quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As Variedades do Amor...

Como viver uma vida mais aventurosa e ousada?... É isso: vivo nesse momento o desejo de encontrar revelações que orientem minha vida a seguir novas direções.... Necessito redescobrir a fórmula revolucionária da ideia de autocompreensão de um viver mais satisfatório ou que ilumine minhas lutas por um espaço sob o Sol... 

Perante essa condição, pensei no amor como possibilidade de reflexão para encaminhar um viver com mais tranquilidade, ou seja que nos permita vencer os inimigos que habitam nosso interior: o desânimo, a insegurança, o preconceito, o autoritarismo, a arrogância, a mediocridade, a intolerância e por aí vai... 

Foi pensando assim que recorri as variedades do amor vivenciadas pelos gregos como tentativa de aprimorar nossas necessidades cotidianas, para tanto destacarei do livro Sobre a Arte de Viver os seis tipos de amor da Antenas clássica que nos permite repensar o significado do amor impulsionando nossas vidas... Quais sejam: Eros (amor-paixão), philia (amor-amigo), ludus (amor-brincalhão) pragma (amor-maduro), agape (amor-altruísta ou solidário) e philautia (amor-próprio)...

Com as palavras do escritor Roman Krznaric veremos concisos trechos da representação dessas variedades de amor, primeiramente vejamos o que representa o amor-paixão: “Para os gregos antigos, Eros era a ideia da paixão e do desejo sexual, e representava uma de suas mais importantes variedades de amor... Ele era visto como uma forma perigosa, impetuosa e irracional de amor que podia se apossar de uma pessoa e dominá-la”... 

A segunda variedade de amor é o philia: “em geral traduzido como amizade-, era considerado muito mais virtuosa que a desprezível sexualidade de Eros... Uma versão utilitária de philia existia entre pessoas envolvidas em ralações de dependência mutua, como sócios em negócios ou aliados políticos. Se uma pessoa deixava de ser útil para a outra, a philia podia facilmente sucumbir”... 

“Havia um terceiro tipo de amor valorizado pelos gregos antigos: o amor brincalhão, descrito pela palavra ludus, que diz respeito à feição brincalhona entre crianças ou amantes fortuitos... Tendemos a associar a disposição brincalhona aos primeiros estágios de um relacionamento, em que o flerte, as provocações e os gracejos despreocupados são aspectos ritualísticos da corte... O historiador holandês Johan Huizinga sugeriu que o instinto de brincar era um traço humano natural evidente em todas as culturas, reforçada pela crescente literatura psicológica sobre a importância da brincadeira para o bem-estar, e que deveríamos procurar alimentar o ludus em vários de nossos relacionamentos....

Uma quarta variedade de amor, chamada pragma, ou amor maduro, que designava a profunda compreensão que se desenvolvia entre casais com muitos anos de casados... Pragma tem a ver com a construção de um relacionamento ao longo do tempo, cedendo quando necessário, mostrando paciência e tolerância, e sendo realístico em relação ao que se deveria esperar do parceiro...

A quinta variedade de amor, o agape, trata-se de um antigo amor grego definido pela falta de exclusividade: ele devia ser estendido desinteressadamente a todos os seres humanos, quer fossem membros de nossa família, quer fosse um estrangeiro... Era um amor oferecido sem obrigação ou expectativa de reciprocidade...

Um ultimo amor conhecido pelos gregos era philautia, ou amor-próprio... Os Sábios, no entanto, percebiam que ele se manifestava sob duas formas... Havia um tipo negativo de amor próprio, um desejo ardente e egoísta de obter prazeres pessoais, dinheiro e honrarias públicas muito além da cota justa... Seus perigos foram revelados no mito de Narciso... Freud o via como um redirecionamento patológico da nossa libido para nós mesmos, tornando-nos incapazes de amar os outros... Por sorte, Aristóteles havia reconhecido uma versão mais positiva do amor-próprio, que intensificava nossa capacidade de amar... Todos os sentimentos amistosos pelos outros são extensões dos sentimentos de um homem por si mesmo, quando gostamos de nós e nos sentimos seguros de nós mesmos, temos amor em abundância para dar” (pg 17 a 25)... 

Por fim: se conseguimos dominar essas variedades de amor podemos, quem sabe, conquistar a habilidade necessária para um bom desempenho na vida social, familiar e sentimental...

*.*.*.*.*