sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais uma Política para a Amizade - Francisco Ortega


                         Temos criado uma sociedade que incita à fala, especialmente à fala sobre o sexo, arcano de nossa identidade e intimidade, e que vive nos últimos três séculos “uma explosão discursiva em torno ao sexo”. Somos capazes de pagar a determinados indivíduos para ouvirem-nos falar de nós mesmos, uma atividade tão lucrativa que leva alguns a “alugar suas orelhas.” É preciso buscar ilhas de silêncio no meio do oceano comunicativo, possibilidades de cultivar o silêncio como uma forma da sociabilidade, o refúgio de um simples não ter nada a dizer.
                      O preço que pagamos pela psicologização total da realidade social é muito alto: a perda da “civilidade”, que se exprime na capacidade criativa que todos os indivíduos possuem, sua condição de homo ludens, a qual precisa da distância para poder se realizar. Em sociedades com uma intensa vida pública, como acontecia na sociedade do Antigo Regime, o teatro e a rua mostram diversas semelhanças.
                      Atuar, jogar e agir exigem a existência de convenções, de artifícios e de teatralidade. São sociedades que valorizam a distância, a impessoalidade, a aparência, a civilidade, a urbanidade, a polidez, a máscara, a teatralidade, o jogo, a ação, a imaginação e a duplicidade, ao invés da autenticidade, da intimidade, da sinceridade, da transparência, da unicidade, da personalidade, e da efusão do sentimento caraterístico das sociedades cuja vida pública foi erodida.
                        A teatralidade e a intimidade se opõem. Apenas sociedades com uma forte vida pública podem valorizar o jogo, a imaginação, a ação e a teatralidade. A procura de autenticidade psicológica torna os indivíduos inartísticos. A sociedade “íntima” rouba aos homens sua espontaneidade, sua faculdade de agir, enquanto começo de algo novo, sua vontade de ultrapassar limites e interromper processos automáticos, de inaugurar e de experimentar. Essa capacidade política do ser humano precisa da distância, da diferença e da pluralidade, que a psicologização da sociedade anula.
                       Vivemos em uma sociedade que nos incita continuamente a “desnudar-nos” emocionalmente, que fomenta todo tipo de terapias, verdadeiras dramaturgias da intimidade. A conseqüência é a descomposição da “civilidade”, entendida como o movimento aparentemente contraditório de se proteger do outro e ao mesmo tempo usufruir de sua companhia. Uma forma de tratar os outros como estranhos, pois usar uma máscara, cultivar a aparência, constitui a essência da civilidade, como modo de fugir da identidade, e de criar um vínculo social baseado na distância entre os homens que não aspira ser superada.
                        O comportamento civilizado, polido, exige um grande controle de si, já que não é coisa fácil conter-se e governar-se a ponto de não deixar transparecer nos gestos e na fisionomia as mais violentas emoções de sua alma. Essa faculdade de uma sociabilidade sadia e criativa, perde-se na sociedade “íntima”. A civilidade torna-se incivilidade, ou seja, essa habilidade tão difundida de incomodar o outro com o próprio eu, de lhe impor minha intimidade.
                       A incivilidade teria como conseqüências os comportamentos egoístas e narcisistas e o esquecimento do outro, bem como o desinteresse na vida pública que caracterizam nossa sociedade, o refúgio no privado e na interioridade à procura de uma autenticidade, uma natureza original perdida “antes que a arte tenha moldado nossas maneiras”, como se lamentava Rousseau, o mais impolido dos filósofos. O que torna nossa sociedade tão caótica é “O mundo de hoje muito inutilmente cruel. Crueldade é violar a personalidade de alguém, é colocá-lo em uma condição tal que chegue a uma confissão total e gratuita. Se fosse uma confissão visando um fim determinado eu o aceitaria, mas é o exercício de um voyeur, de um torpe, reconheçamos, é cruel. Acredito firmemente que a crueldade é sempre uma manifestação de infantilismo...

O Homem-rio-Amônia


No Verde dessa Floresta
Na Leve Lama dessa Terra
Que cheira como
Cio da Natureza
Nasce esse Rio-Homem

Com a Água e o Barro
da Cor de Gente
jorrando lágrimas de dor
na solidão da exploração

dilui-se nas correntezas
das águas da chuva
o Homem desse Rio
exala o cheiro do calor molhado
na força da semente
que nasceu para o seu mundo

O Homem-Rio
inunda seu Território
de longe olha suas Fronteiras
Com a Paixão que protege
um Coração que Ama...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Por uma Política da Amizade - Francisco Ortega


                  
                “É possível uma amizade neste lado do amor que poderia ser procurada e encontrada? Não falo mais do amor - essa palavra e suas convenções tornaram-se odiosas para mim. Mas é possível atingir uma amizade que seja mais profunda, até mesmo de uma profundidade sem limites e, no entanto, sem palavras, sem idéias?” (Lawrence Durrell, Justine)

