sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Reflexão...

Há certas almas
como as borboletas,

cuja fragilidade de asas

não resistem ao mais leve contato,
que deixam ficar pedaços
pelos dedos que as tocam.

deslumbram olhos,
atraem as vistas:
perseguem-nas,
alcançam-nas,
detêm-nas,
mas, quase sempre,
por saciedade
ou piedade,
libertam-nas outra vez.

Elas, porém, não voam como dantes,
ficam vazias de si mesmas,
cheias de desalento...

Almas e borboletas,
não fosse a tentação das cousas rasas;
- o amor de néctar,
- o néctar do amor,
e pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto,
admirando de longe!...



(Gilka Machado, in Sublimação, 1928)

O Retrato Fiel...

                                                     Sung Kim
Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!

Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.


Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;


naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.


Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.


Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

El Gran Silencio...


 
..."Quando se aquietam os lábios,  mil línguas ferem o coração"... Rûmî

 Não há como escapar de um grande deleite estético e espiritual ao se defrontar com o excelente filme de Philip Gröning, “O grande silêncio” (Die Große Stille – 2005) . Trata-se de uma obra singular, de grande sedução cinematográfica, que foge aos padrões usuais e possibilita a recuperação do significado de um tempo que revela “efeitos especiais interiores”. A idéia da filmagem nasceu em 1984, quando o diretor entrou em contato com os responsáveis da Grande Chartreuse, nos alpes franceses, ao norte de Grenoble, a casa mãe da ordem dos cartuchos, fundada por são Bruno de Colônia (1030-1101), em 1084 (séc. XI). 

 A resposta à solicitação de filmagem só veio em 1999, ou seja, 15 anos depois da solicitação feita. As condições para a sua realização estavam bem definidas: o diretor deveria permanecer hospedado no eremitério francês, conviver com a comunidade, sem poder fazer recurso a nenhuma iluminação artificial e sem poder contar com técnicos de apoio. O trabalho foi realizado pessoalmente por ele, durante os seis meses em que viveu, como os monges, numa das celas da comunidade. O cineasta recorda que foram tempos difíceis para ele, sobretudo no início, de adaptação à vida de solidão e à alimentação natural. Foram cerca de 300 horas de filmagem, que resultaram num filme de 160 minutos. Relata-se de forma muito rica e fidedigna a vida contemplativa, o ritmo, a repetição e o tempo do “silêncio eloqüente” que marca o cotidiano de 37 monges cartuxos que dedicam sua vida à experiência de amor a Deus. 

A técnica cinematográfica é inovadora. O diretor recorreu a uma tecnologia de última geração. Toda a filmagem é feita em alta definição, possibilitando uma percepção singular da vida contemplativa em nuances inusitadas. É um “filme de autor”, marcado por grande liberdade, que rompe os rótulos e os efeitos das grandes produções em curso. É um filme pontuado pela lógica da paciência, cujo ritmo é leve, pacato, lento. Há um respeito profundo pela temporalidade dos monges. A câmera cinematográfica não invade a privacidade dos eremitas, mas é acolhida com carinho, já que consegue sintonizar-se com a dinâmica vital de cada participante.

 O tempo é o grande protagonista deste belo filme, mas percebido no ritmo dos monges. A opção do diretor é deixar falar o silêncio que habita a Grande Chartreuse, e falar por si mesmo. São densas e longas as tomadas que captam cada detalhe da vida cotidiana dos monges: a expressão dos rostos, o rumor dos passos nos grandes corredores,  o vigor da noite em sua “solidão sonora”, o barulho da chuva, a madeira que queima e estala na estufa, os detalhes das frutas na bandeja, do copo com água sobre a mesa, da bacia que balança, da pá que remove a neve; e também a presença dos animais com seus guizos, o balanço da neve, o canto gregoriano e o ritmo dos sinos. 

E como são belos os toques dos sinos neste filme! E nada é feito com pressa. É como se o diretor buscasse provocar no espectador interrogações substantivas sob a forma como a vida vem sendo levada em nosso tempo, onde a gratuidade escapa por todos os poros. Há uma intenção de expressar não apenas os rumores do silêncio, mas também de educar o olhar para a percepção dos pequenos sinais, dos detalhes que sempre escapam daqueles que vivem sob o domínio da pressa e da busca de êxito. Os detalhes são inúmeros e ricos: o trabalho na cozinha e na cela, o ritmo da alimentação tranqüila, o recolhimento em oração, o monge que alimenta o gato, a alegria e gratuidade na descida sobre a neve. 

