quinta-feira, 3 de março de 2011

A Saudade Silenciosa do Carnaval...

                                                                                                                Imagem Bing
Se bem me lembro: “o maior desejo da boca é o beijo”, assim como o maior desejo do carnaval é a euforia dos foliões: pierrôs e columbinas; confetes e serpentinas... E, de vez enquanto quero ir... e ver-te nas máscaras do ano inteiro... Vem o silêncio: logo ligo o rádio, sai à saudade... A vida é assim: só o amor ‘saras feridas’ !...

E, no fingir de existir, sim – também sou o carnaval o ano inteiro para o desfrute das  máscaras e fantasias – sem querer me apropriar das idéias alheias, mas seguindo o “Carnaval” do poeta e juiz de direito, Dr. José Augusto Fontes, sinto exatamente igual a ele à respeito do carnaval:

“Guardei-me até agora, agorinha, já ouço repiques, percebo a revolução, o rebolado nas ruas me atrai, o batuque me chama, um frevo inflama, o axé quase reclama. Ninguém poderia imaginar que eu, assim, calado, esperava apenas pelo carnaval para fantasiar meu silêncio, para movimentar meu olhar parado, meu gesto contido, para abraçar a multidão e desfilar de mãos dadas, (...) vou beijar-te agora,  (...). E assim nascerá, depois de agora, mais esta paixão de carnaval, orquestrada por coloridos gritos (...)  Bem, mas este não vai ser igual ao ano que passou e já é hora de dar os primeiros passos. Será?... (...) É carnaval, entrego-me às suas alegorias e percorro suas alas em repetidas evoluções. Penso em colocar outra máscara, em mudar a fantasia, em dar razão à paixão,. Mas guardei-me até agora, por isso, não vou mudar o ritmo, vou deixar para o ano que vem. Nem eu poderia imaginar isso, com tantos sons e possibilidades. Vou só olhar e sentir, me guardando para o próximo carnaval."

São as palavras acima, perfeitas: também perfeitas para dizer que este ano (para mim) não será igual ao ano que passou (com toda permissão do autor do “Carnaval” acima citado quero expor meus motivos) porque no cordão da minha vida e no salão da ilusão: meu carnaval dura o tempo inteiro; mesmo mudando o ritmo; mesmo diante das possibilidades dos sons e das cores; mesmo olhando e sentindo, não sei sambar!... Não, não sei seguir no  batuque, não sei entrar na cadência e não quero mais o teu Olhar... Enfim: no carnaval deste ano não será igual ao que passou...

Permita-me, dr. José Augusto Fontes, utilizar o foco do seu tema, pois na teia das relações carnavalescas nossas eufóricas emoções podem direcionar o nosso destino e, muitas vezes, a euforia do silêncio nos adestra como um guia numa viagem pelos descaminhos com a infelicidade!... E, percorrer o caminho da felicidade é sentir nas mãos as cinzas dum vulcão em erupção e naquela viagem que o silêncio me proporcionou; naveguei como uma louca nau sem direção na turbulência de muitas sensações: fui Sol da porta bandeira, sou Lua da fantasia, fui Luz da euforia que  Iluminou o ato perfeito e sem direção... Sim, perdi a direção, já não sei mais como seguir sambado no carnaval!... Vem: ensina-me! Pois uma parte de ti ficou em mim; uma parte de mim, toda ela é tua; a outra é a vã esperança em tua direção... Sim, o carnaval deste ano será exatamente igual ao que passou...