sábado, 29 de janeiro de 2011

Feliz na Dor...

                                                  Nau do Descobrimento, óleo s/ tela, Carlos Ballister
Numa breve tentativa
De ser feliz
Busquei nas turbulências
Das ondas do teu Mar

Um leve contato
Para me elevar
A além-mar

Mas nesta breve história
Encontrei:

Um longo Amor
Um livre Ser
Uma leve Dor

Eu-captei

Eu-capitu
Captei
Na tua louca língua
O desejo de ser
Daí bebi um gole
Do teu beijo
Embebi-me
Num fogo
Que me queimou
Num corpo quente
Ardendo no teu prazer

Um Rio perdido no Mar...

Nas correntezas da vida
Como um rio perdido
Sempre em busca do mar

Cá estou...

Como devaneios do devir
Deveras são minhas paixão
Sem chão, sem teto

No verde da ilusão
De sonhos e fantasias
Com máscaras de dêuteron
Num rosto deutérico

Deusa minha
Feminina
Mulher

Vulcão em erupção

Como cinza 
Vou deslizando
 Nas tuas mãos

...

A Origem de Tudo...

Convido-te agora para discordares de mim (se fores capazes de entender-me), espero oferecer-te argumentos suficientemente esclarecidos para poderes o fazer com tuas contradições!...

Vou partir do princípio de que o Planeta Terra é o vasto mundo para nossa perfeita compreensão da existência humana... Aqui não haverá um argumento apologético do processo civilizatório... Será, antes de tudo, uma demonstração do modelo de mulheres ou homens cuja história foi marcada por um violento processo de expropriação e exploração... Desejo entender (e não descrever ou analisar) a vida dos oprimidos e seus opressores (na sua origem): dos desvalorizados; desrespeitados; desclassificados; perseguidos, injustiçados; banidos e assim daqueles que foram forçados ou se auto-forçaram a viver na trilha do cantinho escuro da sociedade...

Talvez em nenhum momento haja uma demonstração das conquistas pela posse da Existência... Até poderei revelar a origem daqueles que não souberam resistir, e que se perderam pelos desvios da longa Caminhada da História Oficial Desumana e que foram impedidos pela contingência civilizatória de Ser... O existir é um ponto de partida, igualmente um ponto de chegada... direciono àqueles que são demasiadamente humanos, assim se preocupam pelo destino da História Humana, também àqueles que são inconformados com as injustiças social, e respeitam os direitos e a liberdade sócio-humana... Ao escrever sobre esse Vasto Mundo, pensei naqueles que acreditam na realidade construída pelas próprias ideias ou ideias, pelas ilusões ou sonhos, ainda pelas utopias e com a esperança no devir... Desta forma, tentarei atingir o poder sem, no entanto, fazer apologia a quaisquer movimento político...

Bem, tudo começou antes do Capitalismo construir suas altas pernas,  longos braço e voraz boca, e assim quando as culturas humanas foram sintetizadas pelos vários fatores da ordem social e biológica: contadas pela História Oficial, descritas pela Antropologia Biológica, analisada pela Etnologia... Contudo a Cultura constitui um amplo referencial de segurança para uma clara explicação dos paradoxos da servidão voluntária, bem como dos fenômenos de movimentos e conflitos sociais: até mesmo da extinção cultural ou estabilização; da hegemonia ou submissão de culturas; dos processos de ocupação territorial ou transformações e apropriação servil...

Enfim, cheguei à conclusão de que não vou conseguir falar sobre os paradoxos da servidão voluntária (essencialmente necessária neste momento), pois seria aí o encontro de subsídios essenciais para compreender a existência humana com suas pulsões individuais... Também, seria necessário para entender os fenômenos de movimentos e conflitos sociais nas transformações culturais, e da expropriação humana, pois as ideias das grandes paixões foram fantasmas  circunscritos pelos limites do psíquico individual que projetaram o agir no campo social, daí onde se compreende toda a origem das contradições por que passam as sociedades moderna, sem a compreensão das pulsões da morte e vida no homem ou mulher: não há possibilidades de compreensão sobre a extinção cultural ou estabilização, da hegemonia ou submissão de culturas, da exploração e expropriação humana, dos fenômenos de movimentos e conflitos sociais, conseqentemente da servidão voluntária...

Pois então (a máquina falhou)!... Perante o meu fracasso argumentativo: recorrerei aos questionamentos da “Psicanálise do Vínculo Social” feito por Eugène Enriquez (Da Horda ao Estado) sobre as sucessivas mudanças de pensamento do homem (e Mulheres) através do processo histórico... Eis a seguir as questões que ele esclarece na sua complexa obra (devo logo confessar: ainda não a li tão complemente para entendê-la e apresentar aqui uma reflexão sobre, é somente um trecinho da orelha, lol), vou ao que interessa:

“O século XIX foi o século da esperança no progresso e na capacidade dos homens de viverem fraternamente. O século XX é o século da inquietude e da desilusão com esse mesmo progresso. Por que os homens, que aspiram à paz, à liberdade e à plena expressão de suas individualidades, constroem, na maior parte das vezes, sociedades alienantes que favorecem a agressão e a destruição da vida comunitária?... Quais as ligações que existe entre destino individual e destino social?... Por que o social é o reino das pseudocertezas e do esquecimento da verdade?”... Agora, sou eu quem quer saber: Por que o século XXI é o reino da hipocrisia e das intolerâncias com as diferenças?... Por que neste mesmo século o que prevalece é a ascensão das máscaras e a queda das subjetividades?... Aviso urgente: isto que eu não consigo responder sobre este século XXI, Eugène Enriquez não esclarece...

Portanto, Enriquez faz, através da psicanálise freudiana e da “teorias do vinculo social, uma análise do poder nas sociedades modernas (e não pós-moderna), além de apresentar um breve estudo do Estado nazista do ponto de vista anti-semitismo e como protótipo do Estado-para-a-destruição. Concluindo com a idéia de que os homens querem manter a necessidade de um pai ou de uma organização toda-poderosa sem serem capazes de perceber a virulência das pulsões de morte que se escondem sob a máscara da vida social em cada homem, assim como eles sempre serão incapazes de fazer com que palavras e instituições novas e inéditas se transformem em palavras plenas e desmistificadoras... ‘Os bárbaros estão entre nós, em nós mesmos. Não esperemos para combatê-los quando se apresentarem vindos do exterior, pois eles não nos farão esta gentileza’.”

Este texto imbuído de emoção não foi concluído!... Ele estar totalmente aberto para (revisão) futuro e sucessivos argumentos e possivelmente maiores detalhes sobre a existência humana (não como posse, mas como a origem da democracia e do sistema ditatorial)... Também buscarei mais detalhes sobre a demonstração (conforme falei no início) do modelo de mulheres e homens, onde suas histórias foram marcadas por um violento processo de expropriação, exploração e apropriação da servidão voluntária, diante da pulsão de morte no limites da psique individual com suas consequências sociais... Eis que encontraremos a Origem de Tudo no vazio do Nada!... Ah!... Quantas angústias me proporcionam a Tecnologia Humana do Computador Cerebral!... Esta frágil Máquina – da Tecnologia Humana – chamada Cérebro: tem Vida Própria, por isso terei que ter domínio sobre a razão para poder domá-lo ( o Cérebro, claro)!... Um dia, espero que seja breve, voltarei para concluir, mas sem Paixão e motivada pela Razão!...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Friends Never Say Goodbye...