                   Em um estudo já clássico sobre o declínio do homem público, o sociólogo Richard Sennett constatou que a sociedade contemporânea se caracteriza pela “tirania da intimidade”, a qual se exprime numa vida pessoal desequilibrada e numa esfera pública esvaziada. Na atualidade estamos dominados pela crença de que a proximidade constitui um valor moral, o que nos leva a desenvolver nossa individualidade na proximidade dos outros.
                A ideologia da intimidade transforma todas as categorias políticas em psicológicas e mede a autenticidade de uma relação social em virtude de sua capacidade de reproduzir as necessidades íntimas e psicológicas dos indivíduos envolvidos. Com isso, esquecemos que a procura de autenticidade individual e a tirania política são com freqüência dois lados da mesma moeda. É necessária uma distância entre os indivíduos para poder ser sociável.
                O contato íntimo e a sociabilidade são inversamente proporcionais. Quando aumenta um, o outro diminui; quanto mais se aproximam os indivíduos, menos sociáveis, mais dolorosas e fratricidas são suas relações. Sennett, que foi aluno de Hannah Arendt e reconhece a sua filiação nas suas análises, realça como a filósofa privilegiava uma “cálida impessoalidade” frente à debilidade que reside na procura de refúgio em uma subjetividade encapsulada e voltada para si. Apostar na impessoalidade é apostar em uma vida da exterioridade. Uma vida na exterioridade é uma vida disposta a admitir a diferença e aceitar o novo, o aberto, a contingência, o efêmero, o estranho. Fugir na interioridade à procura de duração, precisão, segurança, é um caminho sem saída que conduz a autodestruição narcisista. O exterior, o fora, constitui uma dimensão construtiva da existência.
              Essa mesma ideologia da intimidade tenta convencer-nos de que todos os “males” se devem à anonimidade, à alienação, à falta de comunicação. A filosofia da sociedade “íntima” é a “teoria da ação comunicativa”, onde todos os problemas se reduzem a problemas de compreensão causados pelas distorções da comunicação. Comunicação é o conceito básico da moderna teoria da sociedade. Diante do prestígio emancipatório da palavra, o silêncio é associado com um poder repressivo, turvos segredos, tabus entalados, covardia ou estupidez. “Nessa escola do comércio dos homens”, observa Montaigne, “notei amiúde um defeito: em vez de procurarmos tomar conhecimento dos outros, esforçamo-nos por nos tornarmos conhecidos e mais nos cansamos em colocar a nossa mercadoria do que em adquirir outras novas. O silêncio e a modéstia são qualidades muito apreciáveis na conversação”.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Estou seguindo com o Tempo...

                    
                       Estou seguindo com o Tempo... Existem vários caminhos que nos atrai para o Futuro, mas eu escolhi os desvios, as peregrinações, por que "caminhamos com o Tempo, melhor dizendo: somos deslocados por Ele, não por inteiro, mas em pedaços, para finalmente chegar em um lugar em que não acreditávamos que devíamos chegar, deslocados do espaço que nos era mais conhecido e sempre diferentes em nossa forma de continuarmos seguindo iguais"...
                     Estou indo... Armei-me de coragem, pisei no medo, sonhei com o possível e estou partindo. Quero encontrar o Novo. Outra nascente, outro poente, outra Terra... e outra gente. Estou partindo sonhando em meu ser com a esperança de vencer.
                    Pode ser que me chamem de louca, mas estou certa de que não a sou. A mim, importa tão somente que eu seja uma acriana verdadeira, esperançosa e consciente. Muito mais do que outros motivos, eu sigo, deixando-me conduzir pelas mãos do Tempo. Sempre sonhei partindo, e minha esperança é cheia de confiança também em você.
                   Eu sinto a esperança como a força propulsora do meu viver. Sua luz ilumina-me na direção do futuro. Ela, a esperança, será minha companheira fiel em todos os momentos de partir e em todos os lugares aonde eu chegar... Seguindo sem mim, sinto que me resta as lembranças de um Tempo sedento de paixão, Sonhos e com o Coração cheio de amor para semear nos Caminhos que eu passar!...

Fonte inspiradora: Prefácio do ensaio de Jean-Pieerre Vernant, "Entre Mitos e Política"(pag. 19)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Apelo do meu Coração


                       “Não sei se foi o mal, não sei se foi o bem, só sei que me fez bem ao coração! Sofre eu e Você também! Chorei mas não faz mal, melhor é ter alguém no coração!... Foi a vida, foi o amor quem quis assim! Foi tudo natural ninguém é de ninguém!
                       É, isso dói, dói em mim, dói no meu coração... O medo de sofrer, de te fazer sofrer, de um dia te perder, ou de um dia ser obrigada a ter que te esquecer. Mas talvez seja isso que eu tenha que fazer, para a sua vida e você não perder. Antes eu não sabia, agora eu sei e sinto, Te Amo, e eu juro, para você eu não minto.
                       Só que é impossível ter-te ao meu lado por aparência, ter-te ao meu lado por você sentir dó não é justo. Não pense no meu coração, ele é só um intruso que se deixou levar pela emoção e agora descobriu que te Ama.
                       Pense no seu, esqueça que existo, olhe dentro do seu ego, do seu eu, e descubra seu desejo, transforme-o em realidade. Ou queres a outra ou queres a mim...
                     Não seja injusto com você mesmo, pois assim será também comigo! Só fique comigo se realmente me quiseres. Me entrego a você de corpo e alma, para o meu primeiro Amor. E novamente repito... TE AMO, EU JURO...
                    Me resta só sua resposta, a do seu coração, se ele me quer ou não? Seja sincero e fiel ao seu Coração e não ao meu, Te espero!...

(Autor desconhecido)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Rosa Vermelha – Jorge Rodini


Rosa que te quero
Reza que me esmero
Brinca na água raza
Riso de lágrima que vaza
Seu aroma é meu cheiro
Sua cor me revela em branco e preto
Em sua forma me derreto
Quero te amar primeiro
Em seu jardim me fitas

No tua fragrância mulheres bonitas
O vermelho da minha paixão
És a pétala do frágil coração
Por onde passas deixa marca
És sempre uma jura de amor
És um rio para uma barca
És um bálsamo para a dor
Rosa tenra e carinhosa

Ao te oferecer fico prosa
Minha amada te admira
És o ar que ela respira
Quando se espalha em buquê
Multiplica beleza e fantasia

A afirmação vira por quê
A dúvida torna-se alegria.

(BLOG Alma Carioca)

Nem a rosa, nem o cravo – Jorge Amado

                 
                    As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?
                  Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas.
                   Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados.
                   E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

(BLOG Alma Carioca )

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Mundo de Meu Pai!...


Esse é o Mundo de meu Pai onde eu posso escutar
A Natureza ao meu redor Cantando a me Presentear
Esse é o Mundo de meu Pai como pássaros cantai
Manhãs de Luz Flores azuis Declarem o Elogio ao Pai.

No Mundo de meu Pai eu descanso em seu Amor
Pois Terra e Ar o Céu e o Mar são provas do meu Criador.

