Como se compusesse uma aquarela, naquela distante constelação, brilha uma solitária estrela... essa estrela não é minha e nem é dele... Entre tantos encantos, fez-se emoção na ausência da razão, parece, enfim, que a renovação do coração está plenamente livre dos rancores, só procura novos amores... E, como um invasor, não organiza nenhum limite definido das fronteiras a serem exploradas... Através de longas curvas vão surgindo outras direções... onde a lua -, por entre cansados corpos, que embriagados de ternura e afeto, vão naufragando de prazer -, nos convida a conhecer dois mundos: o sagrado e o profano...
Na busca de compreensão sobre o sagrado e o profano, lembramos que nem só de trabalho vive a espécie humana... Foi no trabalho que o homem descobriu a ineficácia do ser humano, pois foi esse sistema o gerador de conflitos que propiciaram as guerras, as concorrentes disputas, e foi através da sexualidade que o homem encontrou a válvula de escape para tantas tensões... Então, encontrar o equilíbrio entre a responsabilidade do trabalho e o prazer das diversões é o fio condutor da nossa tessitura ora em desenvolvimento... Pois, também, não somos constituídos de silêncios e conflitos, mas sim de transgressões: veremos que transgredir é preciso, viver é uma conseqüência...
É uma diversidade de questões que nos levariam a uma plena compreensão sobre a necessidade de dever cumprido pelo trabalho e a necessidade do prazer realizado pelo lazer; portanto limitarei a uma simples delimitação da obrigação laboral, para seguir esboçando sobre a paixão interligada ao erotismo e à sedução, enquanto prazer de compensação às tensões exigidas pelo labor... Porém a complexidade é infinita para entender o porquê de que nem sempre podemos só fazer o que nos dar prazer ou de aprender a sentir prazer através do que fazemos: nossa felicidade seria uma constante, se só fizéssemos o que nos dar prazer, no entanto nem sempre as situações poderiam ser favoráveis... Agora se aprendêssemos a sentir prazer através do que fazemos, tudo em nossa direção proporcionaria a constante felicidade e a eterna pacificidade, daí é que surge o sagrado para estabelecer um equilíbrio e nos proporcionar uma linearidade do sentir prazer em tudo que fazemos...
Esse poder exercido através da espiritualidade pode ser compreendido também como uma afirmação do moral, enquanto estereótipo das normas e regras que condicionam o viver em sociedade, moral este muitas vezes desprovido de originalidade... Levando em consideração a complexidade das questões sobre a obrigação laboral enquanto dever cumprido dos sistemas sociais e o sagrado enquanto moral disciplinador, destacarei, a seguir, a paixão profana (sedução e erotismo) como dissolução desse moralismo que tenta romper com os atos disciplinares do desejo e da sexualidade... Esclarecerei no próximo Paixão: Erotismo e Sedução II...
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Pintura: Steve Hanks