segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

No Ritmo há uma Explicação...


Depois de várias vãs tentativas em fazer uma ligação telefônica, desisto... decepcionada comigo mesma vou à janela apoio a cabeça com uma das mãos para contemplar a forte chuva que respiga o meu rosto com a suavidade dos deuses (às vezes sinto a sensação de que a chuva é o choro de Deus)... Enquanto aspiro a chuva as lembranças do tempo de cárcere familiar renasciam, aprisionando-me ainda mais e expulsando as experiências duma realidade recente... afasto-me cada vez mais do presente... Ligo o computador, e, novamente, volto a ouvir aquela música (que insiste em transmitir sua ritmada melodia) mais uma vez... Uma das razões que me fazem ser obcecada por música é que algumas expressam, nitidamente, tudo que estou sentido, num dado momento, porém não encontro palavras para revelar tantos complexos sentimentos...

Paira qualquer coisa indecifrável na luz de cada manhã: um enigma confunde meus pensamentos... Foi há 2 anos, numa manhã de Fevereiro que ouvi aquela significativa música internacional pela primeira vez, ela insistia em transmitir meus sentimentos, no entanto eu não a compreendia... Pois bem: nesse dia o céu sobre a cidade mostrava-se límpido num azul quase transparente, tamanha era a sensação de que ele se proximava de mim... Apesar do sol torrencial, o vento era gélido e refrigerava minha alma... Por um lado, fiquei muito gratificada com minha nova descoberta musicai desse dia, contudo,  a  angústia  para  descobrir  a  letra e   a   tradução  da expressiva canção, era dilacerante... Incompreensivelmente, por outro, fiquei entristecida em consequência das minhas desinformações...

Inexplicavelmente, aquela sonoridade, num ritmo que me fazia sonhar, trazia-me à lembrança, ao mesmo tempo a esperança, um passado, drasticamente, triste... Talvez, sob esses aspectos, é que a música é comparada com a linguagem espiritual, assim foram introduzidas na humanidade, também representando conceitos politicos por meio do qual a ideologia e a fé sejam conviventes na motivação dos sentimentos... 

Na estrutura psíquica do ser humano, seus temores e conflitos, igualmente, seus esforços de afirmação, com suas contradições ocultas, perante o egoísmo e o individualismo egocêntrico, reside o fato de que mesmo os mais nobres pensamentos inspirativos possam ser mal interpretados e empregados contra supostos inimigos, pois assim esse mesmo efeito fecundam algumas análises musicais... Perante estas contradições do ser humano, lembrei-me do pensamento do escritor francês  Marcel Proust, quando ele ele afirma que "A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido - se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias - a comunicação das almas"...

No entanto, foram diante desses conflitos do interior que me deparei por vários meses, numa, constante e angustiante, busca de explicação para o efeito daquela canção impulsionando meus sentimentos... Mas em uma época na qual, em detrimento da evolução tecnológica e social, a razão persiste em ser a mola propulsora para os sentimentos, a melhor saída e – diante do nosso senso de responsabilidade que é, forçadamente, conduzido por tal sentimento racional (reduzindo e inibindo todas as nossas disposições de paixão a um ínfimo emocional) melhor ainda, a um controle que se dispõe a ofuscar o suficiente toda uma situação de amor incondicional – a única alternativa seria esperar o destino trazer as explicações no seu devir... 

Quase dois anos depois, daquela instigaste descoberta, num belo instante do mês de Maio, o dia era radiante de alegria... fiquei parada imóvel... surpreendentemente, muito emocionada, quando encontrei todas as informações necessárias sobre aquela, então, intrigante canção favorita: a tradução foi uma profunda revelação... 

Nesse dia, os raios brilhantes do sol de final de inverno reluziam em todos os ambientes de minha casa, passei as ultimas horas do dia a refletir... O Sol baixara e uma agradável sombra pairava sobre as árvores do quintal, veio aquela ventilada tarde escurecendo e, repentinamente, os últimos raios reluziram ofuscando magicamente a sala de casa, sob o efeito da relumbrante luz do pôr-do-sol... 

Enfim; o escuro da noite intensifica minha nostálgica introspecção, e diante desse confortável clima, no clarão da noite de luar no Céu estrelado, eu ia à janela, ansiosamente, e voltava ao computador... Inclinei à cabeça em direção ao ecrã, fitei fixamente meu olhar naquele site pouco movimentado, que ofuscava meus olhos, e comecei a lacrimejar... perante tantas revelações num imaginário, indecifravelmente, cinza...

Finalmente, são memórias tão reais, de uma verdade que nunca aconteceu, em desenhos de uma vida pintada às margens do palco do Mundo... Imbuída duma profunda curiosidade, em saber mais detalhes sobre o compositor, escrevi algumas frases e... Pretendo contar o que falta DEPOIS...