segunda-feira, 13 de maio de 2013

Navegando com Liberdade em Busca do Destino...

Para tanto, desejo nesse momento expressar minha gratidão a Deus: Este com quem passo todos as horas do dia, e , em algumas noites de insônia, sempre ficou ao meu lado orientando-me nas estradas de todas as possibilidades direcionadas à alegria do bom viver.... 

Naquela manhã nublada, o cinza emanava uma pergunta: o que representa a Liberdade na consciência daqueles que esperam o Destino sugerir a direção do devir?... A pergunta deve ficar sem resposta por algum tempo..., começa a cair um delicado sereno... tornando o dia mais suave à respiração ofegante da ansiedade... Essa angustia da incerteza é dilacerante... Durante esses dias cheios de mistérios, toda a gente na aldeia fica reflexiva; apenas os olhares emitem uma comunicação... Foi quando percebi a sugestão duma mirada para levar minha bagagem à canoa... Ela não tem cobertura, seria necessário providenciar uma proteção que evitasse encharcar os objetos, caso chovesse... tudo pronto para descer as correntes serenas do rio da minha Aldeia... O único movimento da água foi o efeito do balanço da canoa; a tranquilidade desse dia refletia na paz transmitida pelo clima úmido da vegetação... 

Indiferente ao barulho do motor, e ao movimento da canoa, meus pensamentos alçavam um voo silencioso para algum lugar secreto do fundo do rio... As tribos do Território da Natureza, sob o meu olhar, eram o meu único refúgio diante da Ditadura Cultural... Frente a imensidão verde da floresta, o infinito azul do céu delimitava a ideia que eu fazia sobre o sentido de expansão espiritual... Sim, a paisagem, que, gradativamente, ia se modificando, conforme a direção que íamos seguindo, era o mais explícito cenário de liberdade; era essa a noção que os grupos de pássaros, ora papagaios, periquitos, araras, outros minúsculos desconhecidos, ou mesmo os bandos de macaco, jacaré, tracajá e outros animais transmitiam sobre o ser livre... Em meio aquela serenidade que parecia envolver o rio e a floresta e toda a Natureza envolta, senti uma sensação de harmonia vinda duma paz sobrenatural: a liberdade interior... Qualquer barulho que por ali houvesse parecia estar muito longe daquele mundo de tranquilidade, intensificando minha profunda introspecção... 

Finalmente pisei na realidade: consegui superar a noção primária (e pueril) sobre o ser livre, e cheguei a certeza de que liberdade é a plena consciência de sabermos lidar com o destino: é aquela ausência de angustia na nossa relação com a realidade a qual construímos... Mas qual a ideia de destino tal liberdade nos remete?... Consegui pescar esta definição obscura e pouco precisa na Revista Super Interessante: “A passagem do tempo é uma ilusão. O futuro existe agora mesmo... E é tão imutável quanto o passado... É o que mostra a Teoria da Relatividade... Isso significa que o destino pode existir?... Significa!... A ideia de um futuro predeterminado move filosofias e religiões... E serve de combustível para um dos conceitos mais antigos da humanidade: o de que os astros regem nossa vida”... 

Perante essa concepção, o destino não é exatamente um futuro predeterminado, mas sim o resultado de nossas ações ou atitudes, assim como também todas as nossas heranças genéticas ou as consequências que herdamos das ações de nossos ancestrais, por isso o destino pode ser alterado, nem tudo é imutável... Todavia jamais haverá liberdade de agir se não houver uma liberdade interior: o conformismo não representa nenhuma forma de ser livre, muito menos estar indissoluvelmente ligado ao destino... 

Não há liberdade onde as pessoas agem, automaticamente, de acordo com os ditames da sociedade... É necessário termos a plena certeza de nossa liberdade pessoal de sentir, de pensar, de escrever, de falar ou de agir com autenticidade e propriedade naquilo que nos faz ter consciência de quem somos... E sentir a plena satisfação da nossa condição humana, que constrói ou impulsiona sensíveis valores, como: responsabilidade, discernimento das possibilidades, a noção de amor, perseverança, honestidade, integridade, coragem etc.: para as teorias, a civilização (organização do processo cultural) surgiu a partir da luta contra o destino (ambiente hostil), da mesma forma que nossa criatividade representa a superação sobre um destino predeterminado... Enfim, o fundamental mesmo é termos a clareza que jamais a liberdade representará o pleno livre arbítrio de quem vive e depende das ordens duma sociedade: a liberdade de ir e vim sem burocracia só pertence aos animais... Não é livre quem dá a vida para conquistar a liberdade, como jamais haverá liberdade em quem se prende a ideologias: aí é ser escravo dum pensamento sobre esse conceito... Ser livre também é ser autêntico: é ser eu mesma... 

Devo continuar esclarecendo sobre o processo de liberdade e destino, em outra ocasião mais oportuna, diante das consequências da hipermodernidade, onde as pessoas estão predeterminadas às influências dos excessos desordenados do desenvolvimento civilizatório...