domingo, 30 de novembro de 2014

Dezembro de Louvor...

Ufa!
O Calendário se esgotou
O ano está a finalizar
Foi dezembro quem chegou
Com ele vem a alegria 
E o louvor
Alegro-me pelo Natal de amor
e por aqueles 
onde o Papai Noel não chegar
vou louvar...
Ofereço o pão da gratidão
por todo o chão 
e a mão
que nos conduzem sempre
ao nosso Senhor...

*.*.*.*

Always In My Head...



Novo Amanhecer...

A cada novo amanhecer
louvado seja o Dom
que faz a Esperança renascer...

Assim, vou adiante com a luz do Sol
com a força do Universo
sob a proteção da Lua
e as Estrelas como Divina Guia...

Perco-me de mim
para ser um sim
somente versos no reverso
e ao fugir de ti
desfavoreço-me...

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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Da Escrita...

A mim
Foi a leitura quem me curou
Em escrita,
Ela se transformou...

Aí a escrita
De mim se apoderou
E quando rima
Vem-me cheia de amor...

Só ela me transborda de louvor...

Se sinto dor
Ela transforma as lágrimas 
Em delicadas palavras
Daí elevo tudo a ti, Senhor...

*.*.*.*

terça-feira, 25 de novembro de 2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Pérolas da Dor...

Sob o julgo alheio, toda doença incurável será um eterno ruido nos ouvidos da insensibilidade, por isso, às vezes, o ódio incinde em se sobrepor, tornando-se quase impossível perdoar... 

Separar o que somos daquelas influências insistentes dos fatores externos deve ser uma tarefa cotidiana: para mim - é um incansável exercício inútil... pois vibro noutra frequência, somente as pedras do caminho podem sentir...

Em certas ocasiões é contínuo o aquecimento do fogo da dor... E quem disse que todas as experiências são as custas de doces beijinhos?... Nem sempre torturas físicas e psicológicas se transformam em pérolas de amor...
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domingo, 23 de novembro de 2014

Garganta con Arena...



Noite de Saudade...

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...


Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão 'scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe 
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!...

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Florbela Espanca

Soledad...



A Um Livro...

No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
Sombra roubada ao livro que ando a ler,
A esse livro de mágoas que me deste.

Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!

Leio-o, e folheio, assim, toda a minh'alma!
O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto!...

Poeta igual a mim, ai quem me dera
Dizer o que tu dizes!... Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto!...

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Florbela Espanca

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

E Sendo Amor...


Estrada do Insignificante...

Sim, as palavras são discretas, mas enquanto simples letras!... Jamais as palavras são destemidas ou vazias; pois elas, quando dispostas no significante da sintaxe, exortam a sublime ideia da destemida indiscrição... 

Ali as palavras se dividem em sentidos diversos e, como flecha em busca dum alvo, perdem-se na estrada do insignificante...
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terça-feira, 18 de novembro de 2014

And It's Supposed To Be Love...



Oásis Íntimo...



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Para Aprender Amar...

Bendigo a cada novo sentimento e a cada novo conhecimento que me fazem evoluir!...

Aprendi muito jovem a bendizer a cada obstáculo que não transpunha os caminhos dos quais almejei; no entanto aprendi muito velha a não me desmanchar em lágrimas com as covardias, calúnias e difamações que agrediam minha dignidade, consequentemente: de tanto sofrer não vivia o real instante; felizmente jamais ocultei a verdade com mentiras, nem desejei atingir o primeiro lugar em nada que me propus a conquistar, nunca desejei aplausos e reconhecimentos, apenas sonhei com o respeito... Mesmo assim: esqueci de viver, não fui amiga, companheira, sufoquei a família e reneguei a voz da solidariedade...

Eis aí a dor mais doída de um ser... Conforme a delicadeza exigida naqueles momentos, nunca aprendi amar... No anseio de superar os desafios oferecidos pela evolução natural, fiquei presa na rudeza a qual fui condicionada, portanto - para mim - a mais dolorida batalha, travada ao desvendar a sombra que me envolve, foi a descoberta da minha incapacidade de amar... Infelizmente essa é uma fratura exposta que, conscientemente, venho tentando curar... Talvez tão dolorido quanto sofrer por amor é perceber o quanto sou incapaz de saber amar... 

Nas singelezas dos puros olhares cheios de sentimentos, já vislumbrei a paixão, quão foi agradável aquele enigma que me envolveu numa química inebriante... Tal êxtase me fazia levitar; logo eu percebia a amabilidade desse suave sentimento, involuntariamente tratava de destruí-lo... A verdade é que eu jamais aprendi entorpecer o coração;  tampouco o destino me propôs uma pausa involuntária para rever meus caminhos... E a circunstância me impôs um eterno vazio a procura de minha alma perdida: "Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... isto é circunstância!...Solidão é muito mais que isto... Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!"... Daqui...

