segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Um Despertar para Rede...

Às vezes, surpreendo-me preocupada em como enfrentar certas adversidades dessa vida, onde tudo se consome num instante; daí digo a mim mesma: ‘concentre-se naquilo que você já tem de melhor’... Pois é, o que já tenho de melhor é um tesouro tão valioso que nem sempre devo mencionar, no entanto tenho outro tesouro (o plano B) que deixei de valorizar, mas que ontem fui convidada a recorrer a eles: meus livros... Nesse domingo, fui obrigada a folhear os exemplares que tenho do sociólogo espanhol Manuel Castells para compreender melhor o sistema informacional do qual estamos submetidos... 

Entretanto, levei algum tempo para me dar conta de que só tenho dois volumes duma trilogia, desse sociólogo, que são leituras obrigatórias para compreendermos as discussões atuais sobre as transformações sociais desse início de século: o volume II, O Poder da Identidade, e o volume III, Fim de Milênio... Falta-me o primeiro da trilogia, volume I: A Sociedade em Rede, baseado em pesquisas sobre a era digital, onde ele analisa a dinâmica social e econômica na era da informação, para compreender as transformações que as novas tecnologias estão produzindo em nossas vidas... Enfim, propus-me um desafio, para 2015, que será ler o possível, desse primeiro volume, na tentativa de responder as seguintes questões: “as tecnologias de comunicação estão a serviço de que, ou de quem?... Que mudanças são trazidas por essas tecnologias à vida do homem e à sociedade?... O que desencadeou todo esse processo?...  E mais:  o que pode ser apreendido dessa relação humana mediada por máquinas?”,  daqui.... 

Vamos lá ao que importa: a difusão informacional como uma diferença específica em cada sociedade global (brasileira ou acriana) é um estudo que exige a minuciosidade da nossa atenção, desejo de aprender e muita disciplina, mas, com as teorias do sociólogo Manuel Castells, é um privilégio sair em busca desse conhecimento... Para nos explicar com mais afinco, peço emprestada as palavras do político português Jorge Sampaio: “Parar para pensar, de preferência na companhia dos que estão mais preparados para reflectirem, com fundamentos teóricos e empíricos sólidos, sobre o devir social, torna-se, nestas condições, uma exigência de bom senso elementar... 

Reflectir, mais uma vez, sobre os constrangimentos e oportunidades ao alcance da sociedade portuguesa no contexto global de construção de sociedades em rede, foi o que decidi fazer, tendo para isso contado com o apoio — que considero um verdadeiro privilégio — do Professor Manuel Castells, sem dúvida um dos mais brilhantes e reconhecidos teorizadores da mudança social na era digital”... Aí ele se interroga "sobre a natureza e direcção do movimento que interliga informacionalismo, economia do conhecimento e sociedade em rede... Para onde nos está a levar?... Que exigências coloca aos agentes económicos e aos decisores políticos?... De que modo interfere ele no quotidiano e na definição dos horizontes existenciais dos cidadãos?"... 

Para esclarecer dúvidas como estas vale a pena se dedicar às leituras... Portanto, finalizo com uma entrevista feita com o próprio Professor Manuel Castells: "Por que os movimentos sociais estão crescendo e se alastrando?... Eles dão certo por uma razão: porque são movimentos autônomos, constroem um espaço de autonomia fora dos condicionamentos dos partidos políticos, do Estado, das empresas – e constroem suas redes próprias sem líderes... É quanto atuam a cultura e a tecnologia em uma sociedade... 

O fenômeno mais importante na sociedade atual é a autonomia, a capacidade de a pessoa decidir a sua própria vida, para todo mundo... O que mais nos importa é decidir nossa vida – com nossas limitações... A internet é uma tecnologia velha – ela foi criada em 1969 -, mas o importante é que ela é também um produto cultural... Foi organizada a partir de valores como liberdade e autonomia... Portanto, o tipo de tecnologia em rede e o tipo de padrão cultural baseado na autonomia coincidem... 

Hoje qualquer mensagem que se quer livre e autônoma não passa por um partido ou por um jornal... Se há uma mensagem que se conecta com outras mentes conectadas na rede, então essa aceitação dá início a um movimento... Os atores são coletivos, sem burocracia, sem hierarquia, sem líderes", daqui...

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