Sacrifice...

Lula x FHC.

Quem foi melhor para o Brasil, FHC ou Lula? Creio que agora, com Dilma eleita e empossada, já se pode fazer uma avaliação isenta de paixões. Isso é importante porque as novas gerações só se recordam do governo Lula. O de FHC desenvolveu-se quando boa parte dos jovens atuais era criança. Eles não têm opinião formada sobre o que foi a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

FHC e Lula vivem trocando agulhadas. E - quem diria - já foram aliados, no passado. Foi nos anos 70, quando ambos, ombro a ombro, lutavam contra o regime militar.

Afastaram-se na década seguinte. Lula tratou de fundar o PT e o professor Cardoso, na condição de suplente de Franco Montoro, assumiu a senatoria quando este se elegeu governador. Alguns anos depois ajudou a tornar viável um novo partido, o PSDB, formado por dissidentes do PMDB. Por suas opções partidárias, ambos ficaram no sereno durante muito tempo. Mas suas apostas, no longo prazo, mostraram-se acertadas. Os dois, com elas, chegaram à Presidência da República.

E agora, desde os anos 90, tanto PT quanto PSDB são os dois principais partidos que disputam os corações e mentes da opinião pública. Ao menos da parcela que se acredita esclarecida.

FHC e Lula, cada um pôde reinar durante oito anos. Foram eleitos e reeleitos para o posto. Ambos lograram formar folgadas maiorias no Congresso. Fernando Henrique aproveitou-as para fazer profundas reformas na economia. Lula, que lhe sucedeu, fez o carro deslanchar e tratou de, sozinho, recolher os louros da retomada do desenvolvimento e também do soerguimento da autoestima dos brasileiros.

É difícil afirmar, de forma isenta, qual deles foi o mais importante para o Brasil. Em termos de mudanças, FHC foi o mais efetivo. Já quanto à popularidade, foi Lula quem se saiu melhor.

Embora Lula insista em afirmar que a História do Brasil teve início no dia em que o PT chegou ao poder, eu - que não nasci em 2003 - tenho uma visão mais crítica do processo. Venho seguindo o noticiário político e econômico desde que me tornei adulto. Pelas minhas contas, já pude acompanhar a trajetória de oito presidentes, dez governadores do Estado e 12 prefeitos da capital.

Dentre essas três dezenas de governantes, já houve de tudo: militares, civis, eleitos nas urnas, eleitos indiretamente, vices que assumiram, nomeados e também interinos. Houve quem morresse antes de tomar posse e quem fosse impedido em meio ao mandato. Alguns acreditavam falar com Deus; outros, ainda, deixavam Deus esperando na linha.

Alguns eram direitistas e outros, esquerdistas. E muitos eram, também, populistas. Governantes que cultuaram a fama de trabalhar demais, a maioria que se contentava em trabalhar o suficiente e ainda os que, manifestamente, não gostavam de trabalhar. Como diz o povo, houve gente que não era capaz de nada e gente que era capaz de tudo.

Eu fiz oposição a alguns e fui simpático a outros.

Quais foram os melhores? Com mais de três décadas de experiência, confesso que não sei dizer.
Presidentes, governadores e prefeitos, nenhum deles governou sozinho. Todos tiveram equipes qualificadas e assessores especializados. Deram-se melhor os que souberam evitar os áulicos, descobrir talentos, liderar equipes e garantir, politicamente, a sua governabilidade Mais de meio século atrás, o então prefeito Prestes Maia já reconhecia que "governa melhor um político cercado de técnicos do que um técnico cercado de políticos". E olhem que ele era um técnico.

Iniciei a minha carreira profissional, como jornalista, comentando economia e política no rádio e na TV. Pude constatar que todos os governantes, sem exceção, começaram suas administrações com inúmeros projetos, propostas, promessas e boas intenções. Ao término de seus mandatos, alguns anos depois, bastava contar as suas realizações para perceber que quase nenhuma de suas metas fora atingida. Ao menos não na forma que eles haviam previsto.

Os que lograram marcar presença não foram, necessariamente, os que intentavam criar um novo mundo. Foram aqueles que souberam captar o Zeitgeist - o espírito do tempo, ou da época, como se diz.

O fato é que numa gestão é preciso saber conciliar a sorte com a virtude. Bons jogadores não são apenas os que sempre recebem boas cartas. São também os que fazem o melhor com as cartas que têm.

Alguns lograram êxito. Outros se celebrizaram como exemplos a não serem seguidos.

Os governos de Lula e FHC foram, no meu entender, complementares. Quer no que se refere à retomada do desenvolvimento, quer nas políticas de combate à miséria, o mérito de Lula foi o de pavimentar as picadas que Fernando Henrique já havia aberto.

Se em 2009 a economia brasileira se saiu bem da crise, isso se deve em boa parte à robustez de nosso sistema financeiro. E este só é forte porque foi saneado e normatizado no governo anterior.

Quanto aos programas sociais, como o Bolsa-Família, foi no governo de Lula que se consolidou a ideia, mas foi no de Fernando Henrique que ela se tornou realidade.

O problema é que, atualmente, o que se percebe é que, de tudo o que foi feito, coube somente a Lula a colheita de resultados. O que sobrou para FHC foi apenas o sofrimento das consequências.

Nas últimas eleições, isso ficou patente: quase todo mundo pegou carona na popularidade de Lula e poucos foram os que se atreveram a falar bem de Fernando Henrique.

A nossa posteridade há de fazer justiça. O teste do tempo é implacável: destrói tanto modismos quanto reputações artificiais. E perante a História não basta ser popular para garantir uma vaga.

Por João Mellão Neto - O Estado de S.Paulo

Fonte:    ESTADO.COM.BR - Opinião
 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sou o Irreal...

Mistérios duma Vida
Que nunca se desvenda
Nunca se sabe
Quem vai
Ou quem vem...

E, assim vou
Seguindo nas possíveis
Possibilidades de ser...

Sou o irreal
Da real incapacidade
De viver o teu caos!...

Sigo caminhos, trilhas
Fadada na existência
Das desumanas figuras
Da tua hipocrisia...

Oh, hipócritas
Das desigualdades!...

Oh, figuras Negras
Do vazio
De não-saber Existir...

Existo...

Sim, eu existo
Para viver de amores
Com felinas garras dum Ser!...

Simplesmente...
Sou Mulher
Não dele
Nem tua

Não!...

Não quero ter-te
Sempre por perto
A exigir o começo
Do Fim!...

Leitura: Uma Conexão com o Silêncio...

No silêncio da leitura, três imagens desperta-me a atenção: a primeira,  o desejo de preencher a lacuna das entrelinhas; a segunda, a necessidade de perceber a intrínseca interlocução que o emissor me proporciona; e, a terceira, obter a plena certeza de que a minha receptividade corresponde à mensagem emitida... A busca da identidade dessas imagens no ato da leitura: diz respeito a uma percepção que não me foi possível para uma plena conexão com o princípio da realidade...

