Adoro acordar todos os dias me sentido de bem com a vida, para isto acontecer naturalmente analiso constantemente minhas falhas; daí que num desses momentos de análise, e perante todas as delongas das minhas constantes buscas de superação da ignorância, encontrei, em uma das pesquisas no Google, o livro A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debor...
Sem nenhuma intenção de apresentar, aqui, um discurso que expresse o ponto alto dos nossos próprios limites: postarei alguns fragmentos deste livro como sugestão de boa leitura que possibilitará o alívio dos sintomas da ignorância... Esta obra foi publicada pela primeira vez em novembro de 1967, em Paris; uma serie de reedição sucederam até 1991; percebe-se então a fundamental importância dela para compreendermos um pouco sobre a desordem a qual se instaura no Mundo atual...
... “Toda a vida das
sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como
uma imensa acumulação de espetáculos... Tudo o que era diretamente vivido se esvai
na fumaça da representação... As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
vida e fundem-se num curso comum, de
forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida... A realidade
considerada parcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo
mundo à parte, objeto de pura contemplação...
A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada,
onde o mentiroso mente a si próprio... O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo.
O espetáculo é ao mesmo
tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de
unificação... Enquanto parte da
sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por
ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa
senão a linguagem oficial da separação generalizada... O espetáculo não é um
conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por
imagens.
O espetáculo,
compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente... Ele
não é um complemento ao mundo real, um adereço
decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as
suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do
entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente
dominante... Ele é a afirmação
onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário — o consumo”...