sexta-feira, 22 de julho de 2011

A República do Sonhos

Um verdadeiro arquivo da história do Brasil, na página 114 lemos: e isso porque, de cara para aquele sistema de montanhas, acreditava ver o desfilar a crucial história da organização brasileira. Até chegando a ouvir os lamentos e brados dos bandeirantes, dos contrabandistas, dos cristãos novos, dos arrecadadores do ouro, avançando oeste adentro em vacilantes carroças e nos lombos dos animais. Uma humanidade pronta a servir de base para a formação de um povo claudicante.

Com o discurso, e outros, livre indireto muito da narrativa nos carrega em ávidas leituras sem saber ao certo quem fala, mas sem se apavorar bem no final de cada capítulo conseguimos identicar cada detalhe que a narrativa, mais do que rica, nos passa. Valoriza-se tanto cada personagem que fica difícil identificar o persongem principal, como se os secundários fosse apenas as classes, grupos, nunca a família de Madruga. Madruga um imigrante

É melhor dizer que dentro da história da ditadura brasileira e da história do Brasil, há uma história maravilhosa de Madruga um senhor que chega aos seus 80 anos e que desde o início do livro vê a esposa no leito esperando a morte. Com vários filhos, cada qual com sua personalidade, cada qual um riquíssimo personagem que encanta a cada página virada. É uma narrativa deliciosa e historicamente fascinante. Foi o melhor jeito que conheci a história do Brasil com seus imigrantes e suas terras tão longe de nós para queles que se aventuram no Brasil.

Parece que na velhice – o cansado jovem conquistador – passa a narrativa para as mãos de sua neta querida. A descrição da família, ao olhar um quadro na parede, foi um recurso apreciável demais, rico demais. Como é difícil resumir um livro com tantas e tantas riquezas.

Historicamente há um resumo interessante: o rio de janeiro se diverte, é descansado; Brasília é abusiva, nada representa; São Paulo não pára: progredir é seu lema; Belo Horizonte é calma, acha-se a melhor cidade do país.

Nélida Pinõn e A República do Sonhos é uma obra-prima com uma precisão de fatos históricos, literários e psicológicos, que só um gênios como Garcia Marques e seus Cem anos de solidão podemos analogar...