As imagens da natureza também são esplêndidas, como a das árvores que dançam sob o ritmo do vento e do lindo céu que abraça e protege a paisagem. Nada escapa ao olhar atento do diretor, que como um antropólogo do espírito, desvenda paisagens inusitadas e provoca uma sedução que estava adormecida. Como sublinha Olegário González de Cardedal, em belo artigo sobre o filme publicado em fevereiro de 2002 (IHU Online), “o espectador vai percebendo lentamente que o pano de fundo do filme é justamente o que não se vê e é isso que o alimenta. A sucessão de cenas, rostos, ruídos, cantos e neve é o acorde de uma presença interior que lhe dá conteúdo. O filme é o relato da presença silenciosa e sonora de Deus na vida de alguns homens para quem Ele é tudo, mas que não interfere em nada, de forma que tudo discorre na luz de seu rosto”.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Giro em torno do Sol...

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Um Amor sem Fugacidade...

...“Silêncio. Não explique o fundo de seus mares"... Rumi

Djalal ad-Din Rûmi nasceu em setembro de 1207, onde hoje está o Afeganistão. Rumi é considerado o maior poeta persa de todos os tempos. Sua vasta obra, composta por 70.000 versos, é comparada pelos estudiosos à grandiosidade de Shakespeare, Dante e Beethoven. 

Rumi fala de amor, mas não desse amor pequeno e fugaz que testemunhamos nas relações de hoje. A obra de Rumi fala de um amor maior. Um amor maior que a Terra, mais profundo que o oceano, mais quente que o sangue que corre em todas as veias. Rumi fala de um amor espiritual, um amor que transcende o tempo, a vida e a morte.

Aos 30 anos de idade Rumi conheceu seu guia espiritual e seu amante Shams de Tabriz. Shams era um homem de 60 anos à época, um marginal sem casa, sem futuro, sem medo e sem rumo. Seu apelido era “pássaro”, pois era incapaz de permanecer por muito tempo em um único lugar. Shams pregava pelas ruas sua verdade espiritual.

Shams e Rumi passaram meses isolados em comunhão espiritual. Eram almas gêmeas e buscavam uma meta única: a integração total com Deus. Rumi era um ser espiritual, mas não religioso. O amor que ele pregava era maior, incapaz de conter preconceitos, dogmas inflexíveis, punições. A poesia de Rumi é carregada de beleza terrena e divina, onde se é permitido amar, beber, viver e entregar-se ao amado (Deus).

Quando Shams morre, provavelmente assassinado por algum discípulo enciumado de Rumi, sua poesia sobe vários degraus e alcança o cume de uma montanha altíssima: a montanha do amor universal e da união mística.

Para Rumi a vida só tem sentido para quem sabe amar. Só quem ama conhece a imensa alegria e a profunda dor. Quem ama é do amor prisioneiro e senhor. Somente aquele que ama pode expor-se ao meio-dia sem queimar-se. 

Rumi viveu um amor maior. Abençoado seja Rumi, que ele inspire nossas vidas e liberte nossos corações. 



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Why Worry...

Baby I see this world has made you sad
Some people can be bad
The things they do, the things they say
But baby I'll wipe away those bitter tears
I'll chase away those restless fears
That turn your blue skies into grey

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Baby when I get down I turn to you
And you make sense of what I do
I know it isn't hard to say
But baby just when this world seems mean and cold
Our love comes shining red and gold
And all the rest is by the way

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Safak Türküsü...


Beni burada arama anne
Kapıda adımı sorma
Saçlarına yıldız düşmüş
Koparma anne
Ağlama

Kaç zamandır yüzüm tıraşlı
Gözlerim şafak bekledim
Uzarken ellerim
Kulağım kirişte
ölümü özledim anne
Yaşamak isterken delice

Ah verebilseydim keşke
Yüreği avcunda koşan
Herbir anneye
Tepeden tırnağa oğula
Ve kıza kesmiş
Bir ülkeyi armağan

Düşlerimle sınırsız
Diretmişliğimle genç
şaşkınlığımla çocuk devrederken sıradakine
Usulca açılıverdi
Yanağımda tomurcuk

