sábado, 10 de abril de 2010

O Movimento "New Age" e a Mística Panteísta da Criação


"O que será aqui escrito é fruto de uma vasta pesquisa junto a várias organizações que se dizem explicitamente gnósticas e da leitura de diversos livros que tratam deste assunto. Um dos livros mais importantes, e que será citado várias vezes, é A Conspiração Aquariana, de Merilyn Ferguson, considerado um dos principais documentos sobre a "Nova Era".

Capítulo 1

O Movimento "New Age"

Como demonstrado na parte anterior deste trabalho, a Renascença representou um início de ruptura com o teocentrismo. Essa ruptura pode ser percebida em diversos autores renascentistas, como Giordano Bruno, M. Ficino, Pinponaze, Pico della Mirandola, etc.

Giordano Bruno, nasceu em Nola (Nápoles), em 1548 e morreu em Roma a 17 de fevereiro de 1600. Fascinado, como ele mesmo dizia, pelos ensinamentos de Heráclito, Parmênides, Demócrito, Lucrécio e Plotino. "(...) De volta a Paris, o seu violento antiaristotelismo provocou tumultos entre os estudantes... passando à Alemanha, primeiro a Wittenberg, onde se inscreveu na igreja luterana, mas onde permaneceu pouco tempo, despedindo-se com ‘oratio valedictoria’, cheia de exaltação de Lutero. (...) Nem toda a sua doutrina teve igual sorte; mas a imanência da Divindade no

Universo foi tese muito estimada pelos espinosistas, hegelianos e respectivos sequazes, próximos ou longínquos; e o conceito de mónada, como mínimo e máximo ao mesmo tempo, encontrou boa aceitação junto dos leibnizianos" .

A doutrina de fundo de Giordano Bruno, assim como a do movimento "Nova Era", é a gnose. O termo ‘gnose’ foi inicialmente utilizado, na tradição helenística, para designar o ‘saber’, o ‘conhecimento’, etc. Com o advento do Renascimento, a palavra ‘gnose’ tomou uma conotação mística e religiosa, misturando-se com a magia e com seitas esotéricas propugnadoras

do panteísmo e do monismo. Pode-se também argumentar que o primeiro sentido da palavra ‘gnose’ (conhecimento), refere-se ao conhecimento da transcendência da verdade e, por efeito, da transcendência de Deus.

O segundo sentido da palavra ‘gnose’, empregado pelos esotéricos, ao invés de se referir ao conhecimento da transcendência de Deus, refere-se à imanência: auto-conhecimento. Nesse sentido, é possível dizer que o significado do termo ‘gnose’ não se alterou, pois em ambos os casos ele se refere ao ato de conhecer. O que houve foi uma alteração no objeto a ser conhecido, não mais exterior ao homem, mas imanente à natureza. Só há duas possibilidades lógicas de se conceber Deus, ou se imagina um Deus transcendente e superior; ou se considera a Deus - ou a divindade - como um ser imanente e, por conseqüência, igual aos homens.

O movimento ‘Nova Era’, na realidade, não passa de uma reedição das doutrinas que influenciaram a Renascença, tanto a defendida por Parmênides e por Heráclito, quanto a que os Estóicos propugnaram na sua concepção de que o fogo (divindade) se mistura em toda a matéria. Ao mesmo tempo, existe um caminhar seguro rumo a uma mística de origem oriental, budista e hinduísta. O texto, transcrito em seguida, é de Pico della Mirandola, extraído do livro A Conspiração Aquariana:

"Com liberdade de opção e com dignidade, como criador e modelador de si mesmo o homem pode assumir a forma que preferir. Terá a força para gerar nas formas inferiores de vida, que são irracionais. Terá a força partindo do julgamento da alma, para renascer em formas superiores".

É interessante comparar o texto seguinte, de Marilyn Ferguson, com a escola de Eléia (Parmênides):

"(...)E traímos a integridade, a não-distinção, separando tudo que vemos, de modo que nos escapa a conexão latente entre todas as coisas do universo."

No final do mesmo livro, escreve a autora:

"O mundo novo é o Antigo - Transformado".

Pierre Weil, em seu livro Nova Linguagem Holística - Um guia alfabético, define a Nova Era: "Movimento holístico de renovação dos valores fundamentais de nossa sociedade, através de uma mudança de paradigma.