Se o Mundo de meu Pai lhe parece desigual
Confia, pois sempre ao final Deus Reina e vence o Mal.
No mundo de meu Pai eu descanso em seu amor
Senhor e Rei da Terra ao Céu, pois ele é o nosso Criador!...

(Dayna  e Sacramento)

sábado, 17 de outubro de 2009

Se Tu Amas não Renúncia!



        A moral é de fato uma lógica: ou é isto ou aquilo; se escolho isto, então, não escolho aquilo de novo, isto ou aquilo: e assim por diante, até que, dessa cascata de alternativas, surja enfim um ato puro - puro de todo arrependimento, de todo tremor. Amas! Ou tens alguma esperança, e então ages; ou não tens nenhuma, e então renuncias. Tal é o discurso do sujeito 'sadio': ou, ou. Mas o sujeito amoroso responde: tento me esgueirar entre os dois membros da alternativa: quer dizer: não tenho nenhuma esperança, mas mesmo assim... Ou ainda: escolho obstinadamente não escolher; escolho a deriva: continuo...
          Minhas angústias de conduta são fúteis, cada vez mais fúteis, ao infinito. Se o outro, incidentalmente ou negligentemente, me dá o número do telefone de um lugar onde posso encontrá-lo a tais horas, me desespero imediatamente: devo ou não devo telefonar? (De nada serviria alguém me dizer que posso telefonar para ele - sentido objetivo, razoável, da mensagem -, pois é precisamente com esta permissão que não sei o que fazer.)
                       É fútil o que aparentemente não tem, não terá conseqüência. Mas, para mim, sujeito amoroso, tudo o que é novo, tudo o que desarranja, é recebido, não sob a forma de um fato, mas sob a forma de um signo que é preciso interpretar. Do ponto de vista amoroso, o fato torna-se conseqüente porque se transforma imediatamente em signo: é o signo, não o fato, que é conseqüente (por seu ressoar). Se o outro me deu esse novo número de telefone, de que isso era signo? Seria um convite para usá-lo imediatamente, por prazer, ou apenas se fosse o caso, por necessidade? Minha resposta será ela própria um signo, que o outro interpretará fatalmente, desencadeando assim, entre ele e eu, uma tumultuosa contradança de imagens. Tudo significa: com esta proposição, prendo-me, enleio-me no cálculo, impeço-me de gozar.
                           Às vezes, à força de deliberar sobre 'nada' (no dizer do mundo), esgoto-me; tento então, num sobressalto, voltar, tal como uma afogada que bate com o calcanhar no solo marinho, a uma decisão espontânea (a espontaneidade: grande sonho, paraíso, poder, gozo): pois bem, telefone para ele, já que você está com vontade! Mas o recurso é vão: o tempo amoroso não permite alinhar o impulso e o ato, fazê-los coincidir: não sou a mulher dos pequenos 'acting-out'; minha loucura é temperada, não é visível; é imediatamente que tenho medo das conseqüências, de qualquer conseqüência: é meu medo - minha deliberação - que é 'espontâneo'.
                         O karma é o encadeamento (desastroso) das ações (de suas causas e de seus efeitos). O budista quer se retirar do karma; quer suspender o jogo da causalidade; quer ausentar os signos, ignorar a questão prática: o que fazer? Eu, eu não cesso de me colocá-lo e suspiro por esta suspensão do karma que é o nirvana.
                           Do mesmo modo, as situações que, por sorte, não me impõem nenhuma responsabilidade de conduta, por mais dolorosas que sejam, são recebidas com uma espécie de paz; sofro, mas pelo menos nada tenho que decidir; a máquina amorosa (imaginário) move-se aqui por si só, sem mim; como um operário da era eletrônica, ou como o estúpido do fundo da classe, basta-me estar ali: o karma (a máquina, a aula) rumoreja diante de mim, mas sem mim. Na própria infelicidade, posso, por um brevíssimo momento, arrumar para mim um pequeno recanto de preguiça."

Barthes, Roland. Fragmento de um discurso amoroso. Editora Francisco Alves, 12º edição. Rio de Janeiro, 1994.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Falando de Mim


