Bendito e misterioso é o olhar... A gente sempre se encontra e se encanta com alguém ou com alguma coisa (paisagens, objetos, seres nominados ou inominados)... Sim, porque nunca caminhamos ou trafegamos em um espaço sozinhos ou nunca permanecemos de olhos fechados, mesmo diante da solidão...
Novamente, sim: o movimento de olhar sempre é direcionado a algo ou alguém; é esse deslocamento que nos situa no mundo... Eis aqui uma sensibilidade que celebra nossa existência humana... Aí sempre rompemos com as fronteiras do anonimato... Nós não escolhemos olhar, ele simplesmente acontece: olhamos e somos olhado... Para onde o olhar é direcionado, torna-nos plenos da capacidade do contato e da necessidade de sermos vistos ou de ver... Entretanto, a partir desse olhar as escolhas que faremos é que estabelecerão nossas relações...
Alguns moram num olhar, e ele passou para no meu ficar... No entanto, um universo paralelo foi construído para nele meu amor morar... Digno é receber tua olhada, entretanto, nem todo olhar vem só: nele vem tristezas e decepções ou alegrias e satisfações; indigno é você olhar com indiferença, sem que não haja nenhuma intenção, pois o melhor é sentir a sensação de sedução... O olhar chega bem antes de qualquer palavra, portanto não adianta se expressar através de um lindo vocabulário sem boas energias no olhar...
Bendito seja o olhar, que, normalmente, nos encontra para povoar e preencher de companhia nossa solidão, onde muitas vezes insiste em nos dominar ou tomar posse de nós... E se me encanto e me alegro em bendizer o olhar, também bendigo você, que me vem com o apreço e os adereços desse Ben-dizer: encontrei você... Agradeço e sou grata por sua companhia...
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