quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Paixão...


             PAIXÃO é um sentimento que surge com muita força na estrutura emocional de uma pessoa, que leva-a se entregar de corpo e alma pelo objeto desencadeante de paixão. A PAIXÃO é forte, mas tende à superficialidade. Com certeza um grande amor geralmente nasce de uma PAIXÃO, que ao longo dos anos vai se canalizando em amor.  A PAIXÃO pode cegar. Principalmente se atingir a pessoa em momentos de vazio interior.
              A PAIXÃO é uma emoção de ampliação quase patológica do amor. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio, tudo se transfoma em emoção. Pode-se dizer também que paixão é algo muito mais passageiro que o amor, pois, sendo uma patologia deste, com o passar do tempo e sendo rompido o véu da idealização do outro, cai-se na realidade, transformando-se a paixão em amor, ou nada restando do sentimento afetivo. Estudos de psicologia dos sentimentos indicam que o estado de paixão muito dificilmente ultrapassa os três anos.
                A afirmação de que o amor é o que sobra quando acaba a Paixão tem sido na seguinte situação: uma pessoa se encanta por outra e fica tão deslumbrada por ela que só vê suas qualidades. A emoção cresce e, com ela, o medo de perder a individualidade. Esta forte emoção se chama paixão. Porém, com o convívio, a pessoa vai deixando de ser tão cega e passa a ver os defeitos do amado. Aí diminui a emoção e o medo da fusão. Acabou a paixão e sobrou – quando \"sobra\" – o amor.
                 O estado da paixão precede o encontro com a pessoa que vai se transformar no objeto da Paixão. Corresponde à necessidade de se sentir vivo. Geralmente, as pessoas se apaixonam (em alguns momentos da vida) quando estão se sentindo mal, insatisfeitas consigo mesmas e com os outros. Nessas situações, uma Paixão  assim faz a pessoa sentir que está vivendo intensamente. Claro que não se pode negligenciar a escolha da pessoa por quem se vai ficar apaixonado, mas o mecanismo passional vem antes. É acionado um sistema de alarme quando começamos a desejar algo que nos traga uma nova energia vital. A paixão toca no que existe de mais profundo na existência de cada um. É uma autoterapia excelente e um antidepressivo muito eficaz, porém  o com o Outro ao lado.
                   A Paixão é o abandono do estado de vigilância. A paixão invade, pode fazer com que você negligencie os filhos, o trabalho, e  tudo que está ao seu entorno. A paixão se organiza dentro da ansiedade e da urgência. O sentimento primordial é a necessidade absoluta do Outro.
                    Há um aspecto mortífero na paixão. Os apaixonados tendem a ir além de suas forças, com uma percepção alterada da realidade. O resto do mundo não existe mais, e isso não pode durar para sempre. Para ambos os sexos, a função psíquica da paixão é mobilizar conteúdos emocionais inconscientes, por isso ela pode ser uma via de autoconhecimento. O paradoxo é que a paixão aguça todos os sentidos, mas eles estão deturpados pela embriaguez que tal estado provoca. O êxtase da paixão é comparável ao êxtase provocado pelas drogas e pelos delírios místicos.
                    No início da paixão, ninguém vê ninguém. "Para o apaixonado, o Outro sempre é o que eu imagino, o que eu quero e preciso que ele seja". A paixão oferece um espelho às pessoas. Elas passam a ver, no outro, o reflexo de seus desejos mais profundos.
                    "A paixão começa no topo e depois, necessariamente, tem que descer". "Uma hora acontece o confronto entre o que eu achava que o Outro era e o que o Outro é em verdade. É aí que os casais entram em crise e a paixão acaba ou se transforma. E pode até virar amor."

( Fonte: Artigos Quentes)