sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Homem-rio-Amônia


No Verde dessa Floresta
Na Leve Lama dessa Terra
Que cheira como
Cio da Natureza
Nasce esse Rio-Homem

Com a Água e o Barro
da Cor de Gente
jorrando lágrimas de dor
na solidão da exploração

dilui-se nas correntezas
das águas da chuva
o Homem desse Rio
exala o cheiro do calor molhado
na força da semente
que nasceu para o seu mundo

O Homem-Rio
inunda seu Território
de longe olha suas Fronteiras
Com a Paixão que protege
um Coração que Ama...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Por uma Política da Amizade - Francisco Ortega


                  
                “É possível uma amizade neste lado do amor que poderia ser procurada e encontrada? Não falo mais do amor - essa palavra e suas convenções tornaram-se odiosas para mim. Mas é possível atingir uma amizade que seja mais profunda, até mesmo de uma profundidade sem limites e, no entanto, sem palavras, sem idéias?” (Lawrence Durrell, Justine)

                   Em um estudo já clássico sobre o declínio do homem público, o sociólogo Richard Sennett constatou que a sociedade contemporânea se caracteriza pela “tirania da intimidade”, a qual se exprime numa vida pessoal desequilibrada e numa esfera pública esvaziada. Na atualidade estamos dominados pela crença de que a proximidade constitui um valor moral, o que nos leva a desenvolver nossa individualidade na proximidade dos outros.
                A ideologia da intimidade transforma todas as categorias políticas em psicológicas e mede a autenticidade de uma relação social em virtude de sua capacidade de reproduzir as necessidades íntimas e psicológicas dos indivíduos envolvidos. Com isso, esquecemos que a procura de autenticidade individual e a tirania política são com freqüência dois lados da mesma moeda. É necessária uma distância entre os indivíduos para poder ser sociável.
                O contato íntimo e a sociabilidade são inversamente proporcionais. Quando aumenta um, o outro diminui; quanto mais se aproximam os indivíduos, menos sociáveis, mais dolorosas e fratricidas são suas relações. Sennett, que foi aluno de Hannah Arendt e reconhece a sua filiação nas suas análises, realça como a filósofa privilegiava uma “cálida impessoalidade” frente à debilidade que reside na procura de refúgio em uma subjetividade encapsulada e voltada para si. Apostar na impessoalidade é apostar em uma vida da exterioridade. Uma vida na exterioridade é uma vida disposta a admitir a diferença e aceitar o novo, o aberto, a contingência, o efêmero, o estranho. Fugir na interioridade à procura de duração, precisão, segurança, é um caminho sem saída que conduz a autodestruição narcisista. O exterior, o fora, constitui uma dimensão construtiva da existência.
              Essa mesma ideologia da intimidade tenta convencer-nos de que todos os “males” se devem à anonimidade, à alienação, à falta de comunicação. A filosofia da sociedade “íntima” é a “teoria da ação comunicativa”, onde todos os problemas se reduzem a problemas de compreensão causados pelas distorções da comunicação. Comunicação é o conceito básico da moderna teoria da sociedade. Diante do prestígio emancipatório da palavra, o silêncio é associado com um poder repressivo, turvos segredos, tabus entalados, covardia ou estupidez. “Nessa escola do comércio dos homens”, observa Montaigne, “notei amiúde um defeito: em vez de procurarmos tomar conhecimento dos outros, esforçamo-nos por nos tornarmos conhecidos e mais nos cansamos em colocar a nossa mercadoria do que em adquirir outras novas. O silêncio e a modéstia são qualidades muito apreciáveis na conversação”.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Estou seguindo com o Tempo...

