terça-feira, 31 de março de 2015

Silence...


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sexta-feira, 27 de março de 2015

Recomeçar...

Sem ter medo de me machucar: caio na chuva, sinto frio, escorrego na lama, me arranho e me descabelo, grito de dor e choro sem amor, mas recuso os absurdos escombrosos da solidez superficial... É isso, precisamente, que dita o ritmo da esperança em sair dos pensamentos sem perder a sensatez... 

Mesmo na ausência de decisões a deliberar, sigo sempre refletindo sobre o ontem, o hoje e o amanhã; assim solidifico a serenidade que me livra dos rancores, dos julgamentos e dos jugos subestimadores... 

Pois preciso acreditar na magia que me faz evoluir, para seguir em frente sem temer o escuro que ofusca o brilho dos deliciosos dias de chuva... Benditas sejam as águas edificantes de março, que renovam nossas esperanças de recomeçar...
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Foto: Nature

quinta-feira, 26 de março de 2015

Homens e Rios se Parecem!...

Bom, eles – homens e rios – se encontraram na Amazônia com boa dose de misticismo. Se conheceram, se apalparam e teceram vida nova num espaço selvagem e lúdico. Por isso surgiu o Acre das águas e da floresta, por onde fervilham, por alguns séculos, índios e cariús, negros e pardos, borracha e sucuris, botos e iaras…

Quando criança, também tive a felicidade de viver às margens de um rio, o Iaco, e de me envolver com seus mistérios. Sabia da morada de uma sucuri no poço fundo em frente à nossa casa, acreditava que em noites de festa dançarino vestidos de branco saíam de suas águas e tinha medo que a Iara aparecesse, até imaginando que o rio tinha um espírito.

Observando o rio, eu marcava as estações: porque no verão andava por suas praias desertas catando ovos de tracajá e, no inverno, quando me recolhia, temeroso, queria ver de perto o que descia das cabeceiras: melancias, troncos e árvores inteiras arrastadas pela correnteza...
(...)
Ah! Mas ando desanimado porque vejo como as pessoas traem a amizade antiga com esses rios de água mítica. Esquecem das vantagens usufruídas e os maltratam: com lixo, exploração excessiva de seus recursos, destruição das matas ciliares… E ainda se zangam quando a natureza reage com enxurradas, quem sabe pedindo socorro, agonizando!

Até meados do século passado a relação dos acreanos com esses rios incluía troca, zelo e muito respeito entre ambos. Agora, homens e rios se mostram apartados, se estranham e se agridem mutuamente. Como se a sobrevivência de ambos não dependesse de uma reaproximação"...
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Fotografia: AJ...

quarta-feira, 25 de março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

Asas Quebradas...

Caminhando por esse Mundo
Eu sou:
Um alívio para as feridas 
A fera do pânico em pavor
Uma loucura entontecida de dor
Do poder, uma terrível permanência 
Plantada no labor...

Do triste desatino
A convulsão
Que revoa pelo universo...

Enquanto rimo sem destino
Me retiro do inumano
E cálido louvor
Assim, eu canto o que não sou...

Com as asas quebradas
Vou arrastando o meu amor...

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Imagem: Vicente R. Redondo

sexta-feira, 20 de março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

A Casa das Rosas...

... "Esta é a história extraordinária de Eulália, uma jovem da classe média de São Paulo. Os inusitados acontecimentos que marcam a sua vida nesse período épico da vida brasileira, entre 1983 e 1984 (a campanha pelas eleições diretas, marco no combate pela democracia), vão transportar o leitor para um mundo onde realidade e fantasia coexistem e se entrelaçam. Ao longo desta história, haverá uma mãe desaparecida, um vestido de noiva, um detetive solitário, um jardineiro que sabe demais, um deputado poderoso, um perfume de rosas, uma fuga através da cidade, um animal que fala, um fantasma que aparece e desaparece, um poeta mexicano que só mais tarde irá surgir nos livros de Roberto Bolaño. E um final empolgante e inesperado.

A estreia de uma autora que cruza as culturas (e ortografias) de uma mesma língua", daqui...

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terça-feira, 17 de março de 2015

O Espírito do Tempo...


... "O “espírito do tempo” não precisa necessariamente de ser formalizado para que exista... Economia baseada em recursos, sustentabilidade, respeito à natureza e afins são expressões que usamos para facilitar a disseminação de informações e as discussões... Porém, não são os termos utilizados que fazem as coisas existirem: elas estão aí e aqui, independentemente do nome que damos a elas...

As pessoas mais sensíveis, de percepção mais aguçada, percebem isso, parecem saber de forma quase intuitiva o que precisamos ser para vivermos em um mundo mais equilibrado, mais feliz – sem que necessariamente façam parte de alguma organização que tenha tal intento...