Pensei, então, em quais estratégias que um leitor pode ter ao fazer a mesma leitura (análise ou interpretação) em diferentes textos... A verdade verdadeira: é que o receptor muda suas estratégias de acordo com seus objetivos e conforme suas necessidades, bem como de acordo com a sua formação escolar e suas experiências individuais... Dificilmente o leitor seguirá os preceitos da leitura que ele estar digerindo... Já que lhe foi negado ou não lhe foi ensinado adquirir os instrumentos adequados para uma plena interpretação, daí toda a sua carga de influências anteriores interferem e comprometem a reciprocidade da análise em qualquer leitura...

A incompetência do leitor inicia na educação escolar com a incompetência do professor... Ao afirmar isto, quero atentar para o fato de que os profissionais das áreas como história, geografia, matemática estão sempre culpabilizando o professor de português pelas dificuldades pelo qual passam os alunos no momento da interpretação textual... Entretanto, as estratégias de leitura devem ser dominadas por todos os profissionais do ensino, independentemente da área de atuação, assim sendo eles estarão reforçando o trabalho doutro professor... Permitindo, dessa forma, um maior interesse do aluno na leitura e um maior aprofundamento nas estratégias de interpretação... Portanto, a formação diferente de cada professor não deve ser obstáculo nas estratégias de leitura e sim deve ser uma melhor interação disciplinar, dando acesso à multidisciplinaridade para melhor digestão e compreensão em qualquer leitura...

Enfim: o ensinar a ler é o fundamental para solucionar muitos dos problemas do fracasso escolar e da degradação humana... A boa formação de leitores pode e deve atribuir na educação escolar (e na formação humana) à apropriação da escrita como patrimônio da cultura letrada... E, o professor é o principal representante desta cultura!... Aqui surge outro grande problema na formação escolar e, ao mesmo tempo, um desafio para a educação e educadores: o cibermundo não representa a cultura letrada... A internet é um campo minado de erotização, diante de tanta sedução: quem irá se atentar para o domínio da aquisição de instrumentos necessários e estratégias adequadas para uma vivência ética no mundo real?... Já que vivemos na era do caos!... Nesta conexão com o silêncio: eu perco o rumo da minha realidade e o meu destino é sair em busca daquilo que me seduz...

Vem e tenta compreender-me, por favor!..

Um contra o Outro...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O meu Estilo: A Linguagem como Fenômeno Emotivo...

Necessito falar sobre um dos objetivos da Língua enquanto processo expressivo, independentemente dos indivíduos que dela se servem, isto conforme Câmara Junior, e assim como o livre das normas culta das regras gramáticais: o efetivo da estilística!... Com isto desejo deixar bem claro: o que representa, na minha escrita, o estilo da estilística de que eu faço uso sempre que possível no ato de escrever..., em nenhum momento escreverei um texto dentro nas normas gramaticais culta, pois jamais será opinativo, jornalístico, acadêmico, científico ou comercial... Enfim: sempre tentarei escrever numa linguagem poética, permitida pela expressividade emotiva que me possibilita a Estilística... Desculpa-me!... Não deu para entender?... Não é minha intenção ser compreendida!... Desejo sim: desassossegar-te!...

Pois bem: os recursos expressivos que a língua nos proporciona, apresentam-nos os vários estilos que os falantes representam em suas individualidades..., da mesma forma que uma escrita representa o estilo do seu escritor!... Vejamos (para compreender melhor minha justificativa) os vários estilos proporcionados pela estilística no dizer de José Lemos Monteiro com sua idéia em “A Estilística”: “A pesquisa estilística tem desafiado a argúcia e a sensibilidade de muitos estudiosos que, refletindo sobre o fenômeno da linguagem, perceberam que a descrição gramatical é insuficiente para interpretar os aspectos relacionados aos componentes emotivos, responsáveis por frequentes rupturas ou desvios dos padrões linguíticos... Esses desvios constituem um problema para certos gramáticos que, impossibilitados de enquadrá-los em regras bem definidas, passam a considerá-los como erros ou construções viciosas quando, na realidade, representam o exercício criativo da linguagem: a prova mais cabal do pleno domínio da expressão... É verdade que inúmeras quebras dos padrões sintáticos não se justificam estilisticamente. Entretanto, os desvios que se carregam de expressividade pela manifestação de conteúdos emotivos devem ser objeto de análise e interpretação. (Monteiro, A Estilística, p. 09)...

Diante do entendido acima citado, quero aqui reafirmar e apresentar uma forma ou estilo próprio de expressar minhas opiniões e demonstrar meus sentimentos neste Mundo Virtual: tenho um estilo próprio para expor, através da escrita (bem como do falar), minhas idéias sempre carregadas de emoção!... E, assim sendo não gostaria de ser contrariada, pois não?... Também quero admitir que ainda cometo muitos erros nas micro e macro estruturas sintática dos meus textos, porém sempre são possíveis de correção e não comprometem o sentido pleno feito pelas análises e interpretações... Digo isto simplesmente para deixar registrado, sobretudo para justificar os possíveis argumentos imbuídos de poesia e emoção que podem vir a suceder neste espaço ou em qualquer outro na Internet... Pensando a partir daí, é necessário um breve esclarecimento sobre os conceitos de estilística e estilo... E, o que é afinal estilística?... Eis que para Nilce Martins (Introdução à Estilística) é uma pergunta muito difícil para ser respondida facilmente, mas assim ela define: “Estilística é uma disciplina voltada para os fenômenos da linguagem, tendo por objeto de estudo o estilo”... Ah, muito bem!... Só nos resta saber agora o que é o estilo: vem do latim – stilus – um instrumento pontiagudo usado pelos antigos para escrever sobre tabuinhas encerradas e daí passou designar a própria escrita e o modo próprio de escrever (p. 02)...

No entanto, para Monteiro existe uma tríplice conceituação que define muito bem o que é o estilo, porém sem se limitar nos possíveis significados que não se restringem a “sua aplicação ao uso individual da linguagem apenas para fins literários”... Resumindo o conceito da noção de estilo, para ele é: “A) um conjunto de traços característicos da personalidade de um escritor (estilo como idiossincrasia); B) é tudo aquilo que contribui para tornar reconhecível o que alguém escreve (estilo como técnica de exposição própria); e, C) a realização plena de uma significação universal em uma expressão pessoal e particular (estilo como realização literária.” (1991, p 10)...

Entretanto, é necessário (para esclarecer o conceito de estilística) entender melhor os fatos que a fala nos proporciona ao “emergir o simbolismo representativo do sistema intelectivo da língua”, pois é um simbolismo muito mais amplo, permitindo-nos expressar o estado d’alma mais profundo com o apelo da vontade ativa, através também da escrita, portanto um “falante é regido por um sistema linguístico de representação intelectiva” que estabelece a comunicação pela linguagem (falada ou escrita) e simultaneamente utiliza a satisfação dos seus impulsos emotivos, expressando-se dessa forma com a permissão da estilística... Diante destas condições, as três funções da estilística são: “1) caracterizar, de maneira ampla, uma personalidade, partindo do estudo da linguagem; 2) isolar os traço do sistema linguístico, que não são propriamente coletivos, e recorrem para uma, como que, língua individual; e, 3) concatenar e interpretar os dados expressivos, determinados pela Kundgabe e pelo Appell, que se integram nos traços da língua e fazem da linguagem esse conjunto complexo de enérgeia psíquica.” (in: Câmara Junior, p.13)...

