segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sessão de Cinema: Desejo e Reparação...

Tenho reservado os meus momentos livres para assistir a todos os gêneros cinematográficos; dentre dramas e melodramas, fiquei deveras impactada com dois gêneros totalmente opostos: o primeiro, uma comédia/romance: Antes Só do que Mal Casado, foi muito relaxante, diverti-me muito com os conflitos existenciais do personagem solteirão Eddie ((Ben Stiller) que totalmente influenciado por seu pai Doc (Jerry Stiller) decide casar com Lila (Malin Akerman), a partir daí é só riso... 

Enquanto perspectiva terapêutica, a arte cinematográfica é tão eficaz quanto a arte musical, foi com uma sensação de catarse, ao sabor do drama/romance e guerra do filme: Desejo e Reparação, que me libertei do desconfortável sentimento de traição social ou familiar (como queiram); pois, foi quando também - no último ato da cruel bondade da personagem Briony Tallis (Saoise Ronan) prestado no reparo de sua traição ao Amor das personagens Robbie Turner (James McAvov) e Cecília Tallis (Keira Knightlev) - percebi o quanto certos filmes retratam realisticamente nossas vidas, e sem floreios ou rodeios eu não saberia organizar as palavras de forma a expressar o efeito impactante do filme... como também não arrisco fazer qualquer fugaz comentário ou crítica... valerá sempre a pena refletir a vida a partir da ficção... Ou transformar a vida numa ficção?...

Deixo-vos esse trecho da crítica feita por Fábio Andrade sobre esse filme:

(...) “a busca por imagens em perfeita idealização reforça a ficção dentro da ficção que move o filme... No fundo, Desejo e Reparação é, como sua última parte faz questão de frisar, um exercício de wishful thinking de alguém que aprendeu que o mundo não é um só, de que tudo que ela enxerga é reflexo de si mesma. É a idéia de que a ficção – e a memória não deixa de ser um grande exercício ficcional – é o espaço onde a vida que gostaríamos de ter tido pode, de fato, se realizar. Mesmo que o curso da vida real venha se materializar na enxurrada que inunda as tubulações subterrâneas onde Cecilia se escondia, tirando sua vida. A enxurrada que faz as lâmpadas explodirem, devolvendo o corredor à escuridão, como a concretude da vida destrói a memória, a ficção. É a morte como esquecimento.

Não deixa de ser decepcionante, portanto, que Desejo e Reparação perca momentos de força em uma mínima falta de confiança, que no plano final toma uma proporção bastante incômoda. Que a sutileza do domínio de linguagem de Wright por vezes se mostre abalada pela aparente necessidade de redundância que ajuda os espectadores menos atentos. São vacilos que ferem Desejo e Reparação como os grandes filmes não costumam permitir. Por outro lado, os acertos são tantos e tão preciosos que torna difícil situar Desejo e Reparação como um filme abaixo dos grandes. No fim das contas, esse estranho limbo em que ele se inscreve não é um lugar mau para se estar”...