                    
                       Estou seguindo com o Tempo... Existem vários caminhos que nos atrai para o Futuro, mas eu escolhi os desvios, as peregrinações, por que "caminhamos com o Tempo, melhor dizendo: somos deslocados por Ele, não por inteiro, mas em pedaços, para finalmente chegar em um lugar em que não acreditávamos que devíamos chegar, deslocados do espaço que nos era mais conhecido e sempre diferentes em nossa forma de continuarmos seguindo iguais"...
                     Estou indo... Armei-me de coragem, pisei no medo, sonhei com o possível e estou partindo. Quero encontrar o Novo. Outra nascente, outro poente, outra Terra... e outra gente. Estou partindo sonhando em meu ser com a esperança de vencer.
                    Pode ser que me chamem de louca, mas estou certa de que não a sou. A mim, importa tão somente que eu seja uma acriana verdadeira, esperançosa e consciente. Muito mais do que outros motivos, eu sigo, deixando-me conduzir pelas mãos do Tempo. Sempre sonhei partindo, e minha esperança é cheia de confiança também em você.
                   Eu sinto a esperança como a força propulsora do meu viver. Sua luz ilumina-me na direção do futuro. Ela, a esperança, será minha companheira fiel em todos os momentos de partir e em todos os lugares aonde eu chegar... Seguindo sem mim, sinto que me resta as lembranças de um Tempo sedento de paixão, Sonhos e com o Coração cheio de amor para semear nos Caminhos que eu passar!...

Fonte inspiradora: Prefácio do ensaio de Jean-Pieerre Vernant, "Entre Mitos e Política"(pag. 19)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Apelo do meu Coração


                       “Não sei se foi o mal, não sei se foi o bem, só sei que me fez bem ao coração! Sofre eu e Você também! Chorei mas não faz mal, melhor é ter alguém no coração!... Foi a vida, foi o amor quem quis assim! Foi tudo natural ninguém é de ninguém!
                       É, isso dói, dói em mim, dói no meu coração... O medo de sofrer, de te fazer sofrer, de um dia te perder, ou de um dia ser obrigada a ter que te esquecer. Mas talvez seja isso que eu tenha que fazer, para a sua vida e você não perder. Antes eu não sabia, agora eu sei e sinto, Te Amo, e eu juro, para você eu não minto.
                       Só que é impossível ter-te ao meu lado por aparência, ter-te ao meu lado por você sentir dó não é justo. Não pense no meu coração, ele é só um intruso que se deixou levar pela emoção e agora descobriu que te Ama.
                       Pense no seu, esqueça que existo, olhe dentro do seu ego, do seu eu, e descubra seu desejo, transforme-o em realidade. Ou queres a outra ou queres a mim...
                     Não seja injusto com você mesmo, pois assim será também comigo! Só fique comigo se realmente me quiseres. Me entrego a você de corpo e alma, para o meu primeiro Amor. E novamente repito... TE AMO, EU JURO...
                    Me resta só sua resposta, a do seu coração, se ele me quer ou não? Seja sincero e fiel ao seu Coração e não ao meu, Te espero!...

(Autor desconhecido)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Rosa Vermelha – Jorge Rodini


Rosa que te quero
Reza que me esmero
Brinca na água raza
Riso de lágrima que vaza
Seu aroma é meu cheiro
Sua cor me revela em branco e preto
Em sua forma me derreto
Quero te amar primeiro
Em seu jardim me fitas

No tua fragrância mulheres bonitas
O vermelho da minha paixão
És a pétala do frágil coração
Por onde passas deixa marca
És sempre uma jura de amor
És um rio para uma barca
És um bálsamo para a dor
Rosa tenra e carinhosa

Ao te oferecer fico prosa
Minha amada te admira
És o ar que ela respira
Quando se espalha em buquê
Multiplica beleza e fantasia

A afirmação vira por quê
A dúvida torna-se alegria.

(BLOG Alma Carioca)

Nem a rosa, nem o cravo – Jorge Amado

                 
                    As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?
                  Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas.
                   Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados.
                   E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

(BLOG Alma Carioca )

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Mundo de Meu Pai!...


Esse é o Mundo de meu Pai onde eu posso escutar
A Natureza ao meu redor Cantando a me Presentear
Esse é o Mundo de meu Pai como pássaros cantai
Manhãs de Luz Flores azuis Declarem o Elogio ao Pai.

No Mundo de meu Pai eu descanso em seu Amor
Pois Terra e Ar o Céu e o Mar são provas do meu Criador.

