terça-feira, 4 de novembro de 2014

Na Solidão da Palavra...

Se não houver objeção, te direi o que penso sobre o temor oculto... Não acredito no perigo das palavras, não... Os discursos, sim, são perigosos, quando proferidos no vazio da demagogia... Por isso, não tenho medo de nenhuma palavra; adoro saboreá-las, principalmente quando estão solitárias: presas no dicionário...

Certamente, medo eu sinto de voltar a repetir o passado... quero sempre seguir em frente, e olhar para trás apenas para saber a distância percorrida ou para conhecer a flexão, classificação,  formação e a origem das palavras; o estudo da lexiologia se entrelaça perfeitamente com meu confinamento e faz-me sempre sonhar com o pensamento de Simone de Beauvoir: "Que nada nos defina, nada nos sujeite... E que a liberdade seja a nossa própria substância"... Porque adoro o estado de  insignificância ao qual fui subjugada: sem nenhuma intenção de criar asas para voar... 

Quanto aquelas palavras presas, me perco sempre nos labirintos formados por elas... Por vezes pode faltar o tempero da paixão ou da aversão, algo que possa causar algum impacto através delas, mas nada que me cause preocupações, por isso gosto de ficar no silêncio sob o abrigo dessa fiel companhia: o léxico... É muito agradável, nesses dias de chuva, ficar à deriva por entre palavras desconhecidas tentando desvendar seus mistérios e sentir a brisa suave do abandono...

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