quinta-feira, 17 de abril de 2014

Nossas Democráticas Diferenças...

As “Diferenças Abertas” 
da atual democracia
são como veias entrelaçadas
no mundo planetário 
onde o sangue já foi jorrado 
para adubar a luxuria do Rei 
no planeta jaz de ouro 
que outrora brilhou 
com a dor na indiferença do Irmão... 

O que nos resta, então?,
na Translação da Terra,
senão Brilhar com
a luz do Sol
no amigo de coração
sem paixão da homogeneização
sem cor, sem dor
sem comunicação!...
Semana Santa, tempo de redenção... Cá estou com a consciência densa de tanta culpa, mas como tudo tem um motivo para acontecer, aproveito o ensejo dessa leitura, a exemplificar,  para amenizar minha ignorância perante aqueles que me perguntaram sobre o escritor uruguaio Eduardo Galeano, quando ele diz: “que a realidade mudou e que não releria As Veias Abertas da América Latina  ", sinto-me aliviada por nunca ter lido esse livro também... como eu ia dizer: com essa declaração de Eduardo Galeano, senti-me encorajada para dizer o porquê da culpa para com a falta de conhecimento sobre ele e seus livros... E para quem gosta de saber sobre a percepção adequada dos bons escritores, vale a pena ler o texto da recente conversa do escritor uruguaio, EG... 

O livro As Veias Abertas da América Latina , na faculdade, era uma espécie de cartilha sobre as ideias revolucionárias de esquerda, foi aí que tive meu primeiro contato com esse livro, através duma apostilha (não recordo, neste momento, qual parte do livro seria) cedida por uma professora de sociologia, porém não consegui fazer a leitura da tal apostilha, pois brotou em mim um sentimento de indignação (aliás não sou nenhuma leitora compulsiva, apenas gosto de espreitar bons livros)... 

No entanto, como requisito de comprovação da supradita leitura, escrevinhei uns versos sobre “Nossas Democráticas Diferenças”, sob a inspiração da mínima compreensão que tive naquele instante de estudo acadêmico, para obter a avaliação, na disciplina, da unilateral professora... Felizmente, ela gostou, e eu guardei uma imagem errônea do escritor (mesmo apaixonada pelo estilo dele e por ele também, claro!), achei que para sempre, num prisma político, ele seria por demais contundente na sua estética... Já que meu sangue latino é por excelência indignado, eu não sairia indiferente às críticas da colonização... 

Para finalizar: há 4 anos um nobre amigo perguntou-me se eu havia lido As Veias Abertas da América Latina, preferi dizer que desconhecia totalmente a existência daquele autor; decidi amenizar a culpa comprando um livro do referido; na Livraria PAIM (em Rio Branco), não encontrei o livro que queria... Recentemente fiz uma viagem com uma conexão muito demorada, logrei desse bom tempo dentro duma livraria ainda em busca da aludida leitura; sem êxito: comprei outro bom livro Nobel da Literatura... Aparentemente insolúvel, pensei, provisoriamente, ter resolvido meu problema, ainda no Aeroporto de Belém, fixei meu olhar no “Sonho do Celta”, daí, logo em seguida, fui interceptada por um passageiro ao lado, ele pergunta: 

- O que está achando do Vargas Llosa?... 

Respondo: 

- Ainda não dá para saber!... 

Ele insiste na conversa:

- E Eduardo Galeano?... Qual livro você já leu?... 

Eu, mais uma vez, passo por sérios constrangimentos e falo sem a menor noção:

- Nunca li nada escrito por ele, portanto nada posso afirmar sobre, mas o acho um escritor muito revoltado, por isso penso que jamais conseguiria compreender seus livros, até acredito que ele será o único escritor que ficará um velhinho indignado... 

Bem, agora com o passar das horas, vejo que, inconscientemente, tive meus motivos para evitar a leitura da Cartilha Revolucionária Latina, mas já tenho encomendado O Livro dos Abraços  desse excêntrico e instigante escritor, Eduardo Galeano , bem como esta declaração dele faz-me repensar sobre minha própria condição de eterna aprendiz... 

... "Aproveito e emendo: mas o que você achou de Chávez dar o livro para o Obama? Obama entenderia As Veias Abertas…? “Nem Obama nem Chávez”, responde Galeano para gargalhada geral. “Claro, porque ele entregou a Obama com a melhor intenção do mundo – Chávez era um santo, cara mais bondoso que esse eu não conheci –, mas deu de presente a Obama um livro em uma língua que ele não conhece. Então, foi um gesto generoso, mas um pouco cruel”... Aqui...