                        Os aspectos que caracterizam o meu perfil são de pessoas pouco espertas e que pensam muito nos problemas, mas lido com o abstrato e o incerto muito bem. Se você estiver com alguma dúvida ou dilema, é a mim que você deve procurar, adoro analisar, ponderar e chegar a resultados. Sou ótima amiga e sei me colocar no lugar dos outros tendo, assim, uma perspectiva e uma visão de mundo adaptável e misericordiosa.
                       Mas não se iluda com a minha aparente calma. Eu posso ser leve como uma brisa ou violenta e intempestiva como um furacão, depende de como você lida comigo. Eu posso ser muito tranqüila, mas uma vez ofendida ou contrariada, meu equilíbrio se quebra e parto para o ataque.
                        Sou a energia para os intercâmbios afetivos. Indico os gostos pessoais, as necessidades materiais e predisposições em busca de harmonia e prazer. Conforme os caracteres que me impulsionam mostro e expresso os meus afetos, como estabeleço vínculos pessoais e tudo o que faço para me sentir solicita.
                     Eu procuro harmonia e comunicação em todos os momentos de viver, sempre ponderando com calma e justiça as questões que surgem pelo caminho. Eu também expresso minha sensualidade e espiritualidade no momento certo com a pessoa certa!... Considerando o amor como um meio de se alcançar a beleza e a perfeição do viver. Eu posso passar horas discutindo um relacionamento, mas minha natureza emocional é bem infantil. Isso significa que posso saber expressar em palavras meus problemas e angústias do relacionamento, mas dificilmente conseguirei demonstrá-las.
                         Conquistar minha amizade pode ser um pouco trabalhoso, mas uma vez que eu permita que você se aproxime, as coisas fluem naturalmente e você terá uma ótima companheira e amiga.
                       A medida de todas as coisas é uma regra de ouro para mim. Tenho um sentido crítico elevado e justo, o que me faz ser julgadora para aquelas questões difíceis de resolver. Sou diplomata nata e adoro ser sociável. O ponto negativo é que posso demorar muito para tomar uma decisão. Isso pode ser fatal dependendo de onde vem a necessidade. A melhor posição para mim é a de ponderadora, já que geralmente analiso todos os lados da questão.
                       Como tal represento uma mudança de enfoque da mulher, inicialmente posso parecer voltada somente para mim. Mas sou o ponto de contato com o outro. Meu processo de amadurecimento iniciou aos quinze anos na minha primeira gravidez e vem desembocando com o início da minha vida profissional. Comporto um simbolismo que reflete primariamente uma determinada fase da vida. O significado dominante inclui o bom relacionamento afetivo, a divisão de tarefas, a necessidade de conciliação, a fundação da vida familiar. Possuo assim um sentido de divisão e mediação. Sou uma conciliadora por excelência. Possuo serenidade e tolerância para ouvir, ponderar e aconselhar. Gosto de ser justa e imparcial, mas de modo algum fria e omissa. Na verdade, adoro contatos sociais, festas e calor humano. Uma conversa sensível e um refinado senso estético marcam minha persona.
                      Ao tomar uma decisão, considero demoradamente as alternativas. A ordem é não se afobar. Eu sei como poucos o quanto a realidade comporta interpretações conflitantes e como é fácil se deixar levar pelo preconceito e pelo pré-julgamento. A própria noção de antecipar um resultado com base em expectativas pessoais causa-me horror. No meu ponto de vista, a maioria das pessoas age sem pensar, meramente por impulso.
                    O meu símbolo é a balança, o instrumento usado para pesar e equipartir. É também o que os deuses de muitas mitologias usam na hora em que decidem se a alma de um mortal foi predominantemente boa ou má, e se merece a vida eterna ou não. Eu estou a todo instante pondo as coisas na balança, e não dou um passo a diante enquanto ela não pender claramente para um lado.
                  Tanta preocupação assim me trazem muitas desvantagens. A busca pelo equilíbrio muitas vezes foge-me do controle. A vida pode trazer escolhas tão complicadas para a minha mente, que às vezes fico paralisada diante delas. Comparo demasiadamente sem conseguir me decidir, passo a todos a imagem de pouca objetividade. Muitos dizem que vivo em cima do muro ou o que é pior, que mudo de pensamento a cada estação, indo de um lado para o outro, feito bola de tênis, à medida que alguém se apresenta um novo fato até então desconhecido.
                 Sou romântica e simpática, para não dizer leve. Tenho a capacidade de harmonizar o ambiente em que estou com minha mera presença. Não posso viver sem a companhia de outras pessoas. Todo o sentido mesmo de meu senso de justiça está sempre voltado para a construção e manutenção de uma convivência pacífica com o próximo. Sou assim ótima parceira, no amor, na amizade ou nos negócios. Tento manter a relação num nível próximo o bastante para que haja uma comunhão de idéias, mas não tão próximo a ponto de invadir um a intimidade do outro: respeitar sempre a privacidade do próximo é um constante desafio....

O Tempo que o Vento faz


Nem sei de você
Mas eu quero saber
Quero saber tantas coisas

Quero saber do vento
Pensando nesse momento
Que demorou
Tanto tempo

Quero saber se o Vento
Perguntou ao Tempo

Quanto tempo o
Tempo vai demorar
Para fazer você voltar...

(Autor: não conheço)

Desejos e Movimentos!...


Disseram-me um dia
Que o orgasmo é...
Um instante
Sem dor e loucuras,
Desejos e movimentos

Mãos que seguram
E tudo escapam
Corpos que são...
A turbulência
De dois rios
Quando se encontram

Introduzi meu desejo
Em teu corpo
Derramei minha carência sobre ti

Escorri por entre
Tuas pernas
Essa foi minha
Única saída

Sob o teu líquido
Que me banhou
Me curei no teu hálito

Que habitou
A Pátria do meu Desejo
E me embriaguei
Com teu cheiro de prazer
Nós! Saímos da Real..

Sabor da Traição...


Eu,
Fruto da traição
Sabor da desilusão
Sobrevivo,

Buscando em cada
Segundo da Vida
Razão para sentir
A Paz e o Amor

Sonhando,
Recordando
Pois, para esquecer

Que a cada
Dia de Nossas Vidas
Procurei Alegria
E forças para Viver, Vencer!

Agora Vivo...
Como um Passarinho
Distante do Ninho
Sem Direção...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Flutuações de um Ser!...


Uma parte de Ti está em Mim, Uma parte de Mim, toda ela é Tua, a Outra é a busca da vã palavra que tornou-se infinita na Tua procura... por essas partes que um dia se entrelaçaram, leia-me e entenda-me!

Como é a Essência do meu Ser...
Eu existo...
Se Você ainda não me encontrou?...
Em meu interior!
As coisas são sempre testadas:
Tudo se dilui

As páginas são rascunhadas
Nas lágrimas derramadas
Em paredes de papel
Nos telhados de mel

No caos das hipóteses
Mal formuladas
Um novo surge
A cada instante

Às vezes,
Do deserto da vida transborda
As mais efêmeras alegrias

Tudo Vivo
Sem nada ver
Tudo Flui
Sem nada existir

Eis o exercício
Da mentira passageira
Vagando eu passeio...

Reconstruindo-me a cada momento
Na cálida e desfigura noite...
Sou ficção do Real.
Desvendando mistérios

No mundo Estou
Nele sobrevivo
E diante dele sou perecível

Nas possíveis possibilidades
Da existência de um Ser
Eu VIVO:

O Sonho de Existir
Rebelando-me tento Sentir
Todo Inicio, Meio e Fim...

A Dor dos Desencontros...


E na Praça da Praia
O Relógio Marcou
A Hora da Nossa Descoberta

500 anos
De tanta procura
Busca que Ti encontrou
No Porto Seguro do eterno olhar

Agora, não dá mais
Para esperar
Uma vida inteira ou
500 anos
Para amar

Como em Coroa Vermelha,
No Sol e na Lua
Eu esperei um Dia Inteiro
Para Ganhar rajadas de balas
Mesmo do gás lacrimogêneo
Que lacrou a Dor dos desencontros

Porto Inseguro 2000...


