quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Inundação...

Enquanto a chuva inunda o quintal das recordações, os olhos vão revelando a linguagem de todas as dores, o corpo tenta esconder as cicatrizes das múltiplas torturas; terce-se assim os dias sem fim... Insistentemente, volto a relembrar: os excessos emitem o mais ardente grito, eis uma forma bem segura de proteção... 

Com efeito, o livre espírito sai ao encontro de ascensão, e, no voo da alma, reescreve-se o idioma da liberdade... Assim, sob o escombro da melancólica memória, reencontro a velocidade dos dias cinzas... 

Permaneço, por entre os vagões do trem das horas, encostando a fadigante cabeça no confortável pensamento do amanhã... Novamente, a insustentabilidade do estado de vigília pode ser a doce fuga que ameniza essa agonia: somente a delicadeza do sono acalma a passagem das longas estações sem calor... 
*.*.*.*