quarta-feira, 24 de agosto de 2011

As conseqüências da Modernidade...


Para conseguir explicar a visão de Giddens sobre a globalização será necessário examinar suas idéias sobre o processo de modernização. Isto acontece por culpa da sua crença de que as sementes da globalização são plantadas pelos processos de modernização. Giddens não concebe a modernização como representante do começo de uma nova era ou sequer época da humanidade. Para Giddens a globalização é uma continuação de tendências postas em movimento pelo processo de modernização que teve início na Europa do século XVIII. A modernização substituiu as formas de sociedades tradicionais que eram baseadas na agricultura.

Giddens sugere que o processo de modernização influiu em quatro grandes grupos de “complexos institucionais da modernidade”. Estes quatro que formam a base do processo de modernização. Eles são: Poder administrativo, poder militar, capitalismo e industrialização.

O poder administrativo se refere ao crescimento e ao desenvolvimento da nação-estado secular, esta nova forma de estado é baseado em formas burocráticas e racionais de administração de sua população, lei e ordem. Tal “Racionalização administrativa” permite, como diria Giddens, o desenvolvimento de um estado envolvido na sua sobrevivência e na de outros, populações até então desconhecidas.

O capitalismo e a industrialização então representam as novas formas de produção baseadas e centradas na produção fabrico-industrial. Igualmente às novas formas de cálculo econômico como o lucro, ela se tornou dominante na economia moderna, substituindo as formas tradicionais de produção baseadas primariamente na agricultura.

No livro As consequências da modernidade GIDDENS (1991) propõe uma análise institucional da modernidade com ênfase cultural e epistemológica. Neste sentido, o autor diz que a "modernidade" refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que se emergiram na Europa a partir do século XVIII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência. p. 8

No que diz respeito a pós-modernidade, GIDDENS diz que se refere a um deslocamento das tentativas de fundamentar a epistemologia, e da fé no progresso planejado humanamente. Afirma ainda que a condição pós-moderna é caracterizada por uma evaporação da grand narrative - o "enredo" dominante por meio do qual somos inseridos na história como seres tendo um passado e um futuro predizível. Sobre a perspectiva pós-moderna, o autor infere que esta vê uma pluralidade de reivindicações heterogênias de conhecimento, na qual a ciência não tem um lugar privilegiado. Ou seja, a pós-modernidade destrona a ciência que havia ocupado o trono com tanta pompa na modernidade. Mas, não há apenas um modelo de conhecimento para se colocar no lugar da ciência, sim múltiplos e fluidicos saberes e conhecimentos.

Giddens, porém defende que os modos de vida produzidos pela modernidade nos desvencilharam de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira que não tem precedentes. Tanto em sua extensionalidade quanto em sua intecionalidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de mudança característicos dos perídos precedentes. p. 10

Giddens argumenta que a influência a longo prazo do evolucionismo social é uma das razões por que o caráter desconstinuísta da modernidade tem com frequência deixado de ser plenamente apreciado. Uma vez que, a história, no seu dizer, "começa" com culturas pequenas, isoladas, de caçadores e coletores, se movimenta através do desenvolvimento de comunidades agrcolas e pastoris e daí para a formação de estados agrários, culminando na emergência de sociedades modernas no Ociendente. p. 11

Entretanto, desconstruir o evolucionismo social significa aceitar que a história não pode ser vista como uma unidade, ou como refletindo certos principios unificadores de organização e transformação. Giddens apresenta três descontinuidades que separam as instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais, a saber:

1. O ritmo de mudança nítido que a era da modernidade põe em movimento;

2. O escopo da mudança. Conforme diferentes áreas do globo são postas em interconexão, ondas de transformação social penetram virtualmente toda a superficie da Terra;

3. Por fim, a natureza intrínseca das instituições modernas, uma vez que algumas formas sociais modernas simplesmente não se encontram em períodos históricos precedentes. p. 12