Traduz-se por:
- Um aspecto ecológico, o respeito à harmonia da natureza.

- Um retorno à simplicidade da existência.

- Uma seleção criteriosa e consciente dos verdadeiros aspectos positivos do progresso técnico em relação a estes valores holísticos.

- O desenvolvimento interior, através dos diferentes métodos de holopraxia [meditação que leva à iluminação].

- O desenvolvimento de comunidades que apresentem as condições favoráveis a esta evolução e estimulem-na.

- A não violência.

- Uma Economia, Educação e Medicina Holística.

- Uma política holística

Em todos os países do mundo, encontramos pessoas e grupos chamados por Roger Garaudy de ‘Mutantes’, sujeitos a uma mudança profunda e radical de características Holocêntricas [perceber que formam parte do ‘holos’, de uma mesma realidade panteísta]; trata-se de uma metamorfose, de uma revolução silenciosa que se inscreve no cicloevolução-involução do Cosmo, da Humanidade e dos seres humanos."

Esse movimento holístico culminaria com a chamada ‘Era de Aquários’, onde o ser humano perceberia a sua íntima união com o holos (todo), formando uma só realidade, uma só energia. Ou, em outras palavras, o homem perceberia a sua identidade com o ‘pan’, de onde todos vieram e para onde todos vão.

Eis o homem do terceiro milênio, como defendem os adeptos da ‘Nova Era’, um ser evoluído e superior, que percebe a sua natureza divina. A ‘Era de Aquários’ surgiria com o fim da ‘Era de Peixes’, que segundo dizem, simboliza o Cristianismo.

A) Panteísmo, Monismo e Evolucionismo Reencarnacionista

A filosofia básica da Nova Era é o Monismo e o Panteísmo, de origem hinduísta e budista. Segundo essas doutrinas, existe apenas uma realidade, que é a energia cósmica, o resto é o "maya" (ilusão) (Monismo). Toda a diversidade de seres é uma ilusão dos sentidos, que tende a ver diferenças onde só existe igualdade. Tudo é uma manifestação de uma mesma energia cósmica. Energia esta que é divina e espalhada em todas as coisas (Panteísmo).

Escreve Marilyn Ferguson sobre a imanência de Deus:

"Todos os espíritos são um só. Cada um é uma centelha do espírito original, e este espírito é inerente a todos os espíritos. O budismo afirma que todos os seres humanos são Budas, mas nem todos despertam para sua verdadeira natureza. Ioga, literalmente, significa ‘união’. A iluminação plena é um voto para salvar ‘todos os seres sencientes’. (...) Você está ligado a um grande Eu: ‘Tat tvam assi’. ‘Tu és Aquilo’. E como o Eu é inclusivo, você está ligado a todos os outros. (...)

No conto de J. D. Salinger, "Teddy", um jovem espiritualmente precoce recorda a experiência com o Deus imanente vivida ao observar sua irmãzinha tomar leite. ‘...De repente percebi que ela era Deus e o leite era Deus. Isto é, o que ela fazia era despejar Deus dentro de Deus... (...).

Uma vez que se tenha chegado à essência da experiência religiosa, perguntou Meister Eckhart, para que se necessitará da forma? ‘Ninguém pode conhecer Deus antes de conhecer a si mesmo’, disse Eckhart a seus seguidores medievais. ‘Vá às profundezas do espírito, o lugar secreto ... às raízes, às alturas; tudo que Deus pode fazer está ali centrado."

De forma resumida, podemos descrever o evolucionismo da Nova Era da seguinte forma: Do Absoluto (energia primeira que alguns chamam de Deus) emanaria uma faísca (mônada ) que chega na terra primeiro em estado mineral. Essa faísca seria a essência da vida, ou, em outras palavras, a própria vida, é a partícula divina espalhada em todas as coisas. Esta partícula como que ‘vive’ em forma de mineral. Essa essência passa do reino inferior para o superior (aqui eles acabam implicitamente admitindo a hierarquia), do mineral para o vegetal. Após milhares de anos aquela essência primeira se torna um vegetal. Após mais alguns milhares de anos, essa partícula divina entra no reino animal. Dependendo da corrente gnóstica, o gato seria o animal mais evoluído, especialmente o gato preto, último estágio anterior ao homem.

