segunda-feira, 19 de maio de 2014

Amo Cinema e não Generalizo: O Ataque...

Este comentário foge a qualquer concepção estética da crítica cinematográfica, assim como as observações teóricas sobre o Poder estão distante das ciências políticas, por outro lado: tentarei fazer, através do filme “O Ataque”, uma comparação entre Arte e Poder... 

Pois, para Micahel Foucault, os acontecimentos deveriam ser considerados em seu tempo, história e espaço: “Trata-se (...) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações (...) captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam (...) Em outras palavras, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício” (Foucault , 1979:182)...

Ainda, por uma genealogia do poder, na Introdução de Microfísica do Poder, acrescenta Roberto Machado: “é falso definir o poder como algo que diz não, que impõe limites, que castiga... Há uma concepção negativa, que identifica o Poder somente com o Estado e o considera essencialmente como aparelho repressivo, no sentindo em que seu modo básico de intervenção sobre os cidadãos se daria em forma de violência, coerção, opressão... Ele opõe, ou acrescenta, um concepção positiva que pretende dissociar os termos dominação e repressão” (XV)... 

Eis por que tento perceber as questões entre a arte e os poderes, apreendidas por mim no citado filme... Primeiramente, é sempre bom evitarmos a generalização, como nos faz perceber a trama d’O Ataque”; a começar pelo Poder, visto sob a ótica analítica de Michael Foucault (não tenho a menor intenção de adentrar no mérito da questão), o poder não representa um controle totalitário, muito menos é representação inclusiva do Estado e suas instituições... Segundo, para evitarmos ver eternamente os Estados Unidos com seu desacerbado “macarthismo” ou perseguição ao terrorismo por interesse econômico, pois, como a própria História americana já provou e, agradavelmente, demonstra “O Ataque”: o maior inimigo dos Estados Unidos é o próprio norte-americano; eis um motivo para se aprender a perceber quem é quem em certas políticas ou ideologias: representados no filme pelos personagens dos atores James Woods, Richard Jenkins, Jason Clarke e a jovem heroína interpretada pela atriz Joey King... 

Conforme o pouco que aprendi com as teorias analíticas (e observando as práticas da política brasileira), o poder não é hegemônico, ele é fragmentário... Seja lá o que digam os doutos, as mentes que se acham conhecedoras da verdade ou os intelectuais que adoram discorrer suas críticas sobre o caos político, social, econômico e sobre saúde, segurança pública ou educação... Pode ser cinema, não importa o que digam os críticos sobre os filmes americanos ou se é apenas mais uma ficção: é Arte, e arte também é Poder... Ademais, somente assistindo ao filme “O Ataque”, com a cabeça e o coração abertos para as nuances da arte cinematográfica, será possível compreender as sutilezas do poder fragmentado... 

Sinopse, aqui : "O ex-militar John Cale (Channing Tatum) tinha o grande sonho de entrar para a equipe do serviço secreto que protege o presidente dos Estados Unidos (Jamie Foxx), mas vê sua intenção ir por água abaixo quando não é aprovado na seleção... Sem saber como dar a notícia para sua filha, ele a leva para um passeio à Casa Branca... O que John não esperava era que neste mesmo dia o local fosse atacado por um grupo paramilitar fortemente armado. Com o governo tendo que enfrentar o caos na nação e o relógio correndo, cabe a John encontrar algum jeito de salvar o presidente do ataque"...