Por fim: concluírem com as próprias palavras de Monteiro: “O enfoque estilístico não se detém, pois, no simples inventário das possibilidades de escolha ou na sistematização de fórmulas para se atingir o plano da expressividade... É também a compreensão de que a linguagem pode ser recriada em cada enunciado, sem que isto lhe represente uma mutilação (ou considerada uma cópia de outrem) mas, ao contrário, seja um fator de sua expansão e enriquecimento.”... Finalmente, para tecermos uma crítica ou para se fazer uma análise sobre um estilo textual é necessário – acima de tudo (pouca regra gramatical) – uma forte sensibilidade para compreender a expressividade do escritor mobilizando-se na sua escrita, bem como é necessário uma ampla visão a respeito da estilística e toda a sua permissividade: concedida aos estilos próprios e individualizados porque nem todos os poetas são uns fingidores, para chegar a fingir tão completamente a dor que deveras não conseguem sentir... Enfim, Estilo é: arte, sensibilidade, poesia, sinceridade, afabilidade, suavidade, leveza, fluidez, criatividade, emoção, paixão; é também muito amor no coração!... Ai, ai!... Será que eu consegui atingir o meu alvo?...

Bibliografia consultada:

MONTEIRO, José Lemos. A Estilística. Editora Ática, São Paulo, 1991.

MARTINS, Nilce Santana. Introdução à Estilística. EDUSP, São Paulo, 1989.

La Traviata.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

C 'Est Ma Vie.

Gracias a La Vida.

Em busca da democracia...

                                                          Imagem Bing
Democracia e instituições, um pouco de Deleuze
Para refletir sobre o papel da escola e da rede pública de ensino, um caminho é começar do começo. Qual é o papel das instituições?

No texto Instintos e instituições [1955], Deleuze faz algumas considerações que podem ser interessantes para aqueles que querem pensar a escola brasileira:

"Ora reagindo por natureza a estímulos externos (...). Ora instituindo um mundo original entre suas tendências e o mundo exterior, o sujeito elabora meios de satisfação artificiais, que liberam o organismo da natureza submetendo-o a outra coisa, e que transformam a tendência propriamente dita introduzindo-a num meio novo; é verdade que o dinheiro livra da fome, com a condição de possuímo-lo, e que o casamento poupa a busca de um parceiro, submetendo a outras tarefas. É dizer que toda a experiência individual supõe, como um a priori, a preexistência de um meio no qual é conduzida a experiência, meio específico ou meio institucional. O instinto e a instituição são as duas formas organizadas de uma satisfação possível"

"... a tirania é um regime onde há muitas leis e poucas instituições, a democracia, um regime onde há muitas instituições, pouquíssimas leis. A opressão se mostra quando as leis incidem diretamente sobre os homens, e não sobre instituições prévias que garantam os homens."

"... o instinto se acha na encruzilhada de uma dupla causalidade, aquela dos fatores fisiológicos individuais e aquela da espécie propriamente dita (...). A água que eu bebo, com efeito, não assemelha-se aos hidratos dos quais meu organismo carece...

Aqui Deleuze está chamando atenção que o instinto é não "individualista", ele satisfaz não só ao organismo como à espécie. E, ainda segundo ele, os instintos bem sucedidos, pertencentes a toda a espécie, são "irredutíveis", ou seja, não conseguimos compreendê-los a partir de outras coisas que conhecemos: eles são singulares. Aqui temos um interessante paralelo entre instinto e instituição. O autor termina destacando a importância de resgatarmos a dimensão coletiva da inteligência.

"É preciso decerto reencontrar a idéia de que a inteligência é coisa social mais que individual, e que ela acha no social o meio intermediário, o terceiro meio que a torna possível. (...) Não há tendência sociais, mas somente meios sociais de satisfazer as tendências, meios que são originais porque são sociais."

São belos trechos, não? Selecionei apenas alguns para facilitar a compreensão, há muito mais no texto original, aproveite para ler. E uma questão pode ficar para reflexão.

Que tipo de inteligência estamos estimulando em nossas instituições escolares? Como esta dimensão coletiva da inteligência é tratada em nossas escolas? Estará restrita a eventuais e desconexos projetos "transdisciplinares" sobre "cidadania"? Não deveria esse ser um objetivo central da escola pública?

Fonte: Rizomas  http://rizomas.net/index.php

De castelo em castelo...

Em 1944, dias depois do desembarque dos Aliados na Normandia, Louis-Ferdinand Céline (1894-1961) deixou Paris com a mulher e o gato, numa fuga que era um imperativo de sobrevivência: depois de ter publicado três violentos panfletos anti-semitas, estava ameaçado de morte pela Resistência. O escritor pretendia chegar à Dinamarca, mas em Baden-Baden teve seus documentos confiscados. Perambulou por cidades bombardeadas e chegou a Sigmaringen, vilarejo da Baviera onde, num castelo, se refugiou a cúpula do governo pró-nazista de Vichy.

Céline, pseudônimo do médico sanitarista Louis-Ferdinand-Auguste Destouches, já era então mundialmente famoso. Em 1932, publicara a sua obra-prima, um dos romances mais importantes do século: Viagem ao fim da noite, que revolucionou a literatura francesa com sua linguagem febril.

Sigmaringen, como toda a Alemanha, estava à beira do colapso: faltavam remédios e comida; a sarna, o frio e a fome castigavam os mais de 2 mil franceses condenados à guilhotina por terem apoiado o nazismo. Médico da colônia de colaboracionistas entre novembro de 1944 e março de 1945, Céline é um espectador privilegiado dessa cena caótica, e se mostra em De castelo em castelo um cronista ácido de um episódio nada enobrecedor da história francesa.

Num texto repleto de trocadilhos, reticências e jogos de linguagem ("Não sou um homem de idéias, sou um homem de estilo"), ele borrifa sua raiva irônica para todos os lados, ridiculariza o marechal Pétain e seus ministros fantoches, descreve os contrabandistas que traficavam de tudo - de morfina a pênis artificiais para mutilados de guerra -, espinafra editores, escritores e personalidades do mundo literário francês. O apêndice preparado por Rosa Freire d'Aguiar ajuda a esclarecer episódios e biografias citadas pelo autor, muitas vezes de maneira escamoteada.

Publicado em 1957, De castelo em castelo tirou Céline do ostracismo literário. O livro vendeu 25 mil exemplares no ano de lançamento e jogou nova luz sobre seu inegável talento, embora até hoje suas posições políticas sejam objeto de polêmica. O romance forma, com Norte e Rigodon, a trilogia alemã, sobre a fuga pela Alemanha e os anos de exílio e prisão na Dinamarca.

Fonte: Companhia das Letras

sábado, 22 de janeiro de 2011

Una sola Voz: Tuya!


Não consigo Compreender nem a esquerda e nem a direita...