Por fim, essa partícula divina entra no estado humano, em que existem, também dependendo da corrente gnóstica, 108 encarnações, onde o homem deve buscar se auto-conhecer, chegar à iluminação (budismo). Se durante 108 reencarnações esse infeliz não conseguiu se iluminar, ele regride do estado humano para o animal, deste para o vegetal, até chegar, novamente, ao estado mineral. Em chegando ao mineral, começa de novo as encarnações evolutivas da partícula divina até o homem e, assim mais 108 reencarnações na fase humana, isso durante 3.000 vezes, ou, como chamam, 3.000 ciclos. Ou seja, a evolução do estado mineral até o homem e a involução do homem ao mineral, se ele não consegue se iluminar, pode ocorrer até 3.000 vezes.

Quem se iluminou sobe de volta à energia cósmica primeira, ao Absoluto, onde ficará em uma espécie de nirvana eterno, dentro de uma consciência coletiva, sem individualidade, pois percebeu, através da iluminação, que ele faz parte de um todo (holos) energético, sem diferenciações, onde todos são um e um são todos.

Com efeito, assinala Pierre Weil:

"Holos significa a Totalidade do Ser com sua característica holonômica [não haver dualidade entre sujeito e objeto, todos formam uma mesma realidade cósmica] essencial de um Todo aberto que compõe todos os fenômenos que são inseparáveis dele e o são ao mesmo tempo.

Holos é, pois, a característica do Ser de não poder ser de maneira alguma definido em razão de sua Não-Dualidade: Nem Um, nem Dois, nem Vários, sendo Um e Dois e Vários. É uma palavra que se pretende não-dual, contrariamente às características da linguagem. Ou, ainda, o Todo se encontra em todas as partes."

Após a iluminação o homem poderia escolher entre voltar à energia pura, ir para outros planetas ou ficar aqui mesmo, na terra, em forma de ‘Devas’. Devas são guias mestres, pessoas iluminadas que resolvem ficar para iluminar outras.

No livro A Conspiração Aquariana, temos a seguinte narração da evolução espiritual: "O caminho para o conhecimento direto é ilustrado poeticamente em uma série de gravuras da China do século XII, conhecida como as dez gravuras do arrebanhamento do boi. O boi representa a ‘natureza suprema’ [a energia cósmica divina]. De início (Procurando o Boi), a pessoa que procura se põe a buscar alguma coisa de que tem apenas uma vaga idéia. Depois (Encontrando os Rastros), percebe nos traços de sua própria consciência que na realidade existe um boi. Após algum tempo (O Primeiro Vislumbre), passa pela primeira experiência direta e sabe então que o boi é onipresente. A seguir (Agarrando o Boi), entrega-se a práticas espirituais avançadas que a ajudarão a lidar com a força selvagem do boi. Gradualmente (Domando o Boi), chega a um relacionamento mais íntimo, mais sutil, com a natureza suprema. Nessa fase, a pessoa empreendendo a busca desaprende muitas das diferenças úteis em estágios anteriores. "O boi é agora um companheiro livre, não um instrumento para arar o campo do esclarecimento", escreve Lex Hixo, mestre de meditação, em seu sensível comentário sobre os quadros. No estágio da iluminação (Levando o Boi para Casa), o ex-discípulo, agora um sábio, percebe que as disciplinas não eram necessárias - o esclarecimento esteve sempre ao alcance. Em seguida (O Boi Esquecido, Eu Só e O Boi e o Eu Esquecidos), chega ainda mais perto da consciência pura e descobre que não existe um sábio iluminado. Não há esclarecimento. Não há santidade porque tudo é sagrado. O profano é sagrado. Todos são sábios à espera de uma oportunidade. Na penúltima fase (Retorno à Fonte), o sábio em sua busca se amalgama com o reino que gera o mundo dos fenômenos. Surge um cenário de montanha, pinheiros, nuvens e ondas. ‘Este crescimento e declínio da vida não é um fantasma, mas uma manifestação da fonte’, diz a legenda. Mas há um outro estágio além desse idílio. O quadro final (Entrando no Mercado com Mãos Prestimosas) evoca a ação e a compaixão humanas. A pessoa que busca é vista agora como um camponês que vaga de aldeia em aldeia. ‘O portão de sua casa está fechado, e mesmo o mais sábio não poderá encontrá-lo.’ Ele terá penetrado tão profundamente na experiência humana que sua pista não pode ser seguida.