Se o Mundo de meu Pai lhe parece desigual
Confia, pois sempre ao final Deus Reina e vence o Mal.
No mundo de meu Pai eu descanso em seu amor
Senhor e Rei da Terra ao Céu, pois ele é o nosso Criador!...

(Dayna  e Sacramento)

sábado, 17 de outubro de 2009

Se Tu Amas não Renúncia!



        A moral é de fato uma lógica: ou é isto ou aquilo; se escolho isto, então, não escolho aquilo de novo, isto ou aquilo: e assim por diante, até que, dessa cascata de alternativas, surja enfim um ato puro - puro de todo arrependimento, de todo tremor. Amas! Ou tens alguma esperança, e então ages; ou não tens nenhuma, e então renuncias. Tal é o discurso do sujeito 'sadio': ou, ou. Mas o sujeito amoroso responde: tento me esgueirar entre os dois membros da alternativa: quer dizer: não tenho nenhuma esperança, mas mesmo assim... Ou ainda: escolho obstinadamente não escolher; escolho a deriva: continuo...
          Minhas angústias de conduta são fúteis, cada vez mais fúteis, ao infinito. Se o outro, incidentalmente ou negligentemente, me dá o número do telefone de um lugar onde posso encontrá-lo a tais horas, me desespero imediatamente: devo ou não devo telefonar? (De nada serviria alguém me dizer que posso telefonar para ele - sentido objetivo, razoável, da mensagem -, pois é precisamente com esta permissão que não sei o que fazer.)
                       É fútil o que aparentemente não tem, não terá conseqüência. Mas, para mim, sujeito amoroso, tudo o que é novo, tudo o que desarranja, é recebido, não sob a forma de um fato, mas sob a forma de um signo que é preciso interpretar. Do ponto de vista amoroso, o fato torna-se conseqüente porque se transforma imediatamente em signo: é o signo, não o fato, que é conseqüente (por seu ressoar). Se o outro me deu esse novo número de telefone, de que isso era signo? Seria um convite para usá-lo imediatamente, por prazer, ou apenas se fosse o caso, por necessidade? Minha resposta será ela própria um signo, que o outro interpretará fatalmente, desencadeando assim, entre ele e eu, uma tumultuosa contradança de imagens. Tudo significa: com esta proposição, prendo-me, enleio-me no cálculo, impeço-me de gozar.
                           Às vezes, à força de deliberar sobre 'nada' (no dizer do mundo), esgoto-me; tento então, num sobressalto, voltar, tal como uma afogada que bate com o calcanhar no solo marinho, a uma decisão espontânea (a espontaneidade: grande sonho, paraíso, poder, gozo): pois bem, telefone para ele, já que você está com vontade! Mas o recurso é vão: o tempo amoroso não permite alinhar o impulso e o ato, fazê-los coincidir: não sou a mulher dos pequenos 'acting-out'; minha loucura é temperada, não é visível; é imediatamente que tenho medo das conseqüências, de qualquer conseqüência: é meu medo - minha deliberação - que é 'espontâneo'.
                         O karma é o encadeamento (desastroso) das ações (de suas causas e de seus efeitos). O budista quer se retirar do karma; quer suspender o jogo da causalidade; quer ausentar os signos, ignorar a questão prática: o que fazer? Eu, eu não cesso de me colocá-lo e suspiro por esta suspensão do karma que é o nirvana.
                           Do mesmo modo, as situações que, por sorte, não me impõem nenhuma responsabilidade de conduta, por mais dolorosas que sejam, são recebidas com uma espécie de paz; sofro, mas pelo menos nada tenho que decidir; a máquina amorosa (imaginário) move-se aqui por si só, sem mim; como um operário da era eletrônica, ou como o estúpido do fundo da classe, basta-me estar ali: o karma (a máquina, a aula) rumoreja diante de mim, mas sem mim. Na própria infelicidade, posso, por um brevíssimo momento, arrumar para mim um pequeno recanto de preguiça."

