segunda-feira, 7 de março de 2011

Mulheres lêem mais do que os homens...

                                                             Óleo sobre tela Moça lendo em Itu - José de Almeida 
Hoje li pela segunda vez o relatório Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-livro, uma pesquisa feita sobre os hábitos de leitura no Brasil, incluindo o perfil do leitor brasileiro. Não fiquei surpresa ao saber que no Brasil, assim como no resto do mundo, as mulheres lêem mais que os homens. Aqui, a nossa percentagem é de 55% de leitoras mulheres para 45% de leitores homens.

Na verdade esta diferença entre leitores e leitoras é tão conhecida que o escritor inglês Ian McEwan se sobressaiu numa entrevista publicada no jornal The Guardian, de Londres, em 2000, quando sabendo-se conhecedor destes números e sendo avisado que as mulheres lêem mais ficção do que os homens, declarou: A conclusão inevitável é que no dia que as mulheres deixarem de ler, o romance terá desaparecido.

Este tipo de pesquisa, estes tipos de números são sempre fonte para muita especulação. Muitos estudos ainda virão a ser feitos, muitas teses de doutoramento e pesquisas similares para justificar esta diferença. Há as explicações biológicas, comparando os cérebros entre os dois sexos e há também aqueles que acreditam que isto se deve às meninas em geral serem alfabetizadas e apresentadas à leitura numa idade mais tenra do que os meninos.

Mas não deixa de me trazer um sorriso irônico nos lábios ao constatar que esta diferença também existe no Brasil. Porque até bem pouco tempo as mulheres não eram nem consideradas para a alfabetização. Lembrei-me disso quando ontem à noite, passando uma vista d’olhos no romance de Ana Miranda intitulado O retrato do rei, uma passagem prendeu minha atenção. Uma passagem que ilustra as raízes culturais que levaram em parte ao atraso na alfabetização das mulheres brasileiras, e a uma perda cultural imensa para a nós.

Fonte: Peregrinacultural's Weblog