou...

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Google Imagem...

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Mantra do Alvorecer...

Envolto ao exuberante brilho alvor das cores azul, laranja e amarelo lançadas pelas partículas do vento solar, que me contorce e nos concentra em um só ser, existe um mistério, ao som de toda nova aurora, nos convidando para bailar...

E no louvor dos pássaros
A cada amanhecer
Vem um mantra de sabedoria
Que me guia...

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Foto: Arison

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Se Eu Divina Fosse...

Enquanto os mares da verdade não forem totalmente navegados, contemplo o infinito horizonte, sentada às margens da vida a espera de passagem para seguir explorando novas paisagens...

Se minha alma fosse divina
Perfeito seria o eterno possível 
Adiante a conquistar...

Se divino fosse meu pisar
Imensos seriam os oceanos 
Para navegar...

Mas se fosse divino meu olhar
Próximo seria o horizonte
Da verde fonte
E do livre pássaro a passar...

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FotoAnderson
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