Barthes, Roland. Fragmento de um discurso amoroso. Editora Francisco Alves, 12º edição. Rio de Janeiro, 1994.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Falando de Mim


                        Os aspectos que caracterizam o meu perfil são de pessoas pouco espertas e que pensam muito nos problemas, mas lido com o abstrato e o incerto muito bem. Se você estiver com alguma dúvida ou dilema, é a mim que você deve procurar, adoro analisar, ponderar e chegar a resultados. Sou ótima amiga e sei me colocar no lugar dos outros tendo, assim, uma perspectiva e uma visão de mundo adaptável e misericordiosa.
                       Mas não se iluda com a minha aparente calma. Eu posso ser leve como uma brisa ou violenta e intempestiva como um furacão, depende de como você lida comigo. Eu posso ser muito tranqüila, mas uma vez ofendida ou contrariada, meu equilíbrio se quebra e parto para o ataque.
                        Sou a energia para os intercâmbios afetivos. Indico os gostos pessoais, as necessidades materiais e predisposições em busca de harmonia e prazer. Conforme os caracteres que me impulsionam mostro e expresso os meus afetos, como estabeleço vínculos pessoais e tudo o que faço para me sentir solicita.
                     Eu procuro harmonia e comunicação em todos os momentos de viver, sempre ponderando com calma e justiça as questões que surgem pelo caminho. Eu também expresso minha sensualidade e espiritualidade no momento certo com a pessoa certa!... Considerando o amor como um meio de se alcançar a beleza e a perfeição do viver. Eu posso passar horas discutindo um relacionamento, mas minha natureza emocional é bem infantil. Isso significa que posso saber expressar em palavras meus problemas e angústias do relacionamento, mas dificilmente conseguirei demonstrá-las.
                         Conquistar minha amizade pode ser um pouco trabalhoso, mas uma vez que eu permita que você se aproxime, as coisas fluem naturalmente e você terá uma ótima companheira e amiga.
                       A medida de todas as coisas é uma regra de ouro para mim. Tenho um sentido crítico elevado e justo, o que me faz ser julgadora para aquelas questões difíceis de resolver. Sou diplomata nata e adoro ser sociável. O ponto negativo é que posso demorar muito para tomar uma decisão. Isso pode ser fatal dependendo de onde vem a necessidade. A melhor posição para mim é a de ponderadora, já que geralmente analiso todos os lados da questão.
                       Como tal represento uma mudança de enfoque da mulher, inicialmente posso parecer voltada somente para mim. Mas sou o ponto de contato com o outro. Meu processo de amadurecimento iniciou aos quinze anos na minha primeira gravidez e vem desembocando com o início da minha vida profissional. Comporto um simbolismo que reflete primariamente uma determinada fase da vida. O significado dominante inclui o bom relacionamento afetivo, a divisão de tarefas, a necessidade de conciliação, a fundação da vida familiar. Possuo assim um sentido de divisão e mediação. Sou uma conciliadora por excelência. Possuo serenidade e tolerância para ouvir, ponderar e aconselhar. Gosto de ser justa e imparcial, mas de modo algum fria e omissa. Na verdade, adoro contatos sociais, festas e calor humano. Uma conversa sensível e um refinado senso estético marcam minha persona.
                      Ao tomar uma decisão, considero demoradamente as alternativas. A ordem é não se afobar. Eu sei como poucos o quanto a realidade comporta interpretações conflitantes e como é fácil se deixar levar pelo preconceito e pelo pré-julgamento. A própria noção de antecipar um resultado com base em expectativas pessoais causa-me horror. No meu ponto de vista, a maioria das pessoas age sem pensar, meramente por impulso.
                    O meu símbolo é a balança, o instrumento usado para pesar e equipartir. É também o que os deuses de muitas mitologias usam na hora em que decidem se a alma de um mortal foi predominantemente boa ou má, e se merece a vida eterna ou não. Eu estou a todo instante pondo as coisas na balança, e não dou um passo a diante enquanto ela não pender claramente para um lado.
                  Tanta preocupação assim me trazem muitas desvantagens. A busca pelo equilíbrio muitas vezes foge-me do controle. A vida pode trazer escolhas tão complicadas para a minha mente, que às vezes fico paralisada diante delas. Comparo demasiadamente sem conseguir me decidir, passo a todos a imagem de pouca objetividade. Muitos dizem que vivo em cima do muro ou o que é pior, que mudo de pensamento a cada estação, indo de um lado para o outro, feito bola de tênis, à medida que alguém se apresenta um novo fato até então desconhecido.
                 Sou romântica e simpática, para não dizer leve. Tenho a capacidade de harmonizar o ambiente em que estou com minha mera presença. Não posso viver sem a companhia de outras pessoas. Todo o sentido mesmo de meu senso de justiça está sempre voltado para a construção e manutenção de uma convivência pacífica com o próximo. Sou assim ótima parceira, no amor, na amizade ou nos negócios. Tento manter a relação num nível próximo o bastante para que haja uma comunhão de idéias, mas não tão próximo a ponto de invadir um a intimidade do outro: respeitar sempre a privacidade do próximo é um constante desafio....

