Folheando o livro, “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, desfrutei alguns momentos de quando tive o privilégio de andar pelas Terra Indígenas... Foram momentos inesquecíveis dos quais a fome me levava a caçar macaco... Lembrei-me que a riqueza maior foram as excêntricas conversas com os Sábios da Floresta... Com eles, aprendi que nosso maior erro (dos brancos ou dos cara-pálidas humanos) está na raiz da civilização (um tanto difícil de ser corrigido ou ser comentado); também, com eles aprendi a questionar a antropologia brasileira...
Não, não é ironia, não, pois com alguns pajés e outros lideranças descobri que as pesquisas em Terras Indígenas feitas por alguns antropólogos eram tão inúteis quanto a ciência estudada por eles... Foi quando me propuseram uma nova forma de fazer pesquisa científica; já que, segundo eles, a nossa civilização estava toda errada: nossos modos de educação escolar, educar os filhos ou de organização social e política; consequentemente as pesquisas sociais e cultuais não tinham relevância enquanto ciências sociais que soluciona problemas do caos social da atualidade... Erros estes que eles lutavam para não serem influenciados; levando em consideração nossa forma impositora de agir... Mas é claro que eram ideias de um pensamento inovador, porém que jamais seriam aceitas pela academia brasileira, ou que eles pudessem sustentar por muito tempo...
Por outro lado, eu não queria ser mais uma usurpadora da propriedade intelectual indígena, pois houve um período (quando acompanhei o Movimento Indígena) em que lideranças e militantes indígenas, descontentes com a forma como os conhecimentos de produção tradicional podem ser reproduzidos ou copiados no mercado cultural brasileiro e internacional, sem necessidade de autorização ou pagamento de direitos autorais, lutavam para mudar a Lei de Direitos Autorais; já que esta Lei só reconhece apenas o autor individual; pois o que é coletivo é considerado de domínio público... É aí que a cultura e o conhecimento indígena satisfaz e engrandece todo aquele que se apropria desse conhecimento, sem dar nenhum retorno às comunidades indígenas... Bem, é só pra dizer: já não se ver lideranças indígenas como antigamente... No entanto os apropriadores dos conhecimentos tradicionais só aumentam a cada dia; travestidos de todas as formas...
Enfim, agora lendo o livro, do Yuval Noah Harari, um professor e historiador israelense, “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, voltei a desfrutar daqueles momentos como se fossem os melhores para aprender novos valores sobre a huamanidade, e lembrei das ideias inovadoras que, pelas Aldeias do Acre, tive o prazer de ouvir e conhecer... Depois tentarei fazer, superficialmente, uma comparação entre o pensamento dos Sábios Huni Kuin com conteúdo do pensamento do escritor Yuval Noah Hararium... Recordando que toda conversa com os sábios da floresta é um intenso ensinamento... Com eles aprendemos que as respostas para muitas indagações existencialistas estão na Natureza: é no voo e no canto dos pássaros, na força dos rios, nas cores das plantas e das árvores, no sol, na lua e nas estrelas, no movimentos dos animais que encontramos a explicação para a existência da humanidade no passado, presente e futuro... Afinal, o que nos conta o livro?... Ainda não li o suficiente para expor um comentário apurado sobre as ideias centrais, mas dar para apresentar uma exígua formulação no próximo texto...
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