Sabendo agora que todos os sábios são um único, ele não segue grandes mestres. Encontrando a intrínseca natureza de Buda em todos os seres humanos, mesmo estalajadeiros e peixeiros, ele os faz florescer. Essas idéias fazem parte de todas as tradições do conhecimento direto: o vislumbre da verdadeira natureza da realidade, os perigos das experiências iniciais, a necessidade de treinar a atenção, a eventual dissociação do ego ou do eu individual, a iluminação, a descoberta de que a luz esteve sempre presente, a conexão com a fonte que gera o mundo das aparências, a reunião com todas as coisas vivas."

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX(substituir para o primeiro)

B) Auto-Conhecimento e Redenção

A Nova Era afirma que o problema do homem não é o pecado, como diziam a tradição medieval e as religiões transcendentalistas, mas, assim como os Renascentistas, a ignorância. Conhecer-se a si mesmo e desenvolver-se, eis o lema da Nova Era. Através do auto-conhecimento, feito através da meditação, o homem se "auto-salva", não precisa de um salvador. Cada um tem a chama divina dentro de si (como aliás diziam os estóicos), deve perceber essa divindade, descobrir-se, iluminar-se. Seu erro (pecado) refletirá não em um inferno, mas numa encarnação menos evoluída ou mais sofrida (Lei do Carma), onde aqui se faz, aqui se paga. O auto-conhecimento leva o homem à iluminação, percebendo a divindade imanente que existe dentro dele. Não é no exterior que se encontra a verdade, mas no interior de cada homem, ali reside a partícula divina, o microcosmo que é, ao mesmo tempo é parte e é todo. Segundo a gnose, a parte e o todo formam a mesma realidade, são ambas divinas e, por divinas, iguais.

C) Dualismo

Do dualismo platônico, em que existem dois mundos, um mundo das idéias e outro da matéria, onde o mundo espiritual, das idéias, é o bem e o mundo da matéria é o mal, a filosofia da Nova Era vai além, pois afirma que a matéria é uma ilusão. Assinala Pierre Weil: "A dualidade é o produto de uma separação artificialmente criada...". Todos devem pensar holisticamente, não há diferenciação, tudo forma uma só realidade (holos). Ainda segundo Pierre Weil, no seu Dicionário Holístico, encontramos a seguinte definição de Deus: "Uma projeção antropormófica [uma maneira ilusória de ver a Deus como se este fosse um espelho do homem, tendo a sua forma e características] popular e primitiva deformou seu sentido, dando ao Ser uma forma e características que constituem uma limitação; isto criou uma dualidade que discrimina e separa o Ser do ‘ser humano’. Na visão holística do mundo, esta separação é essencialmente ilusória...".

D) Meditação

Para chegar ao ‘nirvana’ ou à iluminação, o caminho mais usado é o da "Meditação Transcendental ", criada pelo guru Maharishi Mahesh Yogi. Segundo seus propulsores, essa técnica serve para levar o ser humano a parar de pensar da forma costumeira e, ainda que lentamente, começar a experimentar a realidade de uma outra forma. O guru Maharishi Mahesh Yogi já esteve no Brasil algumas vezes e disse que o problema do Brasil é um desequilíbrio das energias cósmicas. Se 1% dos brasileiros adotassem a ‘meditação transcendental’, os outros 99% seriam afetados, juntamente com a própria natureza (também parte da energia cósmica). Ou seja, a seca do Nordeste desapareceria porque é fruto de um desequilíbrio da energia. Esse desequilíbrio seria solucionado através da meditação.