O Tempo que o Vento faz


Nem sei de você
Mas eu quero saber
Quero saber tantas coisas

Quero saber do vento
Pensando nesse momento
Que demorou
Tanto tempo

Quero saber se o Vento
Perguntou ao Tempo

Quanto tempo o
Tempo vai demorar
Para fazer você voltar...

(Autor: não conheço)

Desejos e Movimentos!...


Disseram-me um dia
Que o orgasmo é...
Um instante
Sem dor e loucuras,
Desejos e movimentos

Mãos que seguram
E tudo escapam
Corpos que são...
A turbulência
De dois rios
Quando se encontram

Introduzi meu desejo
Em teu corpo
Derramei minha carência sobre ti

Escorri por entre
Tuas pernas
Essa foi minha
Única saída

Sob o teu líquido
Que me banhou
Me curei no teu hálito

Que habitou
A Pátria do meu Desejo
E me embriaguei
Com teu cheiro de prazer
Nós! Saímos da Real..

Sabor da Traição...


Eu,
Fruto da traição
Sabor da desilusão
Sobrevivo,

Buscando em cada
Segundo da Vida
Razão para sentir
A Paz e o Amor

Sonhando,
Recordando
Pois, para esquecer

Que a cada
Dia de Nossas Vidas
Procurei Alegria
E forças para Viver, Vencer!

Agora Vivo...
Como um Passarinho
Distante do Ninho
Sem Direção...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Flutuações de um Ser!...


Uma parte de Ti está em Mim, Uma parte de Mim, toda ela é Tua, a Outra é a busca da vã palavra que tornou-se infinita na Tua procura... por essas partes que um dia se entrelaçaram, leia-me e entenda-me!

Como é a Essência do meu Ser...
Eu existo...
Se Você ainda não me encontrou?...
Em meu interior!
As coisas são sempre testadas:
Tudo se dilui

As páginas são rascunhadas
Nas lágrimas derramadas
Em paredes de papel
Nos telhados de mel

No caos das hipóteses
Mal formuladas
Um novo surge
A cada instante

Às vezes,
Do deserto da vida transborda
As mais efêmeras alegrias

Tudo Vivo
Sem nada ver
Tudo Flui
Sem nada existir

Eis o exercício
Da mentira passageira
Vagando eu passeio...

Reconstruindo-me a cada momento
Na cálida e desfigura noite...
Sou ficção do Real.
Desvendando mistérios

No mundo Estou
Nele sobrevivo
E diante dele sou perecível

Nas possíveis possibilidades
Da existência de um Ser
Eu VIVO:

O Sonho de Existir
Rebelando-me tento Sentir
Todo Inicio, Meio e Fim...

A Dor dos Desencontros...


