Serenamente, sentada à margem dum rio
contemplo as águas que, pela infinitude do tempo, incessantemente, já passaram
por baixo daquela ponte... Sofre-se quando se sabe que tudo, mesmo as páginas
dum livro, pode perder o seu valor, ao ser escrito de modo vivo, ágil e antenado
com as transformações tecnológicas da atualidade sem as profundas emoções do
Passado... Dentre tantas histórias, todas as informações devem, necessariamente, vir precedidas, com
base contextual, do passado mais que distante...
Pois Bem, pelas páginas da vida, vai se acompanhando as buscas incessantes de
informações as quais possam nortear um caminho seguro nas escolhas que a
existência exige... Tempos fadados de esperanças, monotonia que agoniza a
alma... incertezas geradoras de
melancolia e construtoras de penumbras em todo amanhecer... Afogar-se em fantasias aceleradas é
fugir do medo apavorante do futuro incerto...
Viver... sentir... desafiar... buscar... Na juventude,
sonhamos em ter vida própria... Na fase dita adulta, perguntamos: o que seria
essa vida própria perante um mundo onde a privacidade é uma extensão do
domínio global?... Ou ainda:
existirá vida própria sob o domínio dum Sistema que dita as normas, regras e
aponta o caminho a seguir?... A importância da redenção, em todas as fases do
viver, é o fator fundamental para
a compreensão de nossos próprios limites ou é necessário se redimir sempre para
uma plena visualização da linha que limita todo horizonte duma mulher frágil e
ameaçadora, involuntariamente provocadora de invejas...
E, com aquela sensação que um dia acreditei ser o alimento do existir, nutri grandes sonhos e fortes desejos... também
acreditei veementes que eram os sonhos e desejos a luz que condizia ao infinito
horizonte das veredas seguras e
desmistificadoras dos enigmas... Mas sob essa tortura de tentar entender
o sentidos das coisas, ao querer
saber qual seria o lugar certo para eu estar, acabei compreendendo o sentindo
do mal ao lado do bem; aceitei minha impotência...
Afinal, todas essas inquietudes não passam
de uma ponte servindo para o destino se mobilizar... Desfiz-me dos meus
costumes habituais: já não nutro sonhos e desejos, para tanto parei de planejar; sentada à porta da minha casa
aprecio a vida passar e com muito apresso, espero ser surpreendida pelos acasos
inesperados da felicidade...