Perdoem-me a indelicadeza, mas como  me disse Manoel de Barros: "aquele que não morou nunca em seus próprios abismos nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas, não foi marcado... Não será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema"... 

Enfim, posso não saber amar, porém não canso de lutar com meus próprios fantasmas, na tentativa de iluminar a sombra que me consome os dias e devora as noites, dessa forma tento resgatar os fragmentos que o tempo levou...
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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

sábado, 15 de novembro de 2014

Gozar La Vida...



Do Amor...

(parágrafo retirado para uma melhor adaptação, grata!)
Há quem muito aprecie um corpo nu, mas quando veem uma alma nua chamam-na de loucura ou qualquer outro estereótipo que lhes convenham para denegrir a imagem de quem é sincero consigo mesmo... Assim, sempre espero por aqueles que desejam ir ao meu encontro; sem, no entanto, encher-me de coragem, ao descrever os sentimentos que transbordam do coração, para expor a nudez da alma... Gostei 'Do Amor' Obvious:

... "O amor é realmente um enigma... Pus-me a pensar no amor, esquecendo-me completamente do purismo da língua, das observações analíticas: pensei no amor do dia a dia, o amor desabafado e desabado nos ombros amigos; pensei nos amores de bar e nos amores média, pão e manteiga com olhares perdidos e esperanças matinais.

Ponderei sobre amores que nem sempre são amores, mas que pelo tempo que estiverem trajados de amor serão intermináveis. Pensei nos amores absolutamente apaixonados que visitam camas e muros; nos amores complicados tal qual nó de aselha, cegos em sua existência, e por fim, pensei naquele amor que de tanto ser amor torna-se enigma, aquele amor fecundo em todos os tempos, que será sempre amor mesmo depois de findo.

Este amor é silencioso, sobrevive à própria morte, posto que renasce nas lembranças e em frases de carinho. É amor de travesseiro, não importa o novo amor, muito menos com quem você se deite, haverá de haver um boa noite distante.

Quando eu era jovem discordava da afirmativa de Nelson Rodrigues: “Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor”. Entendia que o amor necessitava de presença, toque, sexo, beijos. Hoje minhas retinas refletidas e vividas, permitem-me compreender: Há o amor de querer bem, não importa o fim, segue-se, sim, amando"...
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Pintura: Hob Hefferan

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Como Dois Animais...

Sem Sombra...

A apresentação da Sombra... 

... "Cada um de nós contém um Dr. Jekyll e um Mr. Hyde: uma persona agradável para o uso cotidiano e um eu oculto e noturno que permanece amordaçado a maior parte do tempo... Emoções e comportamentos negativos — raiva, inveja, vergonha, falsidade, ressentimento, lascívia, cobiça, tendências suicidas e homicidas — ficam escondidos logo abaixo da superfície, mascarados pelo nosso eu mais apropriado às conveniências... Em seu conjunto, são conhecidos na psicologia como a sombra pessoal, que continua a ser um território indomado e inexplorado para a maioria de nós...

A sombra pessoal desenvolve-se naturalmente em todas as crianças... A medida que nos identificamos com as características ideais de personalidade (tais como polidez e generosidade) que são encorajadas pelo nosso ambiente, vamos formando aquilo que W. Brugh Joy chama o "eu das decisões de Ano Novo"... Ao mesmo tempo, vamos enterrando na sombra aquelas qualidades que não são adequadas à nossa auto-imagem, como a rudeza e o egoísmo... O ego e a sombra, portanto, desenvolvem-se aos pares, criando-se mutuamente a partir da mesma experiência de vida"...

Em alguma data do passado, não muito distante, apresentei aqui uma instigante leitura que "oferece um vasto panorama do lado escuro da natureza humana, tal como este se manifesta no seio da família, nos relacionamentos íntimos, na sexualidade, no trabalho, na espiritualidade, na Nova Era, na política, na psicoterapia e na criatividade...

Nesse livro também conhecemos instrumentos para o desenvolvimento pessoal na forma de exercícios que nos possibilitam: alcançar uma auto-aceitação mais autêntica e completa; assim como transformar as emoções negativas que emergem na vida diária; liberar a culpa e a vergonha associadas com a negatividade; reconhecer as projeções que colorem nossas opiniões a respeito dos outros; equilibrar nossos relacionamentos através de uma autenticidade mais profunda e usar a escrita, o desenho e os sonhos para resgatar partes fragmentadas de nós mesmos... Embora sejamos levados a pensar que a sombra contenha apenas escuridão, conforme afirmou Jung: sua essência é "puro ouro"...