 Nem esquerda, nem direita
O lúcido pensador italiano Marcello Veneziani começa um belo artigo sobre o antiglobalismo com a seguinte observação: "Se olharmos bem para eles, os anti-G8 são a esquerda em movimento: anarquistas, marxistas, radicais, católicos rebeldes ou progressistas, pacifistas, verdes, revolucionários. Centros sociais, bandeiras vermelhas. Com o complemento iconográfico de Marcos e do Che Guevara. Imediatamente darás conta de que nenhum deles põe em causa o Dogma Global, a interdependência dos povos e das culturas, o melting pot e a sociedade multirracial, o fim das pátrias. São internacionalistas, humanitários, ecumenistas, globalistas. E a acrescentar a isso: quanto mais extremistas e violentos são, mais internacionalistas e anti-tradicionais se tornam".[1]

Posto isto, a oposição da esquerda à globalização é só uma postura que se esgota numa manifestação. Seattle, Gênova, Nova Iorque, Porto Alegre, e acabou, "o mundo continua" como dizia Discepolin. É que a política do "progressismo", como bem observou o filósofo, também italiano, Massimo Cacciari, ordena os problemas mas não os resolve.

Se a esquerda está liquidada, o que dizer da direita? 

Pode-se esperar algo dela? Da direita clássica, tanto do nacionalismo orgânico ou integral ao estilo de Charles Maurras, como do fascista de Mussolini ou do católico de Oliveira Salazar pouco permanece. Só trabalhos de investigação históricos e pequenos grupos políticos sem peso nas suas sociedades respectivas. Resta então como direita o neoconservadorismo norte-americano e dos governos que lhe são afins. E desta direita liberal, a única que existe com peso político, só se pode esperar que as coisas piorem para a saúde e bem-estar dos povos. Se isto é assim, denunciamos uma vez mais, de entre as centenas de vezes que o tentamos demonstrar, que a dicotomia esquerda/direita é estreita, para não dizer falsa, assumindo uma leitura adequada da realidade. Hoje situar-se à esquerda ou à direita é não situar-se, é colocar-se num não-lugar, sobretudo para o pensador (recuso terminantemente o termo intelectual) que pretende elaborar um pensamento crítico. E o único método que hoje pode criar pensamento crítico é a divergência. Divergência não só com o pensamento único e politicamente correto mas também e sobretudo, com a ordem constituída, com o status quo vigente. A divergência é estruturalmente uma categoria do pensamento popular, tal como o consenso, que como vimos, é uma apropriação da esquerda progressista para alcançar a democracia deliberativa que tem muito de ilustrada, e também, ainda que noutro sentido, propriedade do liberalismo como acordo dos que decidem, dos poderosos (G8, Davos, FMI, Comissão Trilateral, Bilderberg, etc.).

A divergência que se manifesta como negação tem distinto sentido no pensamento popular e no pensamento culto. Neste último, regido pela lógica da afirmação, a negação nega a existência de algo ou alguém, enquanto que no pensamento popular o que se nega não é a existência de algo ou alguém, mas antes a sua vigência. A vigência pode ser entendida como validez, como sentido. A discordância nega o monopólio da produtividade por parte dos grupos ou lobbys, para reservá-la ao povo no seu conjunto, mais além da partidocracia política. A alternativa hoje é situar-se para além da esquerda e da direita. Consiste em pensar a partir de uma raiz, do nosso genius loci nas palavras de Virgílio. E não uma raiz qualquer, senão a das identidades nacionais, que conformam os conjuntos culturais ou regionais que constituem hoje o mundo. Com isto vamos para além inclusive da idéia de estado-nação, em vias de esgotamento, para submergirmos na idéia política de grande espaço etnocultural.

É a partir destas grandes regiões que é lícito e eficaz posicionar o combate à globalização, ou americanização do mundo. Fazê-lo como pretende o progressismo: a partir do humanismo internacional dos direitos humanos, ou desde o ecumenismo religioso como ingenuamente pretendem alguns cristãos, é fazê-lo a partir de mais um universalismo. Com a agravante que o seu conteúdo encerra um aspecto inverossímil e não eficaz na hora do confronto político. Todavia este confronto está a dar-se de igual modo, apesar da dificuldade dos pensadores em não poderem entendê-lo ainda, através do surgimento dos diferentes populismos, que não obstante os reparos que apresentam a qualquer espírito crítico, estão modificando, como observa Robert de Herte[4] as categorias de leitura. Assim, a oposição entre burgueses e proletários da esquerda clássica vai sendo substituída pela de povo vs. oligarquias, sobretudo financeiras, sejam de esquerda ou direita, pela de justiça e segurança. Ora, do ponto de vista da esquerda progressista a crítica à globalização limita-se à não extensão dos benefícios econômicos desta à humanidade, mas apenas a uns poucos, pois a esquerda, pelo seu caráter internacionalista não pode denunciar o efeito destruidor sobre as culturas tradicionais e sobre as identidades dos povos. A sua denúncia transforma-se assim numa reclamação formal para que a globalização esteja unida aos direitos humanos. Em sentido contrário, é a partir dos movimentos populares que se realiza a oposição real às oligarquias transnacionais.[5] 

É a partir das tradições nacionais dos povos que melhor se demonstra a oposição à sociedade global sem raízes, a esse imperialismo desterritorializado de que falam Hardt e Negri. É com base na atitude não conformista que se rechaça a imposição de um pensamento único e de uma sociedade uniforme, e se denúncia a globalização como um mal em si mesmo. O pensamento popular, quando é de fato, parte das suas próprias raízes, não tem um saber livresco ou ilustrado. Pensa a partir de uma tradição, que é a única forma de pensar genuinamente segundo Alasdair MacIntyre[6], dado que "uma tradição viva é uma discussão historicamente desenvolvida e socialmente encarnada". Pelo que se torna impossível aos povos e aos homens que os encarnam situarem-se fora da sua tradição. Quando o fazem desnaturalizam-se, deixam de ser o que são. São já outra coisa.

Fonte: Revista Espaço Acadêmico…. http://www.espacoacademico.com.br/050/50cbuela.htm 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Violência: quais os fatores causadores?...


                                                                                          Imagem da Internet - Gameleira
Quem gosta de surfar na onda da violência?... Claro que eu não sou!... E, tu gostas?... Não?... Nem parece!... Então, já que não gostas, porque não tomas uma atitude, pelo menos, diferente!... Bem, para eu falar sobre violência... , teria que rememorar todo o processo histórico de civilização (não descreverei os detalhes, é só ler nos livros da História Oficial), pois esse não é um problema meramente local e nem muito menos atual: apesar de vir crescendo muito nos últimos anos!... Quero também deixar claro: não estou em busca dum culpado para tal situação... Penso que sejam vários os fatores causadores da violência, como são vários os culpados, assim como: os assassinos delinquentes e assaltantes em geral; eu; tu e nós; todos os cidadãos sem atitude; os religiosos e as Igrejas; a mídia; os políticos; judiciário e a polícia; os governantes e o Estado: todos temos culpa nessa onda drástica que assola a sociedade... Sobretudo: porque os delinquentes e assaltantes não escolhem quem merece ser alvo de suas violências, ou melhor, não violam apenas àqueles que lhes tiram o direito de serem gente decente... E, quem acaba sofrendo as consequências?... Os inocentes, claro!...

Portanto, somos todos culpados quando: eu, não encontro a solução eficaz para o problema; tu porque tens medo de agir; nós porque não tomamos uma atitude em conjunto; os cidadãos acomodados porque não buscam os seus direitos e não assumem seus deveres; os médias porque são coniventes com o Poder e sustentam uma bela imagem; os religiosos, evangélicos, leigos e as Igrejas porque ficam esperando pela vontade de Deus; a polícia porque não cobra do Estado as condições necessárias para trabalhar; o judiciário porque repetem suas velhas e arcaicas jurisprudências; os políticos e Governantes porque promovem e se beneficiam da violência para governarem; o Estado porque cria e alimenta todos os tipos de violências para a manutenção do Poder... Quem achar que eu não estou certa, por favor, una-se a mim e juntos agiremos diferente!...

