sexta-feira, 1 de julho de 2016

Do Aroma Poético...

Somente com as palavras escrevinhadas, em certos momentos, sinto-me na presença da multidão... Elas apresentam-me ao desconhecido e levam-me ao mais profundo do ser... também sinto a realização com a intimidade delas... Por vezes, procuro uma linguagem prazerosa – que possa movimentar-se em direção à oralidade nunca mencionada...

Com efeito, cabe a mim a faculdade de desejar um encontro para estabelecer o conjunto de imagens que satisfaçam ao meu prazer de jogar com o verbo em ação... Quanto mais me aproximo de uma objetividade, tanto mais a imaginação interfere à sensibilidade; em outros termos: sempre estarei pressupondo o ciclo natural da criação para seguir sentindo... Com a autodeterminação da finalidade subjetiva, o poder da autonomia redireciona-me a outras realidades, também imaginárias...

Ouço o silêncio daqueles que se dispersaram ao longo do caminho; da amálgama desconhecida dos imprudentes, restam-nos os odores e dissabores dos desencontros daqueles que celebram o ódio... Atenuar tal sentimento é o que nos motiva a saborear o desconhecido prazer do aroma poético... Descompromissada com a objetividade do real, navegarei ao encontro dos discursos recheados de boas intenções estilísticas, na tênue proporção que celebra o figurativo sabor da intimidade semântica...

Por fim: espero-te na sutileza dos sujeitos que negam o determinismo mecanizado das hierarquias desumanas... Amar e amar, donde sempre haverá o verbo amar: eis a consciência estética do viver; nessa dimensão é constituído o sentido real para além da emoção... Pois bem, sempre adiante retomarei a velha nova ideia pela qual, na medida do compreensível, situa-se no interior do coração de quem sente...

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Foto: Arison Jardim