Mas claro que não podemos ficar indiferente frente às opiniões de quem estudou com domínio total os temas da sedução e erotismo... Nos parágrafos que seguem veremos uma reflexão feita pelos estudiosos Jean Baudrillard, sociólogo e filósofo francês, Georges Bataille, escritor francês e Octavio Paz, poeta e ensaísta mexicano... Nada mais oportuno quanto necessário do que, nessa segunda parte sobre os temas propostos, recuperáramos parcialmente as análises feitas por esses escritores tanto sobre sedução quanto erotismo...
Aqui nos limitaremos a compreender os temas apenas no campo afetivo; muito embora os estudiosos analisem também nas relações em sociedade... Os autores citados explicam as diferentes maneiras de interpretação que podem existir nas definições dos temas em questão, bem como a dimensão existente neles, a ponto de trazer significados positivos ou alguns negativos, porém sempre comandados por uma linguagem vista pelos autores como uma parceira da vida humana... Portanto, ao final, será indicado a bibliografia para uma leitura mais aprofundada sobre erotismo e sedução...
De acordo com Baudrillard: “A sedução retira alguma coisa da ordem do visível"... Para não confundir sedução com pornô, veremos que na pornografia há uma ausência de sedução, que dar lugar a uma representação exacerbada e instantânea: o fim do segredo... Pois o pornô estima a cultura da demonstração, que se opõe aos sutis mecanismos invisíveis da sedução... Logo a sedução é regida pela ordem do mistério: a ritualização dos comportamentos, a organização ritual do corpo, a qual passa também pela instituição de um jogo de aparências, enganos e simulações, que visam velar o próprio corpo... A sedução é um ritual que instaura e, por meio do qual, se diviniza, mostrando uma aparência mágica, uma brincadeira na qual as fronteiras são tênues, sem limites ou linhas de demarcações: “O que eu quero não é te amar, te querer, nem mesmo te agradar: é te seduzir – e não importa que me agrades, mas que sejas seduzido” (Baudrillard)...
Para Bataille, "O erotismo do homem difere da sexualidade animal justamente no ponto em que ele põe a vida interior em questão... O erotismo é na consciência do homem aquilo que, nele, põe o ser em questão se, por um lado, a atividade sexual de reprodução é comum aos animais sexualizados e aos homens, por outro lado, só os homens fizeram de sua atividade sexual uma atividade erótica... Ou seja, no erotismo participam dois elementos concomitantes: interdição e transgressão... Bataille expressa assim: “o erotismo é, de forma geral, infração à regra dos interditos: é uma atividade humana.... Para enfrentar a morte e mobilizado pela angústia que a consciência desta suscita, o homem cria o artifício da arte... Neste mundo trágico, o homem também cria a necessidade do êxtase... Então, o êxtase, o erótico, o excesso são afirmações da vida, a partir dessa consciência... O êxtase pertence à mesma categoria das atividades de livre gasto de energia, tal como o erotismo: o sentido último do erotismo também não deixa de ser a fusão, a supressão dos limites"...
Segundo Paz, “O erotismo é a sexualidade transfigurada pela imaginação humana... Em todo encontro erótico há um personagem invisível e sempre ativo: a imaginação, o desejo"... Não, o erotismo também não pode ser reduzido à pornografia – para a pornografia o sexo é um objeto comercial a ser consumido como mercadoria – o erotismo pode ser um território do amor; existe nele um potencial criativo e transformador, nele existe um dispositivo que colabora para o corpo ser um construtor do sujeito, pois o erotismo não aventa a melancolia e nem permite à apatia dos depressivos, que dá vazão ao vazio da falta de afeto, onde não há contato num espaço permeado pelo tédio em decorrência da ausência de Eros... E se Eros (pulsão da vida) não se difunde, Thânatos (a pulsão de morte) ocupa o espaço e se manifesta em atos violentos... Concluirei no texto: Paixão: Erotismo e Sedução III...
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