Para impugnar aqueles momentos de repulsão idealista, peço vossa compreensão... Pois as palavras que me perdoem, mas elas, por mais que sejam úteis e necessárias em nossas vidas, ás vezes, me cansam também... Sempre que essa exaustão se apodera de mim, fecho os olhos e vou para as profundezas das águas claras de meu isolamento, e fico a ouvir os passarinhos cantarem... Mas, hoje, escutei foi o vento a me dizer: feliz é aquele que acompanha a gentileza da cidade a se desenvolver... Acho que ele quis falar de ação!... Lembrei da política para a educação, de Paulo Freire...
Saindo dos meus nostálgicos sonhos silvestres, dei-me conta de que a vida urbana deve ser essencialmente educativa... Afinal, qual a ligação da educação política de Paulo Freire com minha nostalgia silvestre?... Ainda falta o bom trato teórico para responder adequadamente, portanto existe toda uma teoria a ser desenvolvida e compreendida, pois a ideia, enquanto palavras sociológicas de PF, pouco traz elucidação, no pensamento desse educador, mas ele nos alerta (num texto intitulado: Política e Educação) para a constante necessidade da pedagogia política num contexto urbano, visando uma tomada de posição que explicite o mundo enquanto opção política, com as próprias palavras dele: “a prática educativa como prática social urbana (deve apresentar) um discurso que desvele, destrinche ou esmiúce a opção política, a posição pedagógica, a inteligência da vida na cidade, os sonhos em torno dessa vida, as preferências estéticas, éticas, urbanísticas e ecológicas de quem o fez”...
Ainda ele ressalta em outro trecho: “Isso não deve significar, porém, que as diferenças de opções que marcam os distintos discursos educativos devam afastar do diálogo os sujeitos que pensam e sonham diversamente... Não há crescimento democrático fora da tolerância que a convivência entre dessemelhantes não lhes nega o direito de brigar por seus sonhos (...) O importante é que a pura diferença não seja a razão de ser decisiva para que se rompa ou nem sequer se inicie um diálogo através do qual pensares diversos ou sonhos opostos não possam concorrer para o acrescentamentos dos saberes... Saberes de suas experiências feitos de sentimentos, de emoção, de medos e de desejos (...) Porque ao recusar a domesticação do tempo (...) o pensamento moderno reconhece a importância do papel da subjetividade na história e atua política-pedagogicamente para fortalecer essa subjetividade” (Paulo freire, Política e Educação. Cortez Editora, SP, 1993)...
E sem nenhuma intensão de ser visionária ou inovadora: essas são ideias para serem desveladas, destrinchadas ou esmiuçadas na ação educativa ou na prática social... É aí que quero demonstrar a exaustão das palavras enquanto discurso ou enunciados teóricos... Em uma ocasião mais apropriada, contudo, voltarei a esmiuçar a ideia do ensino permanente através duma cidade educativa, porém sem a complexa teoria de Paulo Freire... Porque eu prefiro ser uma eterna aprendiz e não me prender e nem me apegar a nenhuma dogmática opinião sobre a delicadeza de educar... Até Breve!...
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Pintura: Peder Mork Mønsted