Alguns indivíduos talvez sejam bons exemplos de pessoas dotadas dessa percepção: Sebastião Salgado, nesta entrevista  concedida ao programa “Espaço Público”, da TV Brasil, fala sobre suas experiências como fotógrafo que trabalha a denúncia das desigualdades e o registro das diversidades, além de sua atuação social, especialmente através do “Instituto Terra”...

No limite entre o jornalismo e a arte, Salgado se expressa fotograficamente de forma poética, e através de sua fala mostra-se um ser humano igualmente sensível, indicando que precisamos respeitar a natureza e procurar nossa identidade com esta, bem como com todos os nossos ‘irmãos’ da espécie humana "...

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Genesis...

... "Uma carta de amor ao nosso planeta, "escrita" não com as letras do alfabeto mas com as imagens: eis as novas fotografias de Sebastião Salgado, reveladas num preto e branco de tons acentuados, que mostram a beleza da Terra no seu esplendor primordial, daqui...

Duzentas e quarenta e cinco imagens foram selecionadas para representar oito anos de trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado ao redor do mundo. “Genesis” traz registros de 32 viagens com temas como montanhas, desertos, florestas, tribos, aldeias e animais...

O objetivo do fotógrafo com “Genesis” é mostrar ao público ambientes que ainda não foram atingidos pela vida moderna e que continuam intactos na natureza. “Isso aqui é uma espécie de balanço do planeta. Isso que está aqui representado, com essas fotografias, é o que nós temos obrigatoriamente a necessidade de proteger – não só pro planeta, mas para a nossa espécie”, afirmou Sebastião Salgado...

Sobre as viagens que frutificaram “Genesis”, Sebastião Salgado foi enfático: “Chorei de emoção em me sentir parte desse planeta, me sentir natureza”. Ele disse que o que mais incomodou durante a jornada foi perceber que as fronteiras das partes do planeta ainda protegidas estão sendo reduzidas. Contudo, o fotógrafo relatou uma boa nova. “Temos uma boa notícia: 46% do planeta está dessa forma [pura], que essas fotografias representam. Nós descobrimos uma boa metade, ainda temos quase uma metade. E, essa metade, lógico que a gente tem que proteger” Daqui...                                           
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segunda-feira, 16 de março de 2015

domingo, 15 de março de 2015

Os Deuses Secretos...

..."Deuses secretos passeiam no território dos homens.
Tramam, destramam nossa realidade.
Os deuses ostensivos, nossos protetores,
tudo ignoram.
Neste momento um deus perverso e anônimo
fustiga-me.
Rolo no ladrilho, contorço-me,
sem gritar.
Não tenho a quem dirigir
palavras de ira ofendida.
Sei que é um deus inominado,
sei que passará,
e vou respirar, aliviado"...
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Carlos Drummond de Andrade
Imagem: Vicente Romero Redondo  

sábado, 14 de março de 2015

Ensino Permanente: Uma Cidade Educativa...

Para impugnar aqueles momentos de repulsão idealista, peço vossa compreensão... Pois as palavras que me perdoem, mas elas, por mais que sejam úteis e necessárias em nossas vidas, ás vezes, me cansam também... Sempre que essa exaustão se apodera de mim, fecho os olhos e vou para as profundezas das águas claras de meu isolamento, e fico a ouvir os passarinhos cantarem... Mas, hoje, escutei foi o vento a me dizer: feliz é aquele que acompanha a gentileza da cidade a se desenvolver... Acho que ele quis falar de ação!... Lembrei da política para a educação, de Paulo Freire...

Saindo dos meus nostálgicos sonhos silvestres, dei-me conta de que a vida urbana deve ser essencialmente educativa... Afinal, qual a ligação da educação política de Paulo Freire com minha nostalgia silvestre?... Ainda falta o bom trato teórico para responder adequadamente, portanto existe toda uma teoria a ser desenvolvida e compreendida, pois a ideia, enquanto palavras sociológicas de PF, pouco traz elucidação, no pensamento desse educador, mas ele nos alerta (num texto intitulado: Política e Educação) para a constante necessidade da pedagogia política num contexto urbano, visando uma tomada de posição que explicite o mundo enquanto opção política, com as próprias palavras dele: “a prática educativa como prática social urbana (deve apresentar) um discurso que desvele, destrinche ou esmiúce a opção política, a posição pedagógica, a inteligência da vida na cidade, os sonhos em torno dessa vida, as preferências estéticas, éticas, urbanísticas e ecológicas de quem o fez”... 

Ainda ele ressalta em outro trecho: “Isso não deve significar, porém, que as diferenças de opções que marcam os distintos discursos educativos devam afastar do diálogo os sujeitos que pensam e sonham diversamente... Não há crescimento democrático fora da tolerância que a convivência entre dessemelhantes não lhes nega o direito de brigar por seus sonhos (...) O importante é que a pura diferença não seja a razão de ser decisiva para que se rompa ou nem sequer se inicie um diálogo  através do qual pensares diversos ou sonhos opostos não possam  concorrer para o acrescentamentos dos saberes... Saberes de suas experiências feitos de sentimentos, de emoção, de medos e de desejos (...) Porque ao recusar a domesticação do tempo (...) o pensamento moderno reconhece  a importância do papel da subjetividade na história e atua política-pedagogicamente para fortalecer essa subjetividade” (Paulo freire, Política e Educação. Cortez Editora, SP, 1993)... 