De acordo com seus propagandistas, a ‘meditação transcendental’ seria uma ciência com mais de cinco milhões de adeptos em todo o mundo, inclusive contanto com universidades. Um exemplo é a Universidade Holística de Brasília, Fundação Cidade da Paz, cujo Reitor, Pierre Weil, é um dos expoentes do movimento ‘Holístico’. A prática dessa meditação, feita de forma individual e guiada por um guru destinado a cada interessado, chegaria a alterar as leis naturais, como é o caso da levitação, e melhoraria em tudo a vida de cada um dos praticantes. Aquele que desejar fazer a ‘meditação’, deve cumprir algumas normas e rituais. Primeiramente ornar, com alguns adereços, o altar que foi preparado para a ‘meditação transcendental’. Ao lado do altar consta a foto do guru mestre de Maharishi Maheshi Yogi. Durante a ‘meditação’, o guru que a dirige começa a recitar versos em uma língua que não se entende (onde ele dedica a sua vida a um dos milhões de deuses hindus), ao mesmo tempo em que sopra, em seu ouvido, o ‘mantra’ (conjunto de sons repetitivos, que objetivam fazer com que o ‘paciente’ vibre no mesmo ritmo das vibrações universais da energia cósmica). Cada pessoa tem um som específico, escolhido pelo guru em função das particularidades individuais. Não se pode falar esse som para ninguém, sob pena de que ele perca a magia. Como um remédio homeopático, esse ‘mantra’ deve ser recitado 20 (vinte) minutos durante a manhã e 20 (vinte) minutos durante a noite, mas sem pronunciá-los, apenas pensando neles. Deve-se parar de raciocinar, apenas concentre-se no som e deixe-se vibrar com ele, colocando sua mente no ‘ponto morto’. Com o passar do tempo, esse praticante da meditação transcendental chegará à ‘iluminação’. A sensação seria como que a de uma droga, em que cada um se sinta dentro de uma energia única, igual ao cachorro ou à pedra.

Segundo Pierre Weil, em seu livro A Revolução Silenciosa, o que se busca, através da meditação, "é um estado alterado de consciência, uma nova maneira de perceber a realidade." Ou então: A meditação "Poderia ser definida como sendo um retorno a si. É o ser que realiza que é e nunca deixou de ser o Ser. Consiste em sentar-se e não fazer nada. Não fazer nada significa, neste caso, não fazer nada para chegar a alguma coisa, sabendo que este alguma coisa sempre esteve aí e que não há lugar algum a alcançar. (...) Se a onda parasse de procurar o mar, terminaria sendo o que sempre foi: o mar. Igualmente, se o ser humano se sentasse e parasse de procurar qualquer coisa, acabaria sendo o que sempre foi: o Ser. (...) Aquilo que se chama meditação é um conjunto de condições imaginadas pelos grandes sábios da humanidade, para facilitar a realização ou a iluminação".

E) Cristais, Pirâmides e Canalização da Energia Cósmica

Não é pensando que se ilumina, é mediante a meditação por dentro de si, mediante a canalização da energia por dentro do próprio corpo. Para esse fim nos levariam o tarô, os búzios, quiromancia, astrologia, numerologia, cristais, medicina alternativa, acupuntura, homeopatia, etc. Tudo é usado para dar uma nova "visão" ao ser humano, uma nova maneira de experimentar a realidade. Os cristais são muito usados, pois seriam uma maneira de canalizar as energias e as vibrações cósmicas. Serviriam para curar doenças, atrair prosperidade, levar à um grau de ‘consciência superior’, etc. Por exemplo, o templo da LBV em Brasília, que é uma construção piramidal, possui um cristal no seu centro geométrico (que serviria para atrair bons ‘fluídos’ para aqueles que recebessem a sua influência).

As pirâmides, preceitua a norma, devem ter um dos lados voltados para o Norte/Sul, para produzirem melhores efeitos. O ser humano, por sua vez, teria sete ‘Chakras’, centros de energia, mais ou menos como diz o Espiritismo. As doenças seriam apenas manifestações de um desequilíbrio energético no homem, de energias estagnadas. Para liberar as energias, seria necessário ‘rodar’ esses chakras. Tudo deve estar em equilíbrio (Taoísmo). O médico, passando a mão sobre o paciente, 15 cm. afastado do contato, sentindo calor ou frio, descobre onde está o desequilíbrio, onde está a energia estagnada. O médico terapeuta, por ter a energia cósmica equilibrada, impõe, durante algum tempo, as mãos sobre esses lugares desequilibrados e transmite a energia equilibrada ao paciente.