Pir Sultan'ı düşün anne
şeyh Bedrettin'i
Börklüce'yi
Torlak Kemal'i düşün anne

insanları düşün anne
Düşün ki yüreğin sallansın
Düşün ki o an
Güneşli güzel günlere inanan
Mutlu bir yusufçuk havalansın

Yani benim güzel annem
Alacaşafağında ülkemin
yıldız uçurmak varken
Oturup yıldızlar içinde
Kendi buruk kanımı içtim

Ne garip duygu şu ölmek
öptüğüm kızlar geliyor aklıma
Bir açıklaması vardır elbet
Giderken darağacına

Geride
Masa üstünde boynu bükük kaldı Kağıt Kalem
Bağışla beni güzel annem
Oğul tadında bir mektup yazamadım diye kızma bana
Elleri değsin istemedim
Gözleri değsin istemedim
Ağlayıp koklayacaktın
Belki bir ömür taşıyacaktın koynunda

Yaşamak ağrısı asıldı boynuma
Oysa türkü tadında yaşamak isterdim

ölmek ne garip şey anne
Bayram kartlarının tutsaklığından aşırıp bayramı
Sedef kakmalı bir kutu içinde
Vermek isterdim çocukların ellerine
Sonra
Sonra benim güzel annem
Damdan düşer gibi
Vurulmak isterdim bir kıza

Gecenin kıyısında durmuşum
Kefenin cebi yok
Koynuma yıldız doldurmuşum
Koşun çocuklar çocuklar koşun
Sabah üstüme
üstüme geliyor

kısacası güzel annem
Bir çiçeği düşünürken ürpermek yok
Gülmek umut etmek özlemek
Ya da mektup beklemek
Gözleri yatırıp ıraklara

ölmek ne garip şey anne
Artık duvarları kanatırcasına tırnağımla
şaşkın umutlu şiirler yazamayacağım
Mutlak bir inançla gözlerimi tavana çakamayacağım
Baba olamayacağım örneğin
Toprak olmak ne garip şey anne

Uçurumlar ki sende büyür
Dağdır ki sende göçer
Ben yaprak derim çiçek derim
Cam diplerinde açmış kanatlarını kozalak derim
Gül yanaklı çocuğa benzer
Yine de
Oğlunu yitirmek kimbilir
Ne garip şey anne

Her kavgada ölen benim
Bayrak tutan çarpışan
Her kadın toprağı tırnaklayarak doğurur beni
özlem benim kavga benim aşk benim
Bekle beni anne
Bir sabah çıkagelirim

Bir sabah ana bir sabah
Acını süpürmek için açtığında kapını

Adı başka sesi başka nice yaşıtım
Koynunda çicekler
çicekler içinde bir ülke getirirler
Ahmet Kaya Şafak Türküsü şarkı sözü şarkısının sözleri

El Arbi...

 
Yana il arbi weld il ghama wajil dellali
Dellali dellali Dana dana dana liy dellali Miryooli dellali
Yana il arbi weld maga waghmal dellali Dellali dellali Yana il arbi weld il sa7ra wasmar dellali Dellali dellali
La zhar la mimoun khallouni nhoum dellali Dellali dellali Yana il arbi weld il maga waghmal dellali Dellali

http://www.vagalume.com.br/khaled/el-arbi.html#ixzz24QQue1d9

A Porta do Sol...

 Elias Khoury cria saga sobre a Palestina...

 ... "Parece compreensível que o primeiro épico contemporâneo sobre a saga palestina seja escrito por um libanês, mas o fato de o Líbano ter galvanizado a questão da identidade de um povo não justifica por si a fama de Porta do Sol (Editora Record, 504 págs., R$ 52), o delicado monumento literário de Elias Khoury, que completa 60 anos em 2008. O escritor conseguiu o que poucos autores envolvidos com temas políticos conseguem: unir a razão militante com a sensibilidade de quem vê no “outro” a própria imagem refletida no espelho. 

Para escrever A Porta do Sol, Khoury, um homem de esquerda, formado segundo os princípios do cristianismo, teve de se livrar de todos os estereótipos – palestinos e israelenses . Ao contrário de outros autores árabes, ele procurou ver o “outro” como fruto de uma experiência tão amarga como a dos refugiados nos campos palestinos. No entanto, reconhecer a alteridade não significa virar o outro. Khoury é adepto do monólogo interior, que marca parte de sua longa produção literária. Afinal, é só começar o diálogo para passar à discordância. Então, a solução encontrada pelo autor em Porta do Sol foi criar um narrador que fala sozinho. Ou melhor: com um outro que pode estar morto.

