sábado, 21 de novembro de 2009

O Milênio do Espírito

                          
                 Neste início de século e de milênio é necessário que os mais diversos agentes sociais (família, igreja, comunidade, escola, partidos e agremiações) se conscientizem de que é preciso e urgente repensarmos os caminhos de uma civilização mal sucedida e desditosa. Necessária uma reavaliação dos valores de nossa época, um julgamento individual e coletivo dos caminhos que desejamos trilhar, enfim, um redimensionamento racional dos nossos costumes e práticas (da “nossa morada”). Os desanimados dirão: “Mas de que vale o pensar de uma minoria? Que força isso pode Ter?’. E então será o caso de pedir-lhes que revejam coisas espetaculares da história, como o advento da ciência experimental (século XVI) e as grandes guerras do nosso século, fazendo-se a simples pergunta: idéias de minorias têm ou não força? É o pouquinho de fermento que leveda o alqueire, não o contrario. Isso, porém, não impede que desejemos um numero cada vez maior de setores sociais conscientes das reais necessidades do nosso mundo.
               Diderot dizia que todo século tem um sentimento dominante e que, no seu tempo (século XVIII), dominava o sentimento de liberdade. Nós podemos dizer que o sentimento dominante deste nosso fim de século é o de “insignificância”. Que perdemos contra as arbitrariedades políticas e econômicas. Que perdemos contra uma mídia corrompida e corrupta?              Milênio do espírito. Trazida de volta do desterro, a ética ( e só ela) pode dar condições de reordenação material e econômica, de reorganização das relações interpessoais, de proteção da dignidade do viver. Afinal, a política e a cidadania derivam da ética, como discussão racional da “morada humana”.
             André disse certa vez que, em sua opinião, o terceiro milênio seria o milênio do espírito. Não podemos imaginar que uma inteligência e uma sensibilidade como as de Malraux estivessem a dizer-nos que o milênio vindouro seria de fantasmas e fumacinhas imponderáveis. Milênio do espírito deve ser aquele que se volta para a dignidade do viver em plenitude, para o mais profundo respeito com esse espetacular experimento cósmico que é a vida. E – isto penso eu – estarão prontos para redimensionar os valores vitais os que, com uma antiga e esquecida humildade, queiram redimensioná-los perante o Absoluto.

(Autor desconheço)