quinta-feira, 21 de julho de 2011

Regresso por um Rio...

«Esquece, profundamente ou quase, esquece. Esquece e não esqueças. Ao olhar para o céu vê-se o vazio do céu, o universo nu e perdido. Onde estão as estrelas? Ninguém vê o seu próprio destino, as navegações e rotas longínquas. Fala para ti próprio: regressaste. Ali era o rio, ainda corre. Ali era o muro repleto de heras. Ali a memória. Ali era o caminho entre amendoeiras, vindo da encosta de olmos e giestas. Ali os pombais. Ali qualquer coisa que deixaste algum dia, alguma vez. Ali, mais à frente, a arrecadação velha e uma acácia à espera de florir, em surdo tempo não espera por ti, nada nem ninguém te vê. Podes vasculhar por toda a tua eternidade em baús cheios de fotografias antigas, pequenas e grandes maravilhas, bordadas a papéis velhos, o rosto dela está aí. Quando o viste?»