Deuses secretos
passeiam no território dos homens.
Tramam e destramam nossa realidade.
Os deuses ostensivos, nossos protetores,
tudo ignoram.
Nesse momento
um deus perverso e anônimo
fustiga-me.
Rolo no ladrilho, contorso-me,
sem gritar.
Não tenho a quem dirigir
palavras de ira ofendida.
Sei que é um deus inominado,
sei que passará,
e vou respirar aliviado.
(Carlos Drummond Andrade)