Bem sei da necessidade em fazer uma apurada consideração sobre alguns pontos do livro Ao Encontro da Sombra , porém deixarei para um momento de plena segurança argumentativa; por enquanto o interessante é saber que a sombra descrita neste livro nos faz repensar de forma simples sobre o nosso lado obscuro e confuso o qual nos leva às neuroses, melancolias e depressões e que nos impede de digerir conscientemente todos os anseios próprios de nossa condição humana...

Outro fator importante também é perceber, através dessa leitura, a desordem social enquanto reflexo dos desequilíbrios individuais, ou a desordem é essencialmente a extensão do desequilíbrio daqueles que nos governam: "A sombra, no entanto, não é apenas um problema individual... Grupos e nações têm uma sombra coletiva, que pode levar a ações perigosas, como racismo... bodes expiatórios... criação de inimigos... e a guerra"...


Ao 'Encontro da Sombra' é uma leitura para ser degustada lenta e suavemente, portanto voltarei depois com mais luz à nossa sombra, eis aí  a principal degustação:

... “E aqui existe um mistério, e eu não o compreendo: Sem esse toque de algo alheio e — até mesmo — selvagem, sem as terríveis energias do lado avesso da saúde, da sanidade e do juízo, nada funciona, nada pode funcionar... Pois afirmo que a bondade — aquilo que nós, em nosso eu diurno e comum, chamamos bondade: o comum, o decente — nada é sem os poderes ocultos que se despejam continuamente do lado da sombra...

Ah, se fosse assim tão simples!... Se houvesse pessoas más em um lugar, insidiosamente cometendo más ações, e se nos bastasse separá-las do resto de nós e destruí-las... Mas a linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano... E quem se disporia a destruir uma parte do seu próprio coração?"...

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Crédito da imagem: Sergio Ranalli

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Le Cygne...



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Viva a Vida!...

Perante a lei da relatividade, como possibilidade de adaptação ao meu pensar, tomo emprestado o trecho, a seguir, das Crônicas de Martha Medeiro:

... "Não precisamos de um ninho de amor financiado para pagar a perder de vista, nem de vestido de noiva, nem de anel de compromisso, nem de muitos planos... Estamos quites com nossa juventude, já gastamos as ilusões, agora nos restou o melhor da vida: ela própria, simplesmente... 

A vida que temos na mão para consumo imediato... Sem discussões excessivas sobre moral, sem excesso de argumentações psicológicas, sociológicas ou com qualquer lógica”...

Assim sendo, com esse pensamento apresento uma parte do sentido de completude existencial, desse modo evito repetir os agradecimentos por ontem, por hoje e sempre; estou de bem com a vida, pois a natureza que me envolve já me basta... 

Sem os excessos de argumentos, mas com um pouco de psicanálise, C.G Jung conclui a reflexão de hoje esclarecendo-me o que é pisar na realidade e viver conscientemente: "O ser humano não se torna iluminado ao imaginar figuras de luz, mas ao conscientizar-se da escuridão... Aquilo que não fazemos aflorar à consciência aparece em nossas vidas como destino"...  

Tudo caminha conforme tem que ser, melhor dizendo: tudo está seguindo conforme nossas atitudes... E Viva a Vida!...

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Crédito da imagem: Diego Fernando

domingo, 9 de novembro de 2014

Quiereme...



Sobre a Arqueologia Existencial...

Se Vossa Excelência permitir, continuarei o relato: alguém já disse que ninguém decide escrever somente quando se tem temas interessantes para se dizer... Hum, esse é um ótimo jogo!... Foi a partir desse feito que decidi expor simples pensamentos subjetivos, assim, fiz tesse território virtual um diário da alma, além de ocupar as horas ociosas, vou aprendendo a compartilhar a timidez através de uma escrita artesanal e primária... 

Às vezes vou forjando o entendimento da literatura e da arte ou improvisando reflexões em geral; em outros momentos invoco a lírica dos grandes Mestres para acalentar minha alma, contudo o objetivo primordial é fazer cotidianamente uma arqueologia de sentimentos incorrespondidos e incompreendidos, normalmente é necessário a contribuição duma trilha sonora internacional para dar o sabor necessário... Isso quando existe a disposição e saúde para fazer uma escavação interior, caso contrário descrevo uma memória geográfica qualquer; mas é claro que os assuntos mais relevantes e sérios não convém disponibilizá-los online, ficam arquivados no Diário-de-Papel... Quer saber o quanto são graves?... Vem ouvir de perto, vem!... 

Por medidas de precaução, gosto sempre de relembrar: por enquanto não tenho pretensões em escrever temas complexos de cunho científicos e políticos ou relatar fatos que fogem de minha compreensão, bem como não disponho de autoridade para defender assuntos dos Humanos Direitos local ou global; portanto,  para não ser confundida com uma aspirante à intelectualidade, jamais negarei a veleidade que me acompanha... 

