quarta-feira, 4 de abril de 2012

Da Cegueira Colectiva à Aprendizagem da Insensibilidade...

O escritor Mia Couto faz parte daquela Coleção de escritores que não contempla  a arte apenas como uma obra para simples análise literária, e tudo que ele escreve é uma lição de vida, assim como este trecho do pensamento dele (que acabei de ler), eu também acredito que o valor do professor está naquilo que ele ensina “para além da matéria escolar”, este é o principal papel do professor...

Quiçar haja algum dia, na educação escolar, uma discisciplina sobre a Ética da Sensibilidade... Segue uma parte do texto de Mia Couto:

 ... “Durante anos, fui professor. E quando digo isto há uma emoção fortíssima que me atravessa. Eu não sei se há profissão mais nobre do que a de ensinar. E digo ensinar porque existe uma diferença sensível entre ensinar e dar aulas. O professor no sentido de mestre é aquele que dá lições.

Os professores que mais me marcaram na vida foram os que me ensinaram coisas que estavam bem para além da matéria escolar. (...)

Deixem-me falar de Mandela. Este homem, que agora está doente e cansado, viveu encarcerado durante vinte e sete anos. Vinte e sete anos são mais do que o tempo de vida da maior parte dos presentes nesta sala. Vinte e sete anos de prisão é tempo suficiente para criar raiva, ódio e insuperáveis ressentimentos. Contudo, este homem converteu esse potencial negativo em força construtiva e reconciliadora. Um dos motivos de inspiração de Mandela foi ter encontrado num poema que se chama "Invictus". Vou ler esse poema.

Do ventre da noite que tudo cobre
Negra como o fundo da cova escura
Agradeço aos deuses de todos os céus
Por quanto a minha invencível alma perdura

Ante as garras do cruel acaso
Nem eu tremi, nem o medo me turvou
Sob o peso da ameaça e da desumana violência
Eu sangrei mas a minha alma nunca se curvou

Não importa se a passagem é estreita
Não importa quantos castigos devo penar
Eu sou o dono do meu destino
Eu sou o capitão da minha alma”...
Aqui para uma leitura completa...