Diante do acima descrito, necessito agir diferente porque necessito seguir o Caminho da Humanidade de Bem!... Depois de refletir muito sobre um angustiante resultado pós-furto pelo qual passei, decidi ir em busca dos possíveis assaltantes que violaram minha privacidade para prestar-lhes apoio social (agir diferente dos outros vizinhos que foram furtados, dos religiosos, dos médias, do judiciário, da polícia, do judiciário, dos políticos, do governo e do Estado é minha meta)... Até estou disposta a dá aos familiares dos furtadores uma cesta básica todos os meses -, também penso que através do diálogo e sensíveis orientações sobre dignidade humana, eles compreenderão seus direitos, bem como seus deveres e agirão de forma menos violenta... Logo o Estado mantém aquela velha estrutura da punição sem reeducar os indivíduos porque satisfaz o Poder dos Governantes, estes se beneficiam da marginalidade para atingirem seus ideais...

Digo isso pela falta de condições que as Polícias Militar e Civil vêm enfrentando no processo de atendimento às comunidades e aos cidadãos trabalhadores... Segundo os policiais e delegados, comandantes e coronéis com quem conversei: a Polícia somente tem capacidade (com a Estrutura oferecida pelo Estado do Acre) de assegurar a segurança dos gestores, políticos e governantes: deixando entregue a própria sorte os cidadãos comuns!... No entanto o nosso ex-governador diz que o Acre é o melhor lugar para se viver: só se for o melhor lugar para se viver sendo furtado e assaltado, sendo iludido e perseguido, sendo acusado injustamente, sendo desrespeitado em todos os sentidos... Nem caminhar, no Belo Parque que eles construíram, eu posso mais, pois os tarados já atacaram-me várias vezes....

Como já falei: a violência não é um problema meramente acriano..., então devemos perceber como os outros lugares vêm tentando solucionar tal situação!... E, o que nos diz os mais experientes?... Dizem eles: os governantes são os mais responsáveis na solução desse drástico problema, cabe a eles: proporcionar melhores condições de vida à sociedade, oferecer mais empregos, não esses que contrata meia dúzia e ilude 800 trabalhadores provisórios; mudar o sistema educacional; mudar o sistema penitenciário e judiciário; qualificar os profissionais da segurança, aparelhar as instituições, etc e etc... A outra parte da responsabilidade é nossa, eu, tu e eles: devemos tomar a iniciativa na organização social e comunitária, enquanto chefes, pais e mães de família e cidadãos que somos nas Igrejas, nas Associações de Bairros e Movimentos Sociais... Assim, temos que por obrigação cívica: adquirir maior visão de nossas responsabilidades e de nossas necessidades para exigirmos de quem compete nos auxiliar nesse árduo caminho do viver em sociedade sem solidariedade, o melhor é dizer: sejamos solidários!...

Somente os peixes devem morrer pela boca!... De novo: quem disser que eu estou errada, por favor, venha cá a mim e diga-me o que eu devo fazer de certo!... Finalmente, o Brasil se tornou um dos países mais violentos nos últimos anos, principalmente com o último Presidente, não estou com tempo suficiente para apresentar os Dados Oficiais e mundial (mas o Brasil só disputa o Pódio da Violência com o México)... Enfim, não desejo um "horror sem fim" nem um "fim horroroso", muito menos quero “deixar um tijolo cair na minha cabeça”, desejo sim: armar-me com todos os instrumentos possíveis e sabíveis para derrubar todos os muros que cerceiam nossas liberdades e nos roubam a Paz... A violência de todos os gêneros é uma consequência Global, não é uma constante somente no Acre... Por isso: eu peço aos Senhores que não temem o perigo da maldade do Poder e que Servem aos Homens de Bem, por favor, não permitam mais que os inocentes sejam vítimas das inconveniências que a Verdade proporciona!...

Vivamos sem ter medo de falar e vergonha de ser feliz!... “Cantar e cantar a beleza de ser eternamente aprendiz”, assim já dizia a canção!... A poesia não acaba com a fome (e a violência), mas eleva os corações e alivia as dores do mundo real!...



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eu gosto de Tudo e de Todos...

                                                                                                 Imagem MSN - Aurora Boreal
“Cada Ser Humano, em qualquer parte do Globo, compartilha uma Herança Comum com Todos os Outros.”...

Richard Leakey

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amiga Aprendiz...

                                                                                                   Imagem Bing - Canal Norte
Poema do Amigo aprediz

Quero ser o teu amigo
Nem demais e nem de menos
Nem tão longe,
nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te, sem medida
E ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade
Sem jamais te sufocar
Sem forçar tua vontade
Sem falar quando for hora de calar,
E sem calar,
quando for hora de falar.

Nem ausente,
nem presente por demais
Simplesmente,
calmamente,
SER-TE PAZ...
É bonito ser amigo.
Mas confesso,
é tão difícil aprender!..
É por isso que te suplico paciência
Vou encher este rosto de lembranças.
Dá-me tempo de acertar nossas distâncias!..


Fonte: Mensagens Sul

domingo, 16 de janeiro de 2011

Estrela Natureza...


De Norte a Sul do Planeta sempre precisamos de Ti!...

sábado, 15 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Na Roda da Liberdade...

                                                                                     Imagem Bing 
De uma forma geral, a palavra "liberdade" significa a condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos.

O desejo de liberdade é um sentimento profundamente arraigado no ser humano. Situações como: a escolha da profissão, o casamento e o compromisso político ou religioso, fazem o homem enfrentar a si mesmo e exigem dele uma decisão responsável quanto a seu próprio futuro.

A capacidade de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que o rodeia, é o que confere ao homem o sentido da liberdade entendida como plena expressão da vontade humana.

Teorias filosóficas e políticas, de todos os tempos, tentaram definir liberdade quanto a determinações de tipo biológico, psicológico, econômico, social etc. As concepções sobre essas determinações, nas diversas culturas e épocas históricas, tornam difícil definir com precisão a idéia de liberdade de uma forma generalizada.

Do ponto de vista legal, o indivíduo é livre quando a sociedade não lhe impõe nenhum limite injusto, desnecessário ou absurdo. Uma sociedade livre dá condições para que seus membros desfrutem, igualmente, da mesma liberdade. Em 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que engloba os direitos e liberdade que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera que devam ser os objetivos de todas as nações.

A liberdade se manifesta à consciência como uma certeza primária que perpassa toda a existência, especialmente nos momentos em que se deve tomar decisões importantes e nos quais o indivíduo sente que pode comprometer sua vida.

O consenso universal reconhece a responsabilidade do indivíduo sobre suas ações em circunstâncias normais, e em razão disso o premia por seus méritos e o castiga por seus erros. Considerar que alguém não é responsável por seus atos implica diminuí-lo em suas faculdades humanas, uma vez que só aquele que desfruta plenamente de sua liberdade tem reconhecida sua dignidade.