A Porta do Sol é um manifesto que prega não a tolerância, mas o diálogo real entre judeus e árabes, o que irritou alguns críticos de Israel, especialmente por conta do cruzamento entre história real e criação literária. Khoury deu o troco. Disse em sua defesa que a literatura israelense, com exceções, costuma reduzir os palestinos a beduínos estúpidos. E por que os escritores de Israel não conseguem enxergar o palestino? “Porque pisam em sua sombra.” Khoury não pisa em ninguém nesse livro lançado há dez anos e só agora traduzido para o português"...


A Porta do Sol...

... "O escritor libanês Elias Khoury (n. 1948) é um dos poucos autores árabes que suscita interesse por parte da imprensa ocidental. Romancista e dramaturgo, professor em Nova Iorque (Columbia) e na Universidade Americana de Beirute, iniciou em 1975, depois de ter participado na guerra civil do Líbano, uma obra literária praticamente desconhecida em Portugal. A Porta do Sol, traduzido a partir da versão francesa, acaba de chegar às livrarias. O livro narra o êxodo dos palestinianos entre 1947 e 1950, quando cerca de 700 mil palestinianos deixaram a Galileia. Foi Edward Said que o recomendou aos editores americanos, e esse gesto vale por todos os prémios"...

Eduardo Pitta, Sábado: Link...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ao Encontro da Sombra...


Diante da minha obsessão por esse gênero de leitura e perante minha incessante busca de conhecimento do interior, apresento-vos minha nova leitura: Ao Encontro da Sombra...

Conforme esta leitura: a sombra representa o lado escuro da natureza humana, desconhecida e incompatível  com a vivência do ser humano; assim, na representação das teorias Jung da psicologia analítica profunda, ela (a Sombra, claro!) caracteriza os aspectos que dizem respeito as qualidades, as virtudes, os vícios, os defeitos; enfim, todos os conflitos do interior do ser; portanto ela apresenta os aspectos negativos e positivos do desconhecido na natureza humana, construído dessa forma as contradições e os confrontos face ao conhecimento da realidade pessoal, familiar, religiosa, social, política, etc.: a Nação Global também vive no escuro, por isso ainda se digladia com sua Sombra, com isso cultua a Guerra...  
  
Por fim,  os indivíduos somente conquistam o equilíbrio necessário do Ser na medida em que adquirem a consciência dessa Sombra, iluminada com a Luz do interior e do pleno autoconhecimento, desfazendo-se, finalmente, os conflitos das realidades vivenciadas, sobretudo das consequências das marcas que o processo civilizatório deixou no sistema atual e que condicionaram as cicatrizes do ser humano moderno, onde vive o eterno combate ao inimigo, aí, possivelmente,  está a origem das Guerras...     
    
Vejamos então o que nos diz a Apresentação do Livro: “Ao Encontro da Sombra é uma coletânea de 65 artigos que oferecem um vasto panorama do lado escuro da natureza humana, tal como este se manifesta no seio da família, nos relacionamentos íntimos, na sexualidade, no trabalho, na espiritualidade, na Nova Era, na política, na psicoterapia e na criatividade...
                     
A sombra é conhecida por muitos nomes: o eu reprimido; o self  inferior, o gêmeo (ou irmão) escuro das escrituras e mitos; o duplo; o eu rejeitado; o alter ego; o id... Quando nos vemos face a face com o nosso lado mais escuro, usamos metáforas para descrever esse encontro com a sombra: confronto com os nossos demônios; luta contra o diabo; descida aos infernos; noite escura da alma; crise da meia-idade...

Sentimentos e comportamentos proibidos surgem da parte mais escura e negada de nós mesmos — é a nossa sombra pessoal... Todos nós  no mundo temos uma sombra que começa a se desenvolver na infância, como resultado da repressão ou negação de sentimentos indesejáveis... Encontramos com a nossa sombra quando sentimos uma inexplicável aversão por alguém, quando descobrimos um traço inaceitável e há muito tempo escondido dentro de nós, ou quando nos sentimos dominados pela raiva, pelo ciúme ou
pela vergonha...

