domingo, 23 de junho de 2013

Manifestações Brasileira: Panaceia Desvairada Apolítica...


Será que a onda de manifestos em 2013 é um furacão em erupção?... Ou será um terremoto com sua energia se dissipando em cadeia mundial?... Lembrei-me que, nas artes, o Simbolismo surgiu para reafirmar os ideais românticos (no século XIX) em oposição ao Naturalismo/Realismo; assim, creio que na política atual estamos vivenciando o Neo-simbolismo, já que esta é a nova tendência das artes, na hipermodernidade, onde tudo se vive no excesso da superficialidade imagística....

Hoje acordei maluquinha, agora tenho plena certeza de que sou anormal... Enquanto uns gritam para acordar o Gigante, outros fazem suas profundas análises políticas... Enquanto tudo isso está acontecendo, eu aqui fico em guerra com as palavras... São tantas opiniões (que leio) numa diversidade tão maluca, daí sinto-me na obrigação de escrever algumas maluquices também: eis uma situação para lá de sutil, chega a ser insustentável... 

Mas antes, porém, devo confessar que a euforia das manifestações pelo Brasil a fora me deixou muito surpresa e, ao mesmo tempo, muito estonteada e enfadada com o que leio a respeito; principalmente sobre o resultado eufórico cá em Rio Branco... Por outro lado, e, diante das minhas conclusões, estou convicta de que não representa, em nenhum momento, um manifesto apartidário, pelo contrário: o que dá para perceber mesmo é o efeito do jogo fascista da oposição; isso é o que confirma a grande presença de manifestantes opositores acreanos...

Para assegurar uma certa compreensão do assunto, busco as análises daqueles que se sentem seguros sobre o que dizem a respeito da atual situação política do Brasil... Cheguei a ficar estarrecida, perplexa, confusa, tonta etc., diante de tantas outras, com a idéia, de um Possível Golpe de Estado, relatado pela socióloga Marília Moschkovich, esta socióloga se intitula militante de esquerda)... 

Mais atordoada fiquei com a leitura que fiz, sobre a crise social brasileira, no Blog Origem das Espécies do escritor, editor, jornalista e político português Francisco José Viegas, este escritor é um profundo conhecedor da política socioeconômica do Brasil, ele (FJV) foi Ministro da Cultura do Atual Governo de Direita de Portugal... Tem mais: algumas opiniões afirmam veemente que tudo que está acontecendo é contra o Governo da FP, outras já dizem ser uma revolta da extrema esquerda; ainda têm aqueles que garantem ser uma manifestação apartidária... ... O que pensar, sobre tudo isso, afinal?...

Olho ao meu lado e vejo uma luz que vem de Roland Barthes (escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês), sinto-me atraída por algumas frases soltas do livro o Prazer do Texto, ei-las: “Nada há a fazer: o enfado não é simples... Do enfado, a gente não se livra com gesto de irritação ou de desafogo... Assim como o prazer do texto supões toda uma produção indireta (...): não há enfado sincero... Quando mais uma história é contada de uma maneira decente, eloqüente, sem malícia, num tom adocicado, tanto mais fácil é invertê-la, lê-la às avessas... Essa inversão sendo uma produção, desenvolve soberbamente o prazer do texto... O texto é um objeto de fetiche e esse fetiche me deseja... 

O texto me escolheu, através de toda uma disposição de telas invisíveis (...) e perdido no meio do texto (não atrás dele ao modo de um deus de maquinaria) há sempre o Outro: o autor (...): estamos todos presos na verdade das linguagens, quer dizer, em sua regionalidade, arrastados pela formidável rivalidade que regula sua vizinhança... Pois cada falar se tem por si o poder; estende-se por toda a parte no cotidiano da vida social: é o falar pretensamente apolítico dos homens políticos; dos agentes do Estado; é o da imprensa; do rádio; da televisão; é o da conversação; mas mesmo fora do poder, e contra ele, a rivalidade renasce, os falares se fracionam, lutam entre si... Um piedoso tópico regula a vida da linguagem: a linguagem vem sempre de algum lugar...

Espanta o fato de a linguagem do poder capitalista não comportar, a primeira vista, uma tal figura de sistema (pois que os oponentes são sempre aí apresentados como ‘teleguiados’); compreendia então que a pressão da linguagem capitalista não é de ordem sistemática, argumentativa, articulada: é um empesamento implacável de maneira inconsciente: uma ideologia em sua essência... Para que esses sistemas falados cessem de enlouquecer ou incomodar, não há outro meio exceto habitar um deles... Senão: e eu, e eu, o que é que estou fazendo no meio disso tudo?”... 

Sinceramente, para mim foi bastante esclarecedor o que Roland Barthes descreve sobre a linguagem ideológica de todos os autores, e, em todos os falares induzindo ou persuadindo o interlocutor: escritos e discursivos; felizmente ou infelizmente, ainda assim não consigo habitar num sistema ideológico para dá peso ao que tento refletir (escrever) sobre todos os comentários que leio a respeito das manifestações brasis a fora, no sentido de teleguiar este ou aquele ideal de leitura... Para finalizar essa confusão: uma das ideias mais enlouquecedoras e incômodas, (pois nada acrescenta) lida por mim, sobre as manifestações, foi dum sociólogo da UFAC que sempre demonstrou aversão ao governo da FP/AC... Pois bem: ele comparou esses movimentos a um furacão em erupção vulcão em erupção; para ele as lavas contidas dos direitos negados, ao longo do governo da FP/BR, resolveram entrar em explosões agora, justamente nas vésperas de eleição... Não é por acaso que o grito de revolta eclodiu na grande São Paulo onde o Governo (PSDB) é oposição à Prefeitura (PT)... 


E ainda existe petista se culpando... Valha-me, ó grande Zeus!... É exatamente esse questionamento que me faço sempre que possível: “ e eu o que é que estou fazendo no meio disso tudo?”... 


1 - Foto Lucas Bonolo 

2 - Roland Barthes. Prazer do Texto. Editora Perspectiva. Tradução J. Guinsburg... São Paulo, 2008. Pg. 33, 35 e 37.