A favor da acessibilidade daquilo que nos agrada ao que vemos, já nos afirmou o notável pensador russo Tolstói: "As grandes obras de arte somente são grandes por serem acessíveis e compreendidas por todos"...
Será mesmo que conseguimos entender o outro através do olhar?... Mas, por que duvidamos, no plano subjetivo, a certeza de que fomos vistos ou se conseguimos ver?... Por que tantas vezes nos passa despercebidos ou não conseguimos reconhecer aquilo que vimos: pessoas, paisagens, situações?... Por quantas vezes nos falta a sensibilidade de perceber com a fina atenção aquilo o qual olhamos com a intenção de entender?... Assim, muito daquilo o qual olhamos nos passa despercebido...
Enfim, tudo aquilo que está em nossa volta é para ser visto, sentindo e compreendido: não importa se com o olhar biológico, o olhar critico e analítico ou o sensível olhar da alma... No entanto, há as controvérsias de que nas sociedades modernas os seres se perdem nas excessividades das velocidades nas imagens que persuadem, seduzem ou impõem um plano ideológico... Mecanismos estes onde nos perdemos na superficialidade das intenções; sim, são estas situações que nos impendem de captar os sensíveis e sutis estímulos e intenções... Daí não conseguimos perceber a realidade em nossa volta e nem nós mesmos, pois falta-nos o precioso tempo para enxergar e entender com a percepção humana, a qual nos faz entender onde nos situamos, com quem nos relacionamos, sobre o que refletimos ou quem somos no ambiente em nossa volta...
Do historiador francês da arte Georges Didi-Huberman, onde ele compõe um ensaio aprofundando as questões da arte, na estética da interpretação contemporânea, no livro: O que vemos, o que nos olha, concluo com este trecho: "O que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha... Inelutável porém é a cisão que separa dentro de nós o que vemos daquilo que nos olha... Seria preciso assim partir de novo desse paradoxo em que o ato de ver só se manifesta ao abrir-se em dois. (…)
Abramos os olhos para experimentar o que não vemos, o que não mais veremos – ou melhor, para experimentar o que não vemos com toda evidência (a evidência visível) não obstante nos olha como uma obra (uma obra visual) de perda... Sem dúvida, a experiência familiar do que vemos parece na maioria das vezes dar ensejo a um ter: ao ver alguma coisa, temos em geral a impressão de ganhar alguma coisa...
Mas a modalidade do visível torna-se inelutável – ou seja, voltada a uma questão de ser - quando ver é sentir que algo inelutavelmente nos escapa, isto é: quando ver é perder... Tudo está aí”...
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Pintura: Vicente Romero Redondo