Nesta sociedade
Oposta de ontem de hoje
Retrata sempre
A imagem da Branca vida Real
E do eterno sonho
Indígena de Ser

Não mas como na Invasão
e no Inicio da Exploração
que historicamente
fomos dominados
dignamente; resistimos
às Mascáras
de um Descobrimento
às Missas
e festas de cores Brancas Civilizadas
do Domínio Real

Não tão belas
E nem coloridas
Mas temerosas imagens do passado
E uma Branca Apropriação
De uma Colonial Invasão
Que Dominou e Legitimou

A Não posse
De toda Humana Verdade Indígena
Demarcada, Delimitada e Homologada
Pelo Sujo do Branco
Num papel totalmente Real

Na Busca do Passado...


Na moral e no útil
Nas palavras guardando sentido
No desejo da direção
Na idéia e na lógica

No Mundo Dito e Querido
O Homem conheceu:
A invasão e o ladrão
A luta e as guerras
As rapinas e a astúcia
Os disfarces e as máscaras

O Homem perdeu a direção
Na tradição busca
Um novo rumo
Ao Ser em fragmentação...

Nossas Democráticas Diferenças!...


As “Diferenças Abertas”
Da atual Democracia
São como Veias Entrelaçadas
No mundo Planetário
Onde o Sangue
já foi jorrado para Adubar
a Luxuria do Rei
no Planeta jaz de Ouro
que Outrora Brilhou
com a Dor na Indiferença do Irmão

O que nos resta então?
na Translação da Terra
senão Brilhar com
a Luz do Sol!...
no Amigo de Coração
sem Paixão da Homogeneização
sem Cor, sem Dor
sem Comunicação!...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mãos que Destroem


Eu gostaria de ter nas mãos, neste momento,
Uma Marreta!
Para Derrubar Muros
Que Separam as Diferenças!...

Eu preciso neste momento de uma Bomba!
Nas mãos, agora!
Para Explodir Falsos Preconceitos
Que Mascaram as Verdades!...

Eu necessito de uma Metralhadora
Nas mãos, já!
Para disparar sobre Homens
Que Destroem...
Corações,... Sonhos e Desejos!...

Como Termina o Amor?...


                  Como termina um amor? - O quê termina? Em suma ninguém - exceto os outros - nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualquer maneira, eu não o vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um Outro Mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o Ser Amado ressoava como um clamor, de repente ei-lo sem brilho (o Outro nunca desaparece quando e como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma Imposição do Discurso Amoroso: eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim de minha História de Amor: sou o poeta (o recitante apenas do começo); o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos Outros; eles que escrevam romance, narrativa exterior, mítica."
                 Ajo sempre – Teimo em Agir, não importa o que me digam nem quais sejam meus próprios desencorajamentos, como se o Amor pudesse um dia me fazer transbordar, como se o Bem Supremo fosse possível. Daí essa curiosa Dialética que permite que o Amor Absoluto suceda sem embaraço ao amor absoluto, como se, através do amor, eu tivesse acesso a uma outra lógica (o absoluto não sendo obrigatoriamente a única), a um outro tempo (de Amor em Amor Vivo Instantes verticais), a uma outra música (esse som sem memória, sem construção, esquecido daquilo que o precede e o segue, esse som é em si mesmo musical). Procuro, começo, tento, vou mais longe, corro, mas nunca sei que acabo: não se diz da Fênix que ela morre, mas apenas que renasce (posso então renascer sem morrer?)
                A Errância Amorosa tem seu lado Cósmico: parece um Balé, mais ou menos rápido conforme a velocidade do sujeito infiel; mas é ele também uma grande ópera. O Holandês maldito é condenado a errar sobre o mar até encontrar uma mulher de uma fidelidade eterna. Sou esse Holandês Voador; não posso parar de errar (de amar) por causa de uma antiga marca que me destinou, nos tempos remotos da minha infância profunda, ao deus Imaginário, que me afligiu de uma compulsão de fala que me leva a dizer “Eu te amo”, de escala em escala, até que qualquer outro escolha essa fala e a devolva a mim; mas ninguém pode assumir a resposta impossível (que completa de uma forma insustentável), e a errância continua...

Barthes, Roland. Fragmentos de um Discurso Amoroso.Como termina o amor. Editora Francisco Alves, 12º edição. Rio de Janeiro, 1994.

sábado, 10 de outubro de 2009

Quando não se Entende a Paixão!...