E na Praça da Praia
O Relógio Marcou
A Hora da Nossa Descoberta

500 anos
De tanta procura
Busca que Ti encontrou
No Porto Seguro do eterno olhar

Agora, não dá mais
Para esperar
Uma vida inteira ou
500 anos
Para amar

Como em Coroa Vermelha,
No Sol e na Lua
Eu esperei um Dia Inteiro
Para Ganhar rajadas de balas
Mesmo do gás lacrimogêneo
Que lacrou a Dor dos desencontros

Porto Inseguro 2000...


Nesta sociedade
Oposta de ontem de hoje
Retrata sempre
A imagem da Branca vida Real
E do eterno sonho
Indígena de Ser

Não mas como na Invasão
e no Inicio da Exploração
que historicamente
fomos dominados
dignamente; resistimos
às Mascáras
de um Descobrimento
às Missas
e festas de cores Brancas Civilizadas
do Domínio Real

Não tão belas
E nem coloridas
Mas temerosas imagens do passado
E uma Branca Apropriação
De uma Colonial Invasão
Que Dominou e Legitimou

A Não posse
De toda Humana Verdade Indígena
Demarcada, Delimitada e Homologada
Pelo Sujo do Branco
Num papel totalmente Real

Na Busca do Passado...


Na moral e no útil
Nas palavras guardando sentido
No desejo da direção
Na idéia e na lógica

No Mundo Dito e Querido
O Homem conheceu:
A invasão e o ladrão
A luta e as guerras
As rapinas e a astúcia
Os disfarces e as máscaras

O Homem perdeu a direção
Na tradição busca
Um novo rumo
Ao Ser em fragmentação...

Nossas Democráticas Diferenças!...


As “Diferenças Abertas”
Da atual Democracia
São como Veias Entrelaçadas
No mundo Planetário
Onde o Sangue
já foi jorrado para Adubar
a Luxuria do Rei
no Planeta jaz de Ouro
que Outrora Brilhou
com a Dor na Indiferença do Irmão

O que nos resta então?
na Translação da Terra
senão Brilhar com
a Luz do Sol!...
no Amigo de Coração
sem Paixão da Homogeneização
sem Cor, sem Dor
sem Comunicação!...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mãos que Destroem


Eu gostaria de ter nas mãos, neste momento,
Uma Marreta!
Para Derrubar Muros
Que Separam as Diferenças!...

Eu preciso neste momento de uma Bomba!
Nas mãos, agora!
Para Explodir Falsos Preconceitos
Que Mascaram as Verdades!...

Eu necessito de uma Metralhadora
Nas mãos, já!
Para disparar sobre Homens
Que Destroem...
Corações,... Sonhos e Desejos!...

Como Termina o Amor?...


                  Como termina um amor? - O quê termina? Em suma ninguém - exceto os outros - nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualquer maneira, eu não o vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um Outro Mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o Ser Amado ressoava como um clamor, de repente ei-lo sem brilho (o Outro nunca desaparece quando e como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma Imposição do Discurso Amoroso: eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim de minha História de Amor: sou o poeta (o recitante apenas do começo); o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos Outros; eles que escrevam romance, narrativa exterior, mítica."
                 Ajo sempre – Teimo em Agir, não importa o que me digam nem quais sejam meus próprios desencorajamentos, como se o Amor pudesse um dia me fazer transbordar, como se o Bem Supremo fosse possível. Daí essa curiosa Dialética que permite que o Amor Absoluto suceda sem embaraço ao amor absoluto, como se, através do amor, eu tivesse acesso a uma outra lógica (o absoluto não sendo obrigatoriamente a única), a um outro tempo (de Amor em Amor Vivo Instantes verticais), a uma outra música (esse som sem memória, sem construção, esquecido daquilo que o precede e o segue, esse som é em si mesmo musical). Procuro, começo, tento, vou mais longe, corro, mas nunca sei que acabo: não se diz da Fênix que ela morre, mas apenas que renasce (posso então renascer sem morrer?)
                A Errância Amorosa tem seu lado Cósmico: parece um Balé, mais ou menos rápido conforme a velocidade do sujeito infiel; mas é ele também uma grande ópera. O Holandês maldito é condenado a errar sobre o mar até encontrar uma mulher de uma fidelidade eterna. Sou esse Holandês Voador; não posso parar de errar (de amar) por causa de uma antiga marca que me destinou, nos tempos remotos da minha infância profunda, ao deus Imaginário, que me afligiu de uma compulsão de fala que me leva a dizer “Eu te amo”, de escala em escala, até que qualquer outro escolha essa fala e a devolva a mim; mas ninguém pode assumir a resposta impossível (que completa de uma forma insustentável), e a errância continua...