O homem tende a exercer a liberdade em todas as ações externas. Quando elas são cerceadas, frustram-se o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo e desprezam-se seus direitos e sua dignidade. Entretanto, apesar de toda a violência externa (e em certo grau também as pressões internas), as pessoas são muitas vezes capazes de manter a liberdade de arbítrio sobre seus atos internos (pensamentos, desejos, amor, ódio, consentimento moral ou recusa), preservando assim sua integridade e dignidade, como acontece com pessoas submetidas a situações extremas de privação de liberdades.

Foram as próprias dificuldades teóricas inerentes ao conceito de liberdade que levaram as ciências humanas e sociais a preferirem o termo plural e concreto "liberdades" ao ideal absoluto de "liberdade". Assim, deixando de lado a discussão especificamente filosófica e psicológica, considera-se, cada vez mais, a liberdade como soma das diversas liberdades específicas. Fala-se correntemente em liberdades públicas, políticas, sindicais, econômicas, de opinião, de pensamento, de religião etc. Embora tal procedimento não resolva o problema teórico da natureza da liberdade, pelo menos possibilita avançar na reflexão e nos esforços para ampliar, cada vez mais, o exercício de uma faculdade de importância primordial na vida dos homens e das sociedades.

Fonte:

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Teocracia + Política = Poder

                                                                                                                                 Imagem Bing
“Todo o sistema de poder é um dispositivo destinado a produzir efeitos nomeadamente aqueles que se comparam às ilusões criadas pela maquinaria do teatro".


Georges Balandier

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Poder em Cena...

                                                                                                                  Imagem Bing
“O Poder é bem mais do que o poder, é coisa diferente do que dele dizem os doutos e os ‘os guardas da cidadela’... É a forma suprema do jogo dramático... Em todas as sociedades, sob todos os céus e em todos os tempos... Os regimes passam, ‘ a teatrocracia’ permanece... Ela rege as aparências que fazem com que as sociedades possam ser governadas... Ela também impõe sua lei às recusas, às dramatizações das revoltas e das oposições.

A Antropologia, a História, a Sociologia do atual regime permitem a Georges Balandier em O Poder em Cena ilustrar sua demonstração... Ele mostra as cenas, apresenta os personagens, revela as figuras imaginárias e os ritos do jogo da ordem e da desordem, inclusive nas sociedades da, como a nossa, telerealidade... Nestes afrontamentos dramatizados: o Doido é sempre a liberdade na couraça da irreverência”...

O Poder em Cena de Georges Balandier

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

No país da filosofia II...

A França é um país onde praticamente não se escrevem livros introdutórios às diferentes disciplinas da filosofia. Mas isso não impede as pessoas de se entusiasmarem com uma boa polémica filosófica, como a que tem ocupado os principais jornais e canais de televisão franceses nos últimos dias.

A polémica surgiu a propósito do último livro de Michel Onfray, publicado na semana passada. Ainda o livro, intitulado Le Crépuscule d'une Idole: L'Affabulation Freudienne (O Crepúsculo de um Ídolo: A Efabulação Freudiana), não tinha saído e já soavam as trombetas a anunciar o escândalo. Onfray tem-se desdobrado nos jornais e televisões, queixando-se dos mimos com que o têm presenteado: fascista, anti-semita, maniqueísta de direita (parece que o problema é ser de direita porque chamar-lhe maniqueísta de esquerda não seria ofensivo) e outras tiradas ad hominem.

Para quem acompanha minimamente o ambiente intelectual no país da filosofia, isto até que nem devia ser assim tão surpreendente. Os intelectuais franceses (em França as coisas nunca se passam só entre filósofos, até porque os não filósofos são sempre um bocadinho filósofos) pelam-se por uma boa polémica que lhes permita aguçar o verbo e exibir a sua autoridade. O estilo quase heróico, contundente, e fanfarrão é muito frequente entre os "intelectuais" franceses. É por isso que as discussões raramente se ficam apenas por aí; transformam-se normalmente em polémicas. A polémica, diferentemente da discussão, assemelha-se mais a um desporto radical, com montes de adrenalina a saltitar. É também por isso que o grande público nunca regateia o espectáculo de uma boa polémica filosófica nos jornais ou na TV.

Mas o que diz Onfray de tão escandaloso, a ponto de suscitar tamanha polémica? Bom, num ambiente intelectual como o francês, só o título do livro já chega para justificar o escândalo. Onfray ousa tocar num dos nomes da santíssima trindade filosófica que caracteriza o universo intelectual e filosófico francês dos últimos cem anos. Houve tempos não muito distantes em que encontrar um filósofo ou intelectual francês que não fosse marxista, nietzscheano ou freudiano era mais difícil do que encontrar um padre ateu. Muitos eram simultaneamente marxistas, nietzscheanos e freudianos.

Ora, Onfray, diz ter lido tudo o que Freud escreveu, incluindo toda a sua correspondência, e concluiu que o fundador da psicanálise foi um brilhante impostor, que manipulou, distorceu intencionalmente e até inventou casos que nunca aconteceram. Considera que a psicanálise não tem qualquer carácter científico (eia, Onfray descobriu a pólvora!) e que se assemelha mais a uma religião com os seus sacerdotes obedientes ao papa fundador, sem esquecer a promessa de cura dos males das pessoas. Pior, Onfray defende que tudo começa no duvidoso carácter do seu fundador, que se considerava um génio da ciência só igualado por Copérnico e Darwin, mas que trabalhou e escreveu durante doze anos sob o efeito da cocaína em que se tinha viciado, que teve continuadamente relações adúlteras com a cunhada, que gostava muito de dinheiro, que era misógino e homofóbico, etc.

Onfray até parece ser um tipo simpático, com um discurso mais claro e articulado do que muitas das vedetas filosóficas francesas, sempre prontas a cantar de galo. Mas, ficamos algo perplexos com alguns dos seus argumentos, sobretudo quando o vemos queixar-se dos ataques ad hominem que lhe são dirigidos.

Enfim, no país da filosofia há "discussões filosóficas" assim.
 
Fonte: Crítica: revista de filosofia

Freud no divã...

O sempre polêmico filósofo francês Michel Onfray aprontou mais uma. Acaba de lançar o livro "Le Crepuscule d'une Idole - L'Affabulation Freudienne" (O Crepúsculo de um Ídolo - A Fabulação Freudiana), no qual desfere fortes ataques à vida e à obra de Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise. Mesmo antes da chegada do catatau de 624 páginas às livrarias, no último dia 21, a França vivia clima de guerra intelectual, com a comunidade psicanalítica (principalmente freudianos e lacanianos) se mobilizando para responder à ofensiva.

O objetivo de Onfray em "Le Crepuscule", cujo título já escancara sua inspiração nietzschiana, é demonstrar que "a psicanálise funciona como uma metafísica de substituição num mundo sem metafísica e oferece elementos para a construção de uma religião numa época do pós-religioso". Segundo o filósofo, as instituições da psicanálise foram construídas por seus "sacerdotes" num esquema próximo ao da religião cristã, com seus patriarcas trabalhando diligentemente para esconder o que poderia vir a macular o mito --daí a própria razão de ser do livro, que é desconstruir as falsificações.

Confesso que tenho simpatias por Onfray. Não tanto pela qualidade de sua obra, da qual li pequena fração, mas pela capacidade de colocar o dedo nas feridas intelectuais francesas e torcê-las sem dó. Neste caso, porém, só lhe dou meia razão.