                   
                      Recorro à Roland Barthes, em Fragmentos de um discurso amoroso, para justificar o que estar entre aspas a seguir: “O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada”.
                     O apaixonado não se entende e nem se faz entender. O que diz é sempre a repetição de seu estado de encantamento, eivado de quereres que o faz patinar na tentativa da expressão de si. Nunca apreendido pelo outro. Se xinga, elogia. Se elogia, solicita. Se cobra, arde na contradição. Em silêncio, berra. Gritando, não quero representar aquele que não espera; tento me ocupar em outro lugar, chegar nada tem a dizer. O apaixonado está dentro da lâmpada, que, complicada, o atravessa.
                     Ele nem sempre vê a própria luz projetada no próprio entendimento e no do outro. “’Estou apaixonada? – Sim, pois espero.’ O outro não espera nunca. Às vezes atrasado; mas nesse jogo perco sempre: o que quer que eu faça, acabo sempre sem ter o que fazer, pontual, até mesmo adiantado. A identidade fatal do enamorado não é outra senão: sou aquele que espera”.
                     O apaixonado sempre espera porque nunca se sente completo, pleno, satisfeito. Está condenado a se virar com o contentamento descontente (Camões) ininterrupto de sua lúcida loucura. A paixão é saco sem fundo, mundo sem fim. É opção? Escolha dele? É arrebatamento? Seqüestro rácio-emocional? Sabe-se lá! E ele se culpa. Culpam-no. Mas... por quê? O que há de errado em só esperar? “Dizem-me: esse gênero de amor não é viável. Mas como avaliar a viabilidade? Por que o que é o viável é um Bem? Por que durar é sempre melhor que inflamar?” O durar é amor estabelecido na relação. O inflamar é intensidade: nada mais característico da paixão. Ela não entende o meio-termo, certa sensatez ou maneira pensada de conduzir as coisas.
                     O apaixonado sempre pensa pelos hormônios, nervos, coração. Aí, não há o que negar: o querer é rei e manda! Obedece quem não tem nada a perder. Foge aquele que não sabe que essa cor integra é o arco-íris da vida: personalíssima, frágil, rebelde e curta demais para alienar, aparentar robustez, ser conformada ou sobejamente longa para esnobar. “Encontro pela vida milhares de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonada me designa a especialidade do meu desejo”.
                     O apaixonado sabe que o mundo existe, mas o representa a seu modo. Se não se acomoda ao encantado, que se dane o mundo! Essa fase de uma relação é isto: o apaixonado é o ser da paixão. Claro! O universo não se resume aos dois. Ele, o universo, torna-se coadjuvante.
                      Talvez o lance seja saber lidar com a paixão. Bem conduzida, pode virar amor, o lado pé-no-chão de um encontro. Sofrer o apaixonado talvez traga contratempos. Mas se não vivê-lo, como sabê-lo?                
                      Como saber o sabor de um querer que pode ser o Porto Seguro de um mundo no qual dois seres constroem-se na troca, num projeto de vidas que se confundem de forma simples, doce, gentil? Na sombria luz do sentimento, o apaixonado nem sempre a vê nessa perspectiva. Fora da sombra ou da luz, os estranhos não enxergam. Isso não é para o entendimento dos desentendidos da paixão. Eles não podem compreender que paixão também é desejo e que logo o amor virá.

(Autor: não conheço)

Nossas Vidas!


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que é: Desejo, Paixão e Amor?


                      As relações amorosas têm muitas versões, bem sabemos. Amor, paixão e atração sexual são algumas delas, que movem nossa escolha por compartilhar a vida de alguma forma com alguém. Ainda que se relacionem, tudo indica que esses são três sentimentos diferentes: por estranho que possa parecer, há amor sem paixão, paixão sem amor, paixão sem desejo, amor sem desejo, desejo sem amor...
                      A cultura predominante insiste em fazê-los coincidir e isso só tem nos confundido, acho. Vejamos.   Atração sexual é o quê? Aquele intenso desejo pelo outro? Ora... podemos desejar as pessoas e não necessariamente amá-las.
                      E paixão? Aquele estado inaugural de alguns relacionamentos que – defendem os estudiosos e revidam os apaixonados – não passa nunca de um ou dois anos? Aquele estado maravilhoso provocado por um misto de encantamento, visão distorcida e projeção de nós mesmos no outro? Dizem, não é de hoje, que isso não é amor – embora possa vir a ser.
                      E o amor? O que é, afinal? Esse parece ser o difícil... Porque – perdoem os mais românticos – não se trata de um estado que simplesmente nos atravessa de repente, é uma construção afetiva que demanda investimento, muito. Diz a sabedoria que amar implica fazer o outro feliz. Que o amor se revela em atos de desprendimento, de agrado, de cuidado com o outro – sem que isso signifique submissão e negação de si mesmo. Seria isso? Se for, de fato, desejo, paixão e amor são afetos diferentes...
                       Quando me apaixono, estar com o outro me interessa porque me completa, me satisfaz... porque ‘eu preciso’. Também é assim quando desejo – o que em geral coincide.
                        Mas quando amo, me interessa estar com o outro se isso lhe faz bem. E talvez tenhamos de admitir que o amor é essencialmente piega. E raro. E valioso. E esteticamente melhor. Conclusão?   Nenhuma, por ora. Apenas essas idéias. E a certeza de que a melhor versão é amor-e-desejo-igualmente-correspondidos. Afinal, tal como o disse Anaïs Nin, ‘somente o pulsar unido do sexo e do coração pode criar o êxtase’.

(Autor: não conheço)

Caminhando com o Tempo!...


Sigo com o Tempo
Desvios... Peregrinações...
Caminhando para o Futuro!

Com o Tempo sigo!...
E sou Deslocada por Ele!
Não por inteira...
Mas em pedaços...

Deslocada do Nosso Espaço
Sempre diferentes!
Em nossa forma de ser...

E de continuarmos
Seguindo sempre Juntos!...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Lágrimas de Mãe...


                    Por que você está chorando?  ele perguntou à sua mãe. Porque eu sou mãe  ela respondeu. Eu não entendi  ele disse.Ela apenas o abraçou e sussurrou.  Você nunca entenderá.Mais tarde o menino perguntou ao pai porque as mães parecem chorar sem nenhum a aparente razão. Todas as mães choram sem motivo  foi o que o pai conseguiu responder.
                   O menino cresceu, tornou-se um homem e ainda tentava entender porque as mães,volta e meia, estão chorando.Após muitos anos, já em avançada idade, ele deixou o mundo.Quando sua alma viu-se frente a frente com Deus, logo disse:-- Senhor, nunca entendi porque mães choram tão facilmente...Disse Deus: Quando eu criei as mães tinha que ser algo especial. Eu fiz seus ombros fortes o suficiente para carregar o peso do mundo e, ainda, suficientemente confortáveis para dar apoio. Eu dei a elas a força para a hora do nascimento dos filhos e para suportar a rejeição que tantas vezes vem deles. Eu dei a elas a fibra que permite a continuação da luta quando todos à sua volta já desistiram. Dei-lhes a perseverança em proteger a família por entre doenças e tristezas sem já mais desistir de amar. Dei-lhes a sensibilidade para amar seus filhos diante de quaisquer circunstâncias, mesmo que eles a tenham magoado profundamente.
                Essa mesma sensibilidade as ajuda a silenciar o chorinho dos seus bebês, fazendo com que se acalmem e, quando adolescentes, que compartilhem com ela suas ansiedades e medos. E, finalmente, dei-lhes a lágrima para derramarem sem nenhuma razão aparente. É sua única fraqueza. Por que fiz isso? Para não diferenciá-las por completo do restante da espécie humana.

