domingo, 29 de janeiro de 2017

Eu Moderno IV: A Sustentável Leveza de Ser.

Afinal, quem realmente se preocupa com seu próximo?... Tudo é frívolo, tudo é efêmero, e nada nos assegura a um futuro próspero e harmonioso no convívio social... Enfim, tendo como única companhia a solidão, o ser humano busca a segurança na insustentável agonia de ser sozinho... No entanto, acreditamos que haja outra via onde se faça prevalecer a civilidade e a coletividade... Sim, a esperança deve renascer e fazer sucumbir a difamação das virtudes, para fazer resurgir das cinzas: a compaixão, a generosidade, o cuidado com o próximo, bem como nos transformar na sustentável leveza de sermos solidários... 

Finalmente, Eugène Enriquez nos leva a acreditar sobre as possibilidades de se reconstruir novos convívios em sociedade, e cita o poeta alemão Hölderlin: "'Lá onde crescem os perigos, cresce também a salvação'... A humanidade inteira estaria ameaçada a reduzir-se a um imenso sistema de escravidão, mas temos um porém: todo indivíduo é um ser histórico, sujeito de direito, sujeito psíquico e sujeito moral, portanto, sujeito de suas ações... Existe um esforço nesse sentido, a emergência de um desejo de reencontrar a alegria em trabalhar e em viver junto, o desejo de amizade, de convívio que pode reconstruir o tecido social: é o amor mútuo (a libido associativa), que está no fundamento do vínculo social e que não se construirá a não ser que queiramos construí-lo, e se esse desejo for compartilhado por um grande numero de pessoas. O voluntarismo, naturalmente, não é suficiente, mas sem ele nada é possível. 

A revolução não pode ser feita em um dia, mas se faz todos os dias nas relações cotidianas que mantemos, aí está a entrada para um convívio verdadeiro, a edificação de uma democracia que mereça esse nome, na qual o amor e a alegria estejam e continuem a estar presentes... Resta, pois, trabalhar nesse projeto e fazer triunfar, tanto quanto possível, o prazer e o amor mútuo... A fraternidade é também alguma coisa de essencial... É a percepção real de que as sociedades não podem se fundar nem perdurar se não desenvolvem um mínimo de prazer, até o regozijo de estar junto"(daqui)...

Para concluir esses episódios que nos levaram a refletir sobre nossa condição humana passível de erros, mas também de acertos, quero novamente ratificar que em nenhum momento dessa escrita tive a intenção de generalizar o questionamento sobre o individualismo, mas sim de criar condições de visualizar esse tema como uma problemática impulsionadora da desordem do mundo moderno... Também não tive a intenção de apresentar propostas de resolução para a recessão econômica, para a corrupção na politica brasileira, pras guerrilhas das facções nos presídios do Brasil, pra miséria que assola as periferias, pra fome de alguns países sul-africano, pros idosos abandonados nos asilos, pras crianças sem o amor materno nos orfanatos, a homofobia, xenofobia,  intolerância étnica e religiosa,  autoritarismo do Governo norte-americano, pra Gaza como maior presidio de céu aberto, pra guerra na Síria, aos ataques terroristas, pras tragédias humanitárias, ou apresentar leis que amenizem os efeitos das mudanças climáticas...

Diante do acima exposto, só nos resta, então, não acreditar que "crise se resolve nas urnas"... Com isso quero chamar a atenção, tão somente, para a necessidade que temos de inovar, buscar soluções para nossos problemas com criatividade a cada novo amanhecer; ir buscando respostas para as crises sem necessariamente trazer mudanças nos processos logísticos ou tecnológicos, e sim em nossas atitudes... Assim seguiremos acreditando que o amor nos unirá e trará a Paz necessária a toda sociedade, onde o antigo sonho será reavivado fazendo da união a força para os povos sentirem-se irmãos planetários... Ademais, o que nos mobiliza é o que nos fortalece...

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