quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Intérprete Incansável...


...“O perfil do bom historiador não pode se parecer nem com o carvalho nem com o cedro, por mais majestosos que sejam, e sim com um pássaro migratório, igualmente à vontade no ártico e no trópico – e que sobrevoa ao menos a metade do mundo.” Ao escrever isso em 2002, Eric J. Hobsbawm talvez estivesse descrevendo a própria trajetória, que se encerrou na manhã de ontem, em Londres, onde o historiador morreu aos 95 anos, vítima de uma pneumonia.

Nos anos da Segunda Guerra Mundial integrou a divisão do Exército britânico que cavava trincheiras, atuando ainda como tradutor no setor de inteligência militar. Quando concluiu seus estudos, pagou o aluguel escrevendo uma coluna semanal sobre jazz no New Statesman – com o pseudônimo de Francis Newton (textos depois reunidos no livro História Social do Jazz). Em 1962, em sua segunda visita a Cuba, serviu até de tradutor para Che Guevara.

“Não se podia ensinar nada a ele, seria impossível. Eric já sabia de tudo.” Assim resumiu Christopher Morris, orientador de estudos em Cambridge, quando indagado a respeito do jovem Hobsbawm: daí começou a carreira ininterrupta de um historiador instintivamente poliglota e cosmopolita em todas as suas referências e um dos raros representantes de uma geração que teve o privilégio de ser, ao mesmo tempo, testemunha e intérprete dos últimos 90 anos da história mundial"...