(Silvia Schmidt)

A Plena Forma de Amar!


O meu Grande aconchego
Foi dormir na cama
Que não é minha
Foi sentir o cheiro
Que não é meu
Foi transpor
Meus íntimos mistérios
No peito que
Nunca me pertenceu

E quem haverá...
Deus secreto!
De me apreender?...
Nos meus estranhos
Mistérios e desejos?

A viver na...
Minha contraditória
Forma de amar...

Por que eu Amo
Porque Amo!
   E haverá sempre...
A forma mais
     Plena para Amar?!...

Da Essência e do Existir!...


                    Segundo S. Tomás de Aquino existe uma diferença ontológica entre a essência e o existir do ser. Para mim, existir tem que estar em perfeita consonância com a minha essência, se tal não acontece então não sou eu que existo mas outro alguém, diferente de quem sou, que me está a usar para existir.
                    Por isso devemos ter sempre em atenção se cada ato que temos está de acordo com quem somos, caso contrário é urgente meditarmos se não estaremos a ser usados, ou influenciados por energias exteriores, por frequências outras que se apoderaram do nosso corpo e mente.
                   É imprescindível sabermos quem somos, conhecermo-nos bem para que estejamos atentos ao mínimo sinal, e podermos agir em conformidade, para podermos recusar ser quem, ou aquilo, que não somos.
                    Um dos primeiros passos, quanto a mim, é interiorizarmos que existe de fato a diferença que S.Tomás refere, entre a essência e o existir do ser. Por isso se explica que é possível existir agindo em desacordo com a nossa essência.
                  Ao interiorizarmos este fato e tudo o que ele representa estaremos então prontos para procurarmos e nos acharmos, então, o “existir” e o “ser quem somos”, se unirão e entraremos naturalmente nessa plenitude que tanto se apregoa (e que existe)! O Meu Interior no Teu exterior...

(A Voz da Esperança)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu em Mim sem Mim!


Com a tua presença
Apagaram-se minhas certezas
e apresentaram-me o desconhecido

Rompi minha afetividade
Fiquei entregue
a Mim, em Mim, sem Mim

És o desafio
Que me desviou do Presente
A romper com meu Futuro

Revelando-me
O universo humano
Da História que me traz
A memória o Passado

Com a Tua descoberta
Renasceu o meu Mundo
Feminino

Sedimentou minha condição de Mulher
Revelando-me
O oculto da Androginia

É Tempo de descobertas
E Tu renasceu em Mim...
Numa Aventura Humana

Que se apropriou do Mundo
Para Nele Organizar
A Guerra do Caos
Que traz a Paz

No Amor de Viver
Num Porto Seguro
De Ser Mulher...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Boa Noite!


Qual o nome dessa Cidade do Homem e quais eram minhas esperanças?

           
                  Certa Vez, na caminha nossa de todos os dias, passei a perceber a presença de um Homem muito lindo, tão lindo que me apaixonei por sua imagem! E ele vai e eu venho, eu venho e ele vai: sempre assim! Era como se o tempo, o espaço se misturassem e tudo me confundia: o passado , o presente e o futuro exigindo de mim uma resposta imediata e líquida, vivi muitas imagens...
                 Quando de repente, não mais que de repente! Uma outra vez, já o encontrei mais lindo ainda: um semi-deus que Deus me enviou na Terra, logo pensei!
                  Porém desta vez ele estava com uma arma na mão: creio que era uma arma, ou melhor dizendo: uma corrente, não sei, ou um galho de árvore, um chicote, ou era um galho qualquer tirado do igarapé! Me afastei e me isolei para ver tudo de lomge, de cima!...
                  Apenas uma surpresa aí: nunca pensei que este Homem fosse quase um deus, tentando imitar o machismo acriano! Perguntei qual “O Nome da Cidade” com Adriana Calcanhotto! E passei a olhar as correntezas da vida  chorarando e  cantando!
Onde será que isso começa
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa

Cheguei ao nome da cidade
Não a cidade mesma espessa
Rio que não é Rio: imagens
Essa cidade me atravessa
Ôôôô êh boi êh bus

Será que tudo me interessa
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças
O que é ameaça e o que é promessa

Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor que horror, que lindo
Meninos maus, mulheres nuas
Ôôôô êh boi êh bus

A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra meu próprio Rio
Este Rio é mais mar que mar
Ôôôô êh boi êh bus
Sertão ê mar

Minhas Lágrimas de Amor!...


Que lágrimas são essas
que transbordam em meu ser?
são lágrimas de tristeza
são lágrimas de paixão;

Elas invadem todo o meu ser
e destroem o meu orgulho sem
eu mesma perceber.

Nos soluços e gemidos tento
esconder, mas é impossível.
E assim, sinto-me a morrer,
há mágoas guardadas e presas
em meu peito, são marcas
profundas de dor, cicatrizes
que marcam a Minha triste História
de Viver;

São lágrimas derramadas na
Pétala de uma linda Flor!
Essas são as minhas Tristes
Lágrimas de Amor!!!

(Blog do Mensageiro)

Eu Sofro pelo Outro!...


                    Me apaixono por um corpo que está em ação. O que me fascina,  me rapta e me excita é a sua postura, porque me garante, de alguma forma, a “inocência da imagem, quanto mais o outro me proporciona os signos da sua ocupação, da sua indiferença, mais tenho certeza de surpreende-lo, como se, para me apaixonar, fosse preciso cumprir a formalidade ancestral do rapto: a surpresa!