É claro que a psicanálise não é nem nunca foi uma ciência. E quem frequentar um psicanalista em busca de cura para doenças mentais não apenas joga dinheiro fora como ainda pode estar retardando intervenções médicas necessárias. Parece-me entretanto historicamente falso, além de injusto, negar a Freud um lugar no panteão dos pioneiros. Afinal, ele foi o primeiro a identificar o inconsciente e ressaltar sua importância nos processos mentais humanos --o que não é pouca coisa. Receio, porém, que já esteja me antecipando. Voltemos às críticas de Onfray. Depois retomo a apreciação do que, a meu ver, sobrevive de Freud.

Pela reportagem que o caderno Mais! (só para assinantes do UOL e da Folha) publicou no último domingo, "Le Crepuscule" não tem muito de inédito. Ele como que retoma, agora sob coreografia do polêmico filósofo, objeções epistemológicas e argumentos "ad hominem" que já haviam sido publicados em 2005 em "Le Livre Noir de la Psychanalyse" (O Livro Negro da Psicanálise), obra coletiva que reúne 40 artigos contra Freud.

E o próprio "Livre Noir" não é exatamente uma novidade. Ele é uma tradução para o francês dos humores antipsicanalíticos que emanam do mundo acadêmico norte-americano, onde a visão preponderante é a de que Freud nunca passou de um charlatão.

Isso foi algo que me chamou a atenção durante o ano sabático de 2008-2009 que passei na Universidade de Michigan. Ali ninguém fala de Freud, que praticamente não consta dos programas de psicologia, seja de graduação ou de pós, de nenhuma das grandes universidades que consultei. (Além de Michigan, dei uma olhadinha em Stanford e Yale, que têm os dois mais conceituados departamentos de psicologia dos EUA). Com um pouco de sorte, o nome do pensador vienense talvez seja mencionado --e bem "en passant"-- em algum curso introdutório. O resto é basicamente neurociência, ciência cognitiva, psicolinguística, um pouquinho de nada de sociologia e, na parte clínica, terapias não psicanalíticas.

O contraste com o Brasil é gritante. Aqui, a julgar pelo programa da PUC-SP, Freud e sucessores, como Jung e Melanie Klein, ainda compõem algo como um terço do currículo. Não creio que a situação seja muito diferente nas outras instituições.

O ocaso de Freud nos EUA (e em outros países que prestam mais atenção à ciência do que à metafísica) teve início nos anos 50, com o desenvolvimento dos primeiros fármacos psicoativos. A constatação de que drogas eram capazes de provocar alterações no psiquismo abriu toda uma nova avenida para pesquisas. Os antipsicóticos nos fizeram compreender melhor o sistema dopaminérgico. Depois vieram os antidepressivos e, com eles, foram destrinchados os sistemas da serotonina e das monoaminas. Ressonâncias magnéticas funcionais e tomografias por emissão de pósitrons completaram o arsenal do qual hoje a neurociência se vale para esquadrinhar o cérebro. Paixões, pensamentos e até o raciocínio lógico deixam cada vez mais de ser abstrações para tornar-se manifestações físicas no neurônios. É o triunfo do monismo.

Os avanços nesse campo foram tão rápidos e surpreendentes que há autores como George Lakoff afirmando que até mesmo as metáforas que utilizamos na linguagem têm existência material em nossas células nervosas. Diante de tão palpáveis evidências, fica mesmo difícil recorrer a conceitos algo nebulosos como complexo de Édipo, recalque, pulsão de morte e cura pela palavra.

Paradoxalmente, o próprio Freud, que jamais renunciou à pretensão de fazer ciência, teria aplaudido o avanço da psicofarmacologia. Em seu último livro, o inacabado "Esboço de Psicanálise", de 1938, ele escreveu: "O futuro provavelmente vai nos ensinar a influenciar diretamente as quantidades (psíquicas) de energia e sua distribuição no aparelho psíquico por meio de matérias químicas especiais. Talvez surjam ainda outras possibilidades ainda desconhecidas de terapia; por enquanto nós ainda não temos nada melhor que a técnica psicanalítica à nossa disposição e por isso ela não deve ser desprezada, apesar de suas limitações".

Aparentemente, esse futuro chegou --em que pese a forma ainda grosseira com que atuam os psicofármacos.

Do modo que foi formulada, a psicanálise jamais passou perto de ser uma ciência. Faltam-lhe metodologia, resultados e conteúdo empírico para reclamar estatuto epistemológico. E acho complicado até tentar reservar para ela o papel de saber curativo. Pelo menos para mim, é especialmente chocante a ideia de que o principal que havia a ser dito sobre o psiquismo humano foi dito por Freud mais de 70 anos atrás e, de lá para cá, nada de muito relevante surgiu. Se é verdade que as ciências duras, em especial as biológicas, padecem do defeito de olhar muito pouco para seu próprio passado --médicos raramente leem um texto com mais de cinco anos--, a psicanálise tem a falha de ser imune ao presente. A verdade já foi revelada pelo profeta vienense, não havendo mais nada (ou quase nada) a acrescentar.

E essa é uma característica que, na minha opinião, dá razão a Onfray quando afirma que a psicanálise se estruturou de forma semelhante às religiões --ou partidos políticos de esquerda, ouso acrescentar. Para prová-lo, basta conferir o elevado número de defecções, rompimentos e até excomunhões entre seus membros.

É claro que, numa sociedade livre, cada um pode ir atrás do que lhe faz bem. Se o fiel encontra conforto na missa, é perfeitamente legítimo que o neurótico busque alívio no divã. Dada, entretanto, a ausência de evidências científicas de que essas terapias funcionam para além do efeito placebo, relutaria bastante antes de introduzi-la na rede pública de atendimento.

Só que nem a precariedade epistemológica da psicanálise nem as várias picuinhas levantadas por Onfray, como as supostas infidelidades conjugais de Freud ou suas propaladas simpatias pelo fascismo, são suficientes para tirar do vienense o grande mérito de ter "inventado" o inconsciente. Os avanços da neurociência vão mostrando que esse conceito é ainda mais importante do que suspeitava o pai da psicanálise. Experimentos nesse campo já colocam em dúvida até a existência do livre-arbítrio. Ter percebido isso num mundo ainda vitoriano é definitivamente uma façanha. Apenas isso já bastaria para colocar Freud no mesmo patamar de outros grandes pensadores que, munidos apenas da especulação, contribuíram para que a humanidade pudesse lançar um novo olhar sobre si mesma.

Freud é um clássico --e a psicanálise, seu maior erro.

Hélio Schwartsman, 45 anos, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

Fonte: Folha de S.Paulo.com

domingo, 9 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um olhar sobre "O Mar em Casablanca" de Francisco José Viegas...

"Trata- de um livro em que enredo e personagens são quase autónomos e deixam de o ser quando o autor os agarra, os mistura e com eles faz a história. Mas deixa-os manter as suas histórias separadas. E é este embrulho que tentamos desembrulhar com o desenrolar da leitura. O mistério, a dúvida, o atropelar de situações faz-nos querer chegar a qualquer sítio que nos revele a solução."

Fonte: http://omaremcasablanca.blogs.sapo.pt/

domingo, 2 de janeiro de 2011

Receita de ano novo...

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade

Fonte:
Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!