Enfim, por aqui vou persistindo a roubar risos e esconder lágrimas... Como uma coruja, perco-me na escuridão a me distrair, porém sempre na intenção de ir acumulando  fragmentos das fraquezas e fragilidade que me absorvem os dias confusos, bem como as noites tristes sem vento... Então, enquanto estratégias de passa-tempo, e com acúmulos de sentidos individualmente relevantes, vou construído uma infinda biblioteca desses ínfimos momentos dos distintos sentidos do silêncio... 

Um adorável amigo disse-me que tudo muda: a sociedade, o mundo, a ciência, o clima, a tecnologia, só não muda os pensamentos estereotipados; é por isso que sempre tento fugir dos esterótipos... Finalmente, desejo apenas tornar visível uma parte daquilo que venho escavando do coração e vislumbrando desde 2009; as interpretações ficam a critério da visão ou limite de quem me ler... Já passaram-se 5 anos dessa arqueologia existencial (criação desse blog) e sonho continuar por mais alguns anos... Tenho vossa permissão?... 

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Pintura: Gaetano Bellei

sábado, 8 de novembro de 2014

Nothing Else Matters: La Despedida...


O Vinho da Amizade...

Cá fico a imaginar: o porquê vocês fazem a mesma exigência de sempre... Bem, certeza eu não tenho, pensei: deve ser o prenúncio de inverno... O outono chegou e a carência dominou... 

Obviamente, estou sendo intimada a ser abusivamente redundante!... Compreendam-me, por favor!... Acredito que nesse inverno não teremos chocolate quente nem chá, e sem lareira, infelizmente, não adianta cantar: "eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer, mas se eu digo venha você traz a lenha pro meu fogo acender"... Estou equivocada?... 

A sério, as conversações foram um grande aprendizado, porém preciso de novas lições, outras compreensões... Foi necessário mudar o caminho, ainda estou desnorteada para decantar o amor apaixonado... Amanhã continuarei com a redundância... 

Um brinde às palavras!... Sintam o sabor do vinho de nossa amizade!... 

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Alta Gracia!...



Motivo...

... "Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta...

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento...

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei... Não sei se fico
ou passo...

Sei que canto... E a canção é tudo...
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei muda:
— mais nada"...

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Crédito da imagem: Camila Coutinho Silva

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Hay Amores...



Arte Poética...

... "Olhar o rio feito de tempo e água
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que os rostos passam como a água.

Sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar e que a morte
Que nossa carne teme é esta morte
De cada noite, que se chama sonho.

Ver no dia ou no ano um símbolo
Dos dias do homem de seus anos,
Converter o ultraje dos anos
Em música, rumor e símbolo,

Ver na morte o sonho, no ocaso
Um triste ouro, como a poesia
Que é imortal e pobre. A poesia
retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes, em plena tarde, uma face
Nos observa do fundo do espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela a própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Verde e humilde. A arte é esta Ítaca
Da verde eternidade, não de prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante, que é o mesmo
E outro, como o rio interminável"...

*.*.*.*
Jorge Luis Borges

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Palabras...



Na Solidão da Palavra...

Se não houver objeção, te direi o que penso sobre o temor oculto... Não acredito no perigo das palavras, não... Os discursos, sim, são perigosos, quando proferidos no vazio da demagogia... Por isso, não tenho medo de nenhuma palavra; adoro saboreá-las, principalmente quando estão solitárias: presas no dicionário...

Certamente, medo eu sinto de voltar a repetir o passado... quero sempre seguir em frente, e olhar para trás apenas para saber a distância percorrida ou para conhecer a flexão, classificação,  formação e a origem das palavras; o estudo da lexiologia se entrelaça perfeitamente com meu confinamento e faz-me sempre sonhar com o pensamento de Simone de Beauvoir: "Que nada nos defina, nada nos sujeite... E que a liberdade seja a nossa própria substância"... Porque adoro o estado de  insignificância ao qual fui subjugada: sem nenhuma intenção de criar asas para voar... 

Quanto aquelas palavras presas, me perco sempre nos labirintos formados por elas... Por vezes pode faltar o tempero da paixão ou da aversão, algo que possa causar algum impacto através delas, mas nada que me cause preocupações, por isso gosto de ficar no silêncio sob o abrigo dessa fiel companhia: o léxico... É muito agradável, nesses dias de chuva, ficar à deriva por entre palavras desconhecidas tentando desvendar seus mistérios e sentir a brisa suave do abandono...

*.*.*.*

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Why Worry...



Canção de Outono...

... "Tu és folha de outono 
voante pelo jardim...
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão"...

*.*.*.*
Cecília Meireles 
Crédito da fotografia: ALJ 

sábado, 1 de novembro de 2014