A sombra, no entanto, não é apenas um problema individual... Grupos e nações têm uma sombra coletiva, que pode levar a ações perigosas, como racismo... bodes expiatórios... criação de inimigos... e a guerra”...

(Connie Zweig e Jeremiah Abrams - orgs.)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Livre... Leve... Brisa...


E por entre ventos e velas, segue a brisa do destino a guiar uma vastidão de sentimentos em direção ao Tempo: Livre... Leve... Brisa!... 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Amor Livre e Outras Histórias...

 ... “Acordo febril e não sei porquê, não consigo ver nada, porque está muito escuro com as persianas corridas, e não me consigo lembrar por que tenho o coração a bater tão depressa... Depois oiço-te a respirar e sei que estamos de férias e que estás ao pé de mim... Oiço uma mudança na tua respiração, porque percebes que estou acordada... Sinto-te a virares-te para o meu lado... Antes de me enroscar em ti, antes de aconchegar a minha cabeça nos teus braços e encostar os meus olhos aos teus ombros, faço o que te tenho visto fazer desde sempre, ergo os braços acimas das nossas cabeças e para dar sorte, por amor, toco por um momento na madeira”...

Refúgio dos Livros, eis...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Fogo de Carver...

“É seguramente uma das confissões literárias mais bonitas. Num pequeno texto intitulado Fogos (título também da coletânea em que está inserido e que a Quetzal agora publica), Raymond Carver desvenda os seus tempos de jovem escritor. E fá-lo com uma honestidade desarmante, como em muitas outras ocasiões. Nestas páginas reencontramos o homem que aos poucos sonhou um imenso território só para si: a ficção. Mas que também se confrontou com a vida, o quotidiano, as obrigações. As familiares, em primeiro lugar, as domésticas, logo a seguir, e as pessoais, finalmente e com maior peso, onde poderíamos incluir a bebida, o veneno da sua alma.”

Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras, aqui...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Yağmurun Elleri...


Küçücük bir bakışın
Çözer beni kolayca
Kenetlenmiş parmaklar gibi
Sımsıkı kapanmış olsun

Yaprak yaprak açtırırsın
İlk yaz nasıl açtırırsa
İlk gülünü gizem dolu
Hünerli bir dokunuşla

Hiç kimsenin yağmurun bile
Böyle küçük elleri yoktur
Bütün güllerden derin
Bir sesi var gözlerinin

Başedilmez o gergin
Kırılganlığınla senin
Her solukta sonsuzluk
Ve ölüm...

A Humana Sombra...


... “Tudo o que tem substância lança uma sombra... O ego está para a sombra como a luz está para as trevas... Essa é a qualidade que nos torna humanos... Por mais que o queiramos negar, somos imperfeitos... E talvez seja naquilo que não aceitamos em nós mesmos — a nossa agressividade e vergonha, a nossa culpa e a nossa dor — que descobrimos a nossa humanidade”...

domingo, 5 de agosto de 2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Em qual estrela você se escondeu?...


Existem momentos que, ao tocar no coração, preenchem o vazio de qualquer ilusão; espera: esperança vã!...

E aí a permissão sagrada foi um caminhar pelas artérias do  coração, enquanto o vento não chegava, mas veio o sonho em retalhos; as fantasias em pedaços: vislumbro a noite ouvindo uma melodia e ouço teus passos construindo astros; estrelas cadentes na Lua vivente...

Vem em passos leves ao encontro da praia sem dividir as águas do mar... Anistia a minha fraqueza sem torturar meu medo, porque é esse o meu desejo... Vejo a chuva através da cortina transparente e, diante do som telúrico onde dançam as folhas leves, ouço o silêncio duma canção na minha triste submissão; assim, desfaço-me ouvindo  tua doce voz  em oração... Enfim, chegou:
 
A Aurora da Paixão...   

E num instante sublime do alvorecer,
no Verão ardente da paixão,
O Sol vem brilhante
A me aquecer

Nele teus olhos
Me iluminam com raios
Radiante de sedução...

O abraço
É um suave envolver-se...

Vagando em devaneios
Estendo-te os braços...

Por entre toques delicados
De duas mãos
Suspiro em delírios de silêncio...

Sinto-te na Paz
Que vem do Coração...