sábado, 30 de abril de 2011

As Vantagens do Pessimismo...

Na argumentação deste livro - provocadora e apaixonada - Roger Scruton defende a ideia de que o maior perigo e a maior ameaça adveio sempre dos que defenderam o idealismo ou o optimismo, fossem eles de esquerda ou de direita. E que chegou o momento de substituir a exuberância irracional pelo pessimismo humano.

Scruton demostra que as tragédias e os desastres da História europeia foram consequência do falso optimismo e das falácias que daí derivavam. Enquanto rejeita essas falácias, Scruton constrói uma defesa robusta tanto da sociedade civil como da liberdade, e mostra que o verdadeiro legado civilizacional não é o falso idealismo, que quase nos destruiu - com o fascismo, o nazismo e o comunismo. Temos, pelo contrário, de proteger a cultura do perdão e da ironia dos que se sentem ameaçados por estes valores.

As Vantagens do Pessimismo é um convincente argumento em favor da razão e da responsabilidade, escrito numa época de profunda mudança.
Fonte: Aqui...

As Vantagens do Pessimismo
Para os que se interrogam como é que o “aluno exemplar da Europa” se converteu em “lixo” em tão poucos anos, o filósofo Roger Scruton explicará que “a verdade moral fundamental [...] é que o crédito depende da confiança, que a confiança depende da responsabilidade e que, numa economia de crédito, em que as pessoas procuram desfrutar agora e pagar depois, a responsabilidade está constantemente a diminuir”.

Quando Scruton ataca os vendedores (e compradores) de “ilusões monetárias” não está a pensar no rectângulo luso. O seu alvo é universal e intemporal e os “optimistas inescrupulosos” têm muitos rostos. Mas, em todas as situações, argumenta Scruton, “a esperança, desligada da fé e sem ser mitigada pela evidência da História, é uma coisa perigosa” e o pessimismo informado é a arma mais eficaz contra a falsa esperança e a auto-ilusão.

Embora o livro abarque muitos dos grandes problemas do mundo actual, não é espesso, pois Scruton é conciso: as utopias políticas, o multiculturalismo, o anti-americanismo, o terrorismo islâmico, a fúria normativa da União Europeia, os visionários que prometem admiráveis mundos novos graças aos progressos da cibernética e da engenharia genética, a ruína do sistema de ensino às mãos dos pedagogos herdeiros de Rousseau que decretaram que a “educação não tem a ver com obediência e estudo mas com auto-expressão e recreação”, a obsessão com a ruptura e o desdém pela tradição que entregou as artes a “embusteiros incompetentes”, há balas para todos.

Nem todas são certeiras. Os argumentos de Scruton, explanados com admirável clareza, não estão acima da discussão e alguns são débeis ou falaciosos. Um exemplo: atribui a culpa da “erosão da família” ao Estado. Isto é ignorar que a “solidez” da família tradicional era conseguida à custa da subalternização da mulher, é não perceber as consequências da prevalência do “casamento por amor” e da emancipação da mulher, é não admitir que a família tradicional do século XIX, numerosa, multigeracional, de fronteiras porosas e envolta numa densa e complexa rede de relações, pouco tem a ver com a claustrofóbica família “tradicional” do século XXI, reduzida a um casal com um/dois filhos e barricada na solidão de um apartamento num prédio onde ninguém conhece os vizinhos.

Scruton é conhecido pelas posições conservadoras e pelo gosto pela polémica. Mesmo quando não se concorda, lê-lo é desafiador e intelectualmente estimulante. Se é entusiasta de “causas fracturantes”, vigie a tensão arterial durante a leitura.

Fonte: Aqui...