domingo, 15 de fevereiro de 2015

Um Agir Desejável: 'Silêncio Amoroso'...

Mas, para se ter uma vida digna de ser reinterpretada, os poetas sugerem que se tenham experiências verdadeiras, porque viver também é permitir-se descobrir os segredos das estrelas...

Por vezes, entre as experiências falsas e as verdadeiras não existe o agir e o falar separadamente, ambos usufruem dos mesmos mecanismos de persuasão, no entanto situamos (eu e os poetas) o discurso verdadeiro numa relação de referência preciosa e desejável: é a pura expressão da arte... Enquanto o discurso falso é aquele que está meramente ligado ao exercício do poder: é a simples expressão da falácia... 

Vejamos se o poeta Affonso Romano de Sant’anna consegue aduzir o que tentei convencer: “Eu olho os que olham... Portanto, não olho ingenuamente... Quem só olha, vê e esquece, mas quem olha e escreve o que olhou, na verdade, está olhando duplamente... 

Preciso do teu silêncio
cúmplice sobre minhas falhas...
Não fale!...
Um sopro, a menor vogal pode me desamparar.
E se eu abrir a boca minha alma vai rachar.
O silêncio, aprendo, pode construir... É um modo
denso/tenso - de coexistir...
Calar, às vezes, é a fina forma de amar"...

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Pintura: Vicente Romero Redondo