                 Ora, qualquer que seja a força do amor, essa força não se produz: eu fico emocionada, angustiada, porque é horrível ver sofrer as pessoas que se ama, mas, ao mesmo tempo, continuo seca, impermeável. Minha identificação é imperfeita. Sou uma Mãe (o Outro me preocupa), mas uma Mãe insuficiente; me agito demais, proporcionalmente vou à profunda reserva onde de fato me apóio. Pois, ao mesmo tempo que me identifico “sinceramente” à infelicidade do Outro, o que leio nessa infelicidade é que ela tem lugar sem Mim, e que ao estar infeliz por si mesmo, o Outro me abandona: se Ele sofre sem que eu seja a causa disso, é que eu não conto para ele: seu sofrimento me anula na medida que ele se constitui fora Mim...
                 A partir de então, reviravolta: já que o Outro sofre sem Mim, por que sofrer no lugar dele? Sua infelicidade o leva para longe de Mim, se eu ficar correndo atrás dele só vou perder o fôlego, sem nunca poder esperar alcançá-lo, coincidir com ele. Afastemo-nos então um pouco, façamos o aprendizado de uma certa distância. Que surja a palavra reprimida que vem aos lábios de todo sujeito que sobrevive à morte de alguém: Vivamos!
               Sofrerei portanto com o Outro, mas sem me apoiar, sem me perder. A essa conduta - ao mesmo tempo muito afetiva e muito vigiada, muito amorosa e muito policiada - pode-se dar um nome: é a delicadeza: ela é como a forma “sã” (civilizada, artística) da paixão.

Barthes, Roland. Fragmento de um discurso amoroso. Sofro pelo Outro. Editora Francisco Alves, 12º edição. Rio de Janeiro, 1994.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Boa Noite!


Viver é Sonhar em Realizar o Impossível!...

O Rio de Piracicaba Jorrou um Rio de Lágrimas!... Renato Teixeira


O rio de Piracicaba

Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos Olhos de Alguém que Chora

Lá no bairro onde eu moro
Só existe uma nascente
A nascente dos meus olhos
Já formou água corrente

Pertinho da minha casa
Já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa

Eu quero apanhar uma Rosa...
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho a uma criança

Duvido alguém que não chore
Pela Dor de uma Saudade
Eu quero ver quem não chora
Quando Ama de Verdade!...






A Imagem do Meu Desejo!...

 
                Foram preciso muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontrasse a Imagem que, entre mil, convém ao meu Desejo. Eis um grande enigma do qual nunca terei a solução: por que o Desejo por tanto Tempo, languidamente? É Ele inteiro que eu desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou apenas uma parte desse corpo amado, tem tendência de Fetiche em Mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que me alucina? A cor do seus cabelos, a sua maneira de falar, de caminhar, a simplicidade do seu olhar, das suas roupas?

             De todos esses porquês de detalhes só tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável, quer dizer: este é o meu desejo, tanto que único!... É Isso! É exatamente isso que Amo! No entanto, quanto mais experimento a Especialidade do meu Desejo, tanto menos posso nomeá-la; à precisão do Alvo corresponde um estremecimento do teu Nome; o próprio do desejo. Deste fracasso da linguagem, só me resta um vestígio: a palavra “Adorável”... é o que transmite o teu Olhar!...

( Fragmentos de um discurso amoroso - Roland Barthes)

domingo, 4 de outubro de 2009

Um Elogio às minhas Lágrimas!...




         
                  A menor emoção amorosa, de felicidade ou de aborrecimento, me faz chorar. Eu choro com freqüência, muita freqüência e abundantemente. É o enamorado que chora ou é o romântico?
                 Será talvez uma disposição própria do tipo apaixonado se deixar levar pelo choro? Submetido ao Imaginário, ele faz pouco caso da censura que mantém hoje o adulto longe das lágrimas e pela qual o homem pensa firmar sua virilidade. Liberando suas lágrimas, ele segue as ordens do corpo apaixonado, que é um corpo embarcado em expansão líquida : chorar juntos, escorrer juntos: deliciosas lágrimas terminam a leitura que nos faz em comum.
                 Por que a "sensibilidade" se transformou em dado momento em "pieguice"? As imagens da virilidade se modificam; certa vez, tendo sentido as lágrimas lhe escorrerem docemente pelo rosto, "elas lhe pareceram tão saborosas e tão doces, não só ao coração mas à boca". Adapto minhas maneiras de chorar ao tipo de chantagem que pretendo exercer ao meu redor através das lágrimas.
                Ao chorar, quero impressionar alguém, pressioná-lo ("Veja o que você faz de mim"). (...) as lágrimas são signos e não expressões. Através das minhas lágrimas, conto uma história, produzo um mito da dor, e a partir de então me acomodo: posso viver com ela, porque, ao chorar, me ofereço um interlocutor empático que recolhe a mais "verdadeira" das mensagens, a do meu corpo e não a da minha língua: "Que são as palavras? Uma lágrima diz muito mais".
                Talvez seja – e geralmente é – o outro que se quer obrigar desse modo e assumir abertamente sua comiseração ou sua insensibilidade; mas talvez seja também eu mesmo: me faço chorar para me provar que minha dor não é uma ilusão: as lágrimas são signos e não expressões.

(Barthes, Roland - Fragmentos De Um Discurso Amoroso)

Boa Noite!


Acredito na Luz Divina que Translada nosso Ser!

Déjame que Me Vaya y que con Ella Muera! - Mercedes Sosa



Aunque me duela el alma

Y se me quiebre el pecho,
Dejame que me vaya
A olvidarme tus besos.

A donde ire, no importa,
o intentes detenerme,
Total... sabes de sobra
Que en vano fue quererte.

No creo en tus promesas,
No me hagas juramentos,
No bien tu voz los suelta
Ya se los lleva el viento!.

Siempre en el corazon
Guardo una chacarera,
Dejame que me vaya
Y que con ella muera

Aunque me duela el alma
Tan solo pienso en irme,
No quiero andar mañana
Crucificado y triste.

Del hueco de tus manos,
Blancas como el azucar,
Bebi los desengaños,
Probe las amarguras.

La miel que vos me diste
No estaba hecha de flores,
De algun rencor hiciste
La miel de tus amores.

Siempre en el corazon
Guardo una chacarera,
Dejame que me vaya
Y que con ella muera

sábado, 3 de outubro de 2009