Ah, impossível fugir dessa confortável  melancolia proporcionada pela monótona chuva de março... Assim mergulho em um desses profundos devaneios estimulados  pela cadência da queda d’agua... Em qualquer ambiente da casa que eu sentar, meu olhar é direcionado a uma janela e posso contemplar as arvores imperfeitamente transbordando no brilho do verde que, intensificado com a límpida água da chuva, se destaca  lá do fundo cinzento do Céu carregado de nuvens escuras... 
Perante essa tediosa atmosfera agradável, sinto-me plenamente envolvida, numa suave  sensação de proteção, no silêncio molhado de uma amazônida ... longe, muito longe ouço as vozes dos corações ardentes, que se misturam com os murmúrios das conversas da multidão inebriada, com tudo que o mundo oferece de sedução, e embriagada com o perfume que impulsiona as emoções... 
Agindo sobre a imaginação, a chuva vai inundando  cada gesto cotidiano...  sempre dando às palavras um novo sabor e uma nova cor...           