E sem nenhuma intensão de ser visionária ou inovadora: essas são ideias para serem desveladas, destrinchadas ou esmiuçadas na ação educativa ou na prática social... É aí que quero demonstrar a exaustão das palavras enquanto discurso ou enunciados teóricos... Em uma ocasião mais apropriada, contudo, voltarei a esmiuçar a ideia do ensino permanente através duma cidade educativa, porém sem a complexa teoria de Paulo Freire... Porque eu prefiro ser uma eterna aprendiz e não me prender e nem me apegar a nenhuma dogmática opinião sobre a delicadeza de educar...  Até Breve!...

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segunda-feira, 9 de março de 2015

quarta-feira, 4 de março de 2015

O Pão da Arte...

Soltos
Perdidos ao relento
Somos levados pelo vento...

Mas, na farta mesa da beleza
De todos os dias,
Alimento-me com o pão da Arte...

Desconheço-me enquanto criadora de mim
Não me identifico na terra nem no céu 
Negaram-me a dignidade humana...

Porém, a mim foi concedida 
As asas universal,
No vôo indefinido
Independente do Criador...

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terça-feira, 3 de março de 2015

segunda-feira, 2 de março de 2015

Sob as Consequências do Caos Climático...

Como minha expressão da mais profunda gratidão pelo sopro da vida e todas as atitudes solidárias aos desalojados da alagação do Acre, sigo acreditando na mudança de mentalidade da humanidade: evoluir é necessário, bem sei... Ainda creio que a sensibilidade será disseminada por entre os homens, e um novo método surgirá para nos garantir o pleno relacionamento entre as pessoas, bem como o pleno zelo e o cuidado com nossa natureza...

Em tempos de caos climático, penso com mais assiduidade que devemos reunir esforços para encontrar uma nova forma de agir e gerir nossas emoções, nossas necessidades, pois o sistema dos Senhores do Poder continua a estimular a comunidade apenas a valorizar e a adaptar-se a revolução tecnológica, de modo a mudar nosso jeito de ser, e ver o futuro sendo administrado pela dinâmica dessa tecnologia em detrimento do vasto mundo natural global, sem maiores preocupação com as consequências... Entretanto a Natureza a cada dia grita mais forte que é Ela a apontar os ditames de nossa Cultura... Pouco importa se vivemos num Continente americano (Acre) ou no asiático (Tóquio), nosso olhar deve estar sempre direcionado ao chão que pisamos e, ao mesmo tempo, aos Pólos com suas imensas montanhas de gelos se descongelando... 

Eu, uma criatura sonhadora que sempre nutriu um profundo amor telúrico e também um grande temor pela fúria das correntezas dos rios de nosso estado, sinto-me uma impotente, com essa drástica e triste situação das enchentes nos municípios e em Rio Branco,  por isso me resigno em orações, na esperança de ver esse drama passar logo e todos sendo uns vencedores nessa batalha de socorrer essa gente desalojada; é doloroso ver os depoimentos de quem diz que levou toda uma vida construindo seus bens para perderem num breve segundo de instante... 

Todavia, sigo compreendendo que o mês de Março é um mês de profunda limpeza... Leio e ouço nos noticiários sobre os trabalhos, nos Municípios afetados pela enchente, de retirada da lama que cobriram esses municípios... Assim imagino uma profunda limpeza em nós também; que seja retirada toda a lama de nossas mentalidades e corações: aquela lama que nos impede de olhar para os perigos do futuro; aquela lama que nos faz supervalorizar a cultura local sem respeitar as fronteiras geográficas das diferenças climáticas, a lama que limita nossos conhecimentos e só aumenta nosso egocentrismo e individualismo... Felizmente, com essas calamidades, aprendemos a olhar nosso Governo com outra perspectiva, aí percebemos a responsabilidade e o desempenho Oficial para socorrer as famílias vítimas de tantas aflições...    

Domada por uma sensação de impossibilidade física e econômica, deixo um poema, de Emily Dickinson, no ensejo de repensar sobre nossas fragilidades e condição de sermos livres ou uma forma de pensar sobre nossa liberdade de escolha apenas como possibilidades... 

...  "Habito a Possibilidade
Casa melhor que a Prosa 
De Janelas mais pródiga 
Superior — em Portas —
Cômodos como Cedros 
Impermeáveis ao Olho 
E por Eterno Teto
Os Dosséis do Céu 
De Visitantes — o mais justo —
Por Ofício — Isto —
Só as asas destas parcas Mãos
Para o meu Paraíso”...

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domingo, 1 de março de 2015