... "Lembro-me, de todas as estradas do teu corpo,
sei-lhes as curvas, as descidas e subidas,
não preciso de ter os olhos amplamente abertos
para conhecer-te os desvios,
os atalhos para o prazer que guardas em locais insanos.
Sabes bem que cada poro da tua pele é recanto
que conheço, que cada gemido dos teus lábios
é resguardo onde me abrigo,
que cada gota da tua transpiração
é em mim inspiração.
Não te esqueças como te descobri, palmo a palmo,
dedilhando-te como a uma guitarra, noites a fio,
na música constante das sensações
que tivemos e sentimos como ninguém,
nos arrepios da pele quando nos tocamos.
Nas longas noites, nas tardes que prolongámos,
em passeios de dedos pelo desejo macio de corpos despidos,
descobrimos o êxtase dos sentidos,
bebemos nos lábios todas as vontades,
e deixamo-nos ficar, perdidos no tempo,
no momento de sermos nada mais
que dois seres num só corpo metidos"...
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