Segundo Pierre Weil: "O corpo e o espírito formam um conjunto com o meio e a doença é vista como resultado de uma falta de harmonia entre estes três fatores. A dor é um sinal de alarme desta falta de harmonia e o sofrimento provém da ignorância da inexistência de um eu separado de um mundo dito exterior, ou de um ser do Ser. [O médico] ... considera o doente como agente capaz de restabelecer seu próprio equilíbrio."

Capítulo 2

Network - A Rede de Transformação

Podemos caracterizar o Movimento Nova Era (MNE), como uma grande mobilização de pequenos grupos, dispersos em diversos locais, mas unidos no mesmo pensamento e objetivo, que forma uma enorme rede de ação. O MNE abrange centenas de entidades, instituições e grupos, sem que todos necessitem estar em contato ou mesmo se conhecerem. Essa mega-rede é descrita por Merilyn Ferguson: "Enquanto a maioria de nossas instituições vem falhando, surge uma versão contemporânea da velha relação tribal ou familiar; a REDE, um instrumento para o próximo passo na evolução humana. (...) Este modelo sistemático de organização social presta-se a uma melhor adaptação biológica, é mais eficiente e mais ‘consciente’ do que as estruturas hierárquicas da civilização moderna. A Rede é moldável, flexível. Para todos os eleitos, cada membro é o centro da rede. As redes são cooperativas, não competitivas. São como as raízes da grama: autogeradoras, auto-organizadoras, por vezes até autodestruidoras. Representam um processo, uma jornada, não uma estrutura organizada. (...) As redes são a estratégia através da qual pequenos grupos podem transformar uma sociedade inteira. Gandhi se valeu de coalizões para levar a Índia à independência. Denominava ‘agrupamento de unidades’ a essas coalizões, e as considerava essenciais ao êxito. (...) O poder está mudando de mãos, passando de hierarquias agonizantes para redes cheias de vida. (...) Luther Gerlach e Virginia Hine, antropólogos que vêm estudando as redes de protesto social desde os anos 60, batizaram as redes contemporâneas de SPINs (Redes Integradas Policêntricas Segmentadas; em inglês: ‘Segmented Polycentric Integrated Network’). Uma SPIN tira sua energia de coalizões, de combinações e recombinações de talentos, instrumentos, estratégias, números, contatos. É o agrupamento de unidade de Gandhi. (...) Cada segmento de uma SPIN é auto-suficiente. Não se pode destruir a rede pela destruição de um dos líderes ou de algum órgão vital. O centro - o coração - da rede se encontra em todos os lugares. A Conspiração Aquariana é, na verdade, uma SPIN de SPIN, uma rede de muitas redes, destinadas à transformação social. ... Seu centro está em toda a parte. A Conspiração não pode ser detida, porque é uma manifestação da mudança nas pessoas." Não existe uma sede mundial para o movimento, como é a cidade de Roma para os católicos. Entretanto, Brasília tem sido considerada como a capital do 3º milênio, da Era de Aquários (que se iniciaria na nova era). O jornalista Dioclécio Luz, em seu livro Roteiro Mágico de Brasília, escreve sobre a enormidade de movimentos gnósticos existentes nesta cidade; todos, ainda que divergindo em questões acidentais, convergem para a mesma cosmo-visão. Podemos citar, por exemplo: "Renascer, Grande Fraternidade Universal, Augusta Grande Fraternidade Universal, Nova Acrópole, Universidade Holística, Sociedade Internacional de Meditação, Centro de Estudos de Antropologia Gnóstica, Eubiose, Sociedade Teosófica, A Grande Pirâmide do Lago, Rosa Cruz Aúrea, Perfeita Liberdade, Cidade da Paz, Movimento para Consciência de Krishna, Cadeia Mental Universal, Ordem dos 49, Clube Naturalista de Preservação da Vida, Himalaya Consultoria Vivencial, Abrasca (Associação Brasileira de Comunidades Alternativas), Centro de Pesquisas de Discos Voadores, Amorc, Fraternidade da Cruz e do Lótus, etc, etc, etc. Esse MNE tem muitas ramificações. Uns se interessam pela saúde, outros pela ecologia, outros pela educação, todavia, todos estão unidos na filosofia panteísta da criação.

Autor: Frederico Viotti (Parte IV de sua tese)
FONTE: Internet