Barthes, Roland. Fragmentos de um Discurso Amoroso.Como termina o amor. Editora Francisco Alves, 12º edição. Rio de Janeiro, 1994.

sábado, 10 de outubro de 2009

Quando não se Entende a Paixão!...

                   
                      Recorro à Roland Barthes, em Fragmentos de um discurso amoroso, para justificar o que estar entre aspas a seguir: “O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada”.
                     O apaixonado não se entende e nem se faz entender. O que diz é sempre a repetição de seu estado de encantamento, eivado de quereres que o faz patinar na tentativa da expressão de si. Nunca apreendido pelo outro. Se xinga, elogia. Se elogia, solicita. Se cobra, arde na contradição. Em silêncio, berra. Gritando, não quero representar aquele que não espera; tento me ocupar em outro lugar, chegar nada tem a dizer. O apaixonado está dentro da lâmpada, que, complicada, o atravessa.
                     Ele nem sempre vê a própria luz projetada no próprio entendimento e no do outro. “’Estou apaixonada? – Sim, pois espero.’ O outro não espera nunca. Às vezes atrasado; mas nesse jogo perco sempre: o que quer que eu faça, acabo sempre sem ter o que fazer, pontual, até mesmo adiantado. A identidade fatal do enamorado não é outra senão: sou aquele que espera”.
                     O apaixonado sempre espera porque nunca se sente completo, pleno, satisfeito. Está condenado a se virar com o contentamento descontente (Camões) ininterrupto de sua lúcida loucura. A paixão é saco sem fundo, mundo sem fim. É opção? Escolha dele? É arrebatamento? Seqüestro rácio-emocional? Sabe-se lá! E ele se culpa. Culpam-no. Mas... por quê? O que há de errado em só esperar? “Dizem-me: esse gênero de amor não é viável. Mas como avaliar a viabilidade? Por que o que é o viável é um Bem? Por que durar é sempre melhor que inflamar?” O durar é amor estabelecido na relação. O inflamar é intensidade: nada mais característico da paixão. Ela não entende o meio-termo, certa sensatez ou maneira pensada de conduzir as coisas.
                     O apaixonado sempre pensa pelos hormônios, nervos, coração. Aí, não há o que negar: o querer é rei e manda! Obedece quem não tem nada a perder. Foge aquele que não sabe que essa cor integra é o arco-íris da vida: personalíssima, frágil, rebelde e curta demais para alienar, aparentar robustez, ser conformada ou sobejamente longa para esnobar. “Encontro pela vida milhares de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonada me designa a especialidade do meu desejo”.
                     O apaixonado sabe que o mundo existe, mas o representa a seu modo. Se não se acomoda ao encantado, que se dane o mundo! Essa fase de uma relação é isto: o apaixonado é o ser da paixão. Claro! O universo não se resume aos dois. Ele, o universo, torna-se coadjuvante.
                      Talvez o lance seja saber lidar com a paixão. Bem conduzida, pode virar amor, o lado pé-no-chão de um encontro. Sofrer o apaixonado talvez traga contratempos. Mas se não vivê-lo, como sabê-lo?                
                      Como saber o sabor de um querer que pode ser o Porto Seguro de um mundo no qual dois seres constroem-se na troca, num projeto de vidas que se confundem de forma simples, doce, gentil? Na sombria luz do sentimento, o apaixonado nem sempre a vê nessa perspectiva. Fora da sombra ou da luz, os estranhos não enxergam. Isso não é para o entendimento dos desentendidos da paixão. Eles não podem compreender que paixão também é desejo e que logo o amor virá.

(Autor: não conheço)