Por isso estou aqui, novamente cheia de ternura, às vezes desistindo e resistindo, mas existo: eis a essência do meu ser que me impossibilita qualquer encontro consumista das farras capitalistas...
Aqui, na solidão e no silêncio da tua ausência; envolta dessa imensidão verde, fiquei pensando em ti (mais uma vez delirando com o cheiro forte que foi deixado ao passares por mim), e com o desejo que consome meu corpo, lembrei que as tramas do Tempo que nos aproximaram se entrelaçaram, se fragmentaram e, semanalmente, vão sendo ignoradas; quando abarcaram todas as impossibilidades dos encontros que constroem vidas.... Nós existimos na maioria desses tempos... Tempo que, em alguns momentos, existiram o Outro, tu e eu; eu em ti, tu em mim e todos os outros em nós dois...
Assim, foi quando eu compreendi que a linguagem é uma pele, então esfreguei minha língua em ti e senti uma única palavra que exige a verdade e é esta: a linguagem do teu corpo... Por isso, eu sinto: existo para me consumir em desejos e, na solidão de um mundo sem fim, embeber-me com o cheiro forte da saudade... Sofro com a dor da tua ausência, sinto falta do teu corpo junto ao meu; assim dissolvo-me de tanto prazer, nem sem o por quê...
Mas sei que o orgasmo
É um instante sem dor
Loucuras e desejos
Em sedentos movimentos
Mãos que seguram
E tudo escapam
Corpos que são o encontro
Da turbulência de dois rios
Introduzi meu desejo
Em teu corpo
Derramei minha carência
Por sobre ti
Escorri por entre
Tuas pernas
Essa foi minha única saída
Sob o teu líquido
Que me banhou
Curei-me no teu hálito
Que habitou
A pátria do meu desejo
E, embriaguei-me
Com teu cheiro